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Ações da BM&F fecham dia de estréia com valorização de 22%

Papéis movimentaram R$ 2,61 bi e ajudaram a Bolsa de Valores a alcançar volume recorde de negócios, mas não chegaram sequer à metade da valorização das ações da prória Bolsa, em seu IPO

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A expectativa dos investidores brasileiros em torno da estréia histórica da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo (BM&F) no mercado de ações, nesta sexta-feira (30/11), transformou-se em valorização dos papéis da instituição, no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A demanda pelos papéis foi tão grande, por volta das 11h, que congestionou o sistema de negociações eletrônicas da Bovespa, o Mega Bolsa, e adiou em uma hora e quinze minutos o início da sessão. Ainda assim, a valorização do papéis da BM&F não chegou sequer à metade da registrada no primeiro dia de pregão dos papéis da Bovespa, há cerca de um mês.

Negociadas sob o código BMEF3, as ações da BM&F fecharam o dia com valorização de 22%, ao preço de 24,40 reais por papel - o preço inicial definido era de 20 reais. Logo na primeira meia hora de pregão, as ações subiram 25% e, ao longo do dia, a oscilação alcançou 30%.

O volume de negócios relacionados aos papéis da estreante foi de 58313, cerca de 18% do total do dia, e empurrou a Bovespa para o índice recorde de 313681 negócios. Já o giro de capitais ligado à BM&F chegou a 2,61 bilhões de reais, mais de um quarto do total de 10,53 bilhões contabilizados ao fim do pregão.

O Ibovespa, por sua vez, fechou em alta de 1,63%, aos 63.006 mil pontos, após alcançar uma máxima de 63.701 pontos, no começo da tarde.

Corrida pelos papéis

A trajetória da curva de valorização reflete a ansiedade dos acionistas pela possibilidade de ganhos semelhantes aos obtidos com as ações da instituição "irmã" da BM&F, a Bovespa Holding, que em seu primeiro dia de negociação, em 26 de outubro desse ano, subiram 52% - dos 23 reais fixados inicialmente chegaram a 35,20 reais por unidade. O giro de capital, naquela data, foi de 5 bilhões de reais, o equivalente a 76% do volume registrado na oferta pública de ações para o processo de abertura de capital, contra uma média de 30% alcançada pelas novatas, em sua estréia.

 

 

Na esteira do interesse pela Bovespa, as ações da BM&F provocaram uma corrida às corretoras, nas últimas semanas. Além das quase 300 mil pessoas que já tinham contas cadastradas para comprar e vender ações, os bancos receberam nas últimas semanas vários pedidos de interessados em começar a operar na Bolsa de Valores. As estimativas extra-oficiais, por sua vez, apostam que o número de cadastrados para levar ações da BM&F chega a 280 mil, quatro vezes mais do que os registrados na oferta da Bovespa.

Na oferta pública inicial (IPO, em inglês), já ficou refletida a forte procura, uma vez que a demanda chegou a 50 bilhões de reais, quase dez vezes mais do que a oferta. Isso empurrou o valor definido por papel, correspondente ao teto do intervalo de preços definido (entre 18 e 20 reais). Essa faixa já havia sido ampliada, em relação à projeção inicial de piso a 14,50 reais e teto a 16,50 reais.

Montante baixo para o pequeno investidor

A demanda dos investidores seguiu elevada mesmo após a determinação da BM&F de que cada pessoa física que reservou ações no IPO terá direito a apenas 91 papéis da empresa, correspondentes a um valor total de 1.820 reais. O montante pode ser considerado muito baixo por dois motivos: o valor mínimo de reserva de ações havia sido fixado em 5 mil reais (ou seja, mais de 150% maior que o que realmente será comprado) e o volume total da oferta alcançou quase 6 bilhões de reais.

No IPO, a Bolsa de Mercadorias & Futuros havia informado que destinaria entre 10% e 20% de suas ações para os investidores não-institucionais. O percentual definido ainda não foi divulgado, mas é provável que o volume de ações reservado às pessoas físicas tenha ficado mais próximo do piso de 10%. Isso aconteceu no IPO da Bovespa, que teve mais de 60 mil investidores pessoas físicas. No entanto, na Bovespa cada um conseguiu até R$ 12.098.

Além das pessoas físicas, a BM&F também havia se comprometido a destinar até 1% das ações a funcionários de corretoras. Cada empregado teve seu pedido integralmente atendido em até 5 mil reais ou 250 ações. Acima desse valor os pedidos foram atendidos em 40,347% do valor reservado. Assim como para as demais pessoas físicas, apenas os investidores considerados prioritários puderam reservas os papéis.

A BM&F utilizou, ainda, o filtro para a exclusão de investidores considerados "especuladores". Quem participou dos IPOs da Bovespa, Helbor, Amil e Laep e vendeu mais de 80% das ações no primeiro dia de negócios em duas ou mais dessas operações não ficou nenhum papel no rateio.

Fusão com a Bovespa?

Alvo da atenção de todo o mercado, o IPO desta sexta-feira já deu origem a especulações sobre a possibilidade de uma fusão entre a BM&F e a Bovespa. Uma das mais respeitadas publicações de economia do mundo, o nova-iorquino Wall Street Journal aponta, em reportagem publicada nesta quinta-feira, para o fato de boa parte dos interessados nas ações da Bolsa de Mercadorias & Futuros estarem ligados às mesmas corretoras que já controlam a Bolsa de Valores de São Paulo, o que aumentaria as chances de unificar as duas casas. O processo seria interessante, segundo analistas ouvidos pelo jornal, porque permitiria reduzir os custos das operações e atrair parceiros estrangeiros, num período em que bolsas do mundo todo buscam se internacionalizar.

Indagado por jornalistas, nesta quinta-feira, sobre o interesse em fusão com a BM&F, o diretor-geral e de Relações com Investidores da Bovespa Holding, Gilberto Mifano, não negou a possibilidade, mas afastou novidades no curto prazo. "Temos, sim, dinheiro para futuras aquisições, mas, por enquanto, o momento é de cautela", ele afirmou.

Na manhã da sexta-feira, o presidente da Bolsa de valores de São Paulo, Raimundo Magliano, reforçou a posição, ao afirmar que não há nenhuma fusão sendo negociada. No fim da tarde desta sexta-feira, foi a vez de a BM&F divulgar uma nota negando qualquer negociação.

* Com informações da Agência Estado

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