Visão aérea da plataforma P-52 da Petrobras na Bacia de Campos: ações vêm subindo com queda da popularidade de Dilma (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 12h38.
São Paulo – Em outros tempos, investir na Petrobras já foi sinônimo de negócio sólido; mas mais recentemente, o papel da estatal viu fortes tombos, e agora a companhia se vê envolta em uma série de escândalos – porém com suas ações em alta.
Desde que começaram a sair as primeiras pesquisas eleitorais, na terceira semana de março, as ações da Petrobras já dispararam mais de 35%. Antes disso, porém, elas chegaram, em fevereiro, ao seu menor patamar de preço desde 2008, ano da crise econômica mundial.
As altas recentes nas ações da estatal se devem à perda de popularidade da presidente Dilma Rousseff. Isso se deve ao fato de que o forte intervencionismo do governo na estatal tem sido um dos principais motivos de insatisfação dos investidores.
Apesar da recente alta, a Petrobras atualmente se vê no centro do noticiário político e econômico em função de uma série de escândalos e da possibilidade de uma instalação de uma CPI.
A pedido de EXAME.com, a consultoria Economatica fez um levantamento mostrando quanto teria hoje um investidor que tivesse investido 100 mil reais na Petrobras, tomando como base o início de cada ano desde 2000.
Na tabela abaixo, portanto, você pode ver quanto ganhou – ou perdeu – até 3 de abril de 2014 o investidor que pôs 100 mil reais em ações da Petrobras no início de 2000 ou no início de 2001 ou no início de 2002, e assim por diante.
Quem investiu R$ 100.000... | Com reinvestimento de dividendos (R$) | Sem reinvestimento de dividendos (R$) | Aplicação em um investimento atrelado à taxa Selic (R$) |
---|---|---|---|
...no início de 2000 tem hoje | 528.000 | 267.800 | 658.428 |
...no início de 2001 tem hoje | 521.200 | 269.100 | 560.298 |
...no início de 2002 tem hoje | 436.200 | 240.900 | 477.922 |
...no início de 2003 tem hoje | 452.100 | 265.500 | 401.108 |
...no início de 2004 tem hoje | 253.800 | 161.300 | 325.099 |
...no início de 2005 tem hoje | 188.000 | 126.800 | 279.678 |
...no início de 2006 tem hoje | 118.500 | 82.800 | 234.772 |
...no início de 2007 tem hoje | 84.100 | 61.800 | 204.014 |
...no início de 2008 tem hoje | 45.700 | 34.800 | 182.434 |
...no início de 2009 tem hoje | 84.800 | 67.400 | 162.204 |
...no início de 2010 tem hoje | 51.100 | 42.000 | 147.526 |
...no início de 2011 tem hoje | 66.300 | 56.400 | 134.397 |
...no início de 2012 tem hoje | 81.200 | 71.700 | 120.357 |
...no início de 2013 tem hoje | 87.200 | 78.900 | 110.966 |
...no início de 2014 tem hoje | 95.900 | 90.200 | 102.545 |
Fonte: Economatica e Banco Central.
Na primeira coluna de valores, considera-se que todos os dividendos distribuídos pela empresa foram reinvestidos. Ou seja, considera-se não só o ganho com a elevação ou a perda com a queda do preço das ações como também do ganho com dividendos distribuídos.
Na segunda coluna, considera-se apenas o desempenho dos papéis, sem levar em conta os dividendos distribuídos. E na última considera-se quanto o investidor teria ganhado se tivesse aplicado os 100 mil reais em um investimento atrelado à taxa básica de juros, a Selic, como as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos públicos negociados via Tesouro Direto.
As quantias estão expressas em termos nominais – isto é, quanto de dinheiro o investidor tinha de fato em 3 de abril, sem descontar a inflação. Além disso, não há desconto de imposto de renda e taxas, como corretagem e custódia.
Note que quem investiu na Petrobras até 2006 ainda está no lucro, em termos nominais. Porém, quem investiu de 2007 para cá está no prejuízo. Desde então, houve altos e baixos violentos, mas o mau desempenho das ações no longo prazo pode ser explicado por inúmeros fatores.
Um deles é a crise econômica mundial em 2007-2008 e seus reflexos posteriores; há ainda a desaceleração recente da economia chinesa, grande consumidora das commodities brasileiras; e a grande necessidade de investimentos por parte da estatal para a exploração do pré-sal.
Mas talvez o fator mais pesado para a Petrobras seja a percepção de que o intervencionismo estatal na companhia venha sendo forte demais.
O sinal mais emblemático disso é o controle mantido sobre os preços dos combustíveis, defasados em relação aos preços internacionais e prejudiciais ao já enorme endividamento da empresa. Contudo, se corressem soltos, esses preços agravariam ainda mais a já preocupante inflação.
O sentimento de interferência estatal aumentou a partir da Capitalização da Petrobras, ocorrida em setembro de 2010, quando os investidores puderam reservar ações para tentar obter ganhos de longo prazo com o investimento no pré-sal. O governo aproveitou a ocasião para aumentar sua participação na empresa e diluir os minoritários.
Um investidor que tenha aplicado na Capitalização da Petrobras teve, de lá para cá, uma perda de nada menos que 35,5%. No período, a taxa básica de juros (Selic) acumulou ganho 38,12%.
Vídeo: Petrobras despenca em reputação, mas dispara na Bolsa
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