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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Os rumores de que a Porto Seguro estaria negociando com o Bradesco uma associação estão fazendo as ações da seguradora subirem na Bovespa nesta terça-feira. Às 13 horas, os papéis (PSSA3) eram negociados a 15,40 reais, em alta de 4,05%, enquanto os do Bradesco (BBDC4) recuavam 0,51%, para 29,05 reais.
O que está em discussão, de acordo com o jornal Valor Econômico, não é compra da Porto Seguro pelo Bradesco, mas uma parceria entre as empresas que garantiria ao banco uma participação minoritária na seguradora. Bradesco e Porto Seguro, segundo o analista da corretora Fator, Iago Whately, afirmam que desconhecem o assunto. Mas, para os especialistas, a associação faz sentido.
"O acordo seria uma forma do Bradesco se reposicionar no mercado, após a perda da liderança para o Itaú Unibanco", avalia Ricardo Tadeu Martins, gerente de Pesquisa da corretora Planner. Dinheiro para o negócio não faltaria. A Link Investimentos ressalta que o Bradesco recebeu cerca de 2 bilhões de reais com a venda de ações da Visanet - o que representa cerca de 58% do valor de mercado da Porto Seguro, avaliada em 3,4 bilhões de reais.
O Bradesco é hoje o maior banco do setor privado em número de correntistas, e uma parceria com a Porto Seguro, diz Martins, ajudaria a instituição a agregar valor a sua operação. O atendimento aos clientes da Porto Seguro em suas agências possibilitaria a oferta de produtos também para quem não é cliente Bradesco.
Esse modelo, entretanto, poderia ser perigoso para a Porto Seguro. A empresa desenhou seu plano de negócios focando na atuação de corretores. Expandir o atendimento para as agências poderia gerar conflitos. "Todos os esforços da Porto Seguro hoje são voltados para o corretor, o que faz com que ela seja a primeira seguradora na boca dos corretores. Isso tem um valor, que poderá ser colocado em risco se amanhã a Porto Seguro decidir vender também em agências bancárias", diz Whately.
Outra possibilidade seria a criação de uma nova empresa, permitindo unir e redesenhar os produtos de ambas as companhias sob uma nova marca, para atendimento de um público específico. "Isso evitaria uma concorrência direta entre os produtos", explica Martins.
Mas também não é descartada a alternativa de tudo permanecer como está. O Bradesco tomaria uma fatia minoritária da Porto Seguro e contribuiria apenas com uma troca de expertise, ajudando a melhorar a eficiência da seguradora. Essa participação, porém, seria suficiente para evitar que a companhia se una a outra, nacional ou estrangeira.
"Como o Trabuco desenvolveu bem a seguradora, é natural que ele a utilize para promover o crescimento do Grupo", pondera Martins. Luiz Carlos Trabuco foi presidente da Bradesco Seguros por seis anos. Deixou o cargo para assumir a presidência do Bradesco, com a saída de Márcio Cypriano.
Uma parceria com a Porto Seguro poderia promover um salto do Bradesco no segmento de seguros para automóveis. Atualmente, a instituição ocupa o terceiro lugar no ranking, atrás da líder Porto Seguro e da SulAmérica. Juntos, Bradesco e Porto Seguro ficariam com 35% do mercado, enquanto a SulAmérica, aliada à Brasil Veículos (sua parceria com o Banco do Brasil) deteria 15%.