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Acabou o dinheiro e já está negativado? Veja como tirar a corda do pescoço

Evite pegar empréstimo para pagar dívidas no atual momento; se for para montar um pequeno negócio e ter renda, pode valer a pena fazer financiamento

O porcentual de famílias com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 66,6% em abril, ante 66,2% em março (Stas_V/Thinkstock)

O porcentual de famílias com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 66,6% em abril, ante 66,2% em março (Stas_V/Thinkstock)

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Natália Flach

Publicado em 14 de abril de 2020 às 19h03.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 08h50.

Não é fácil pegar empréstimo durante uma recessão econômica. A situação fica ainda mais complicada quando se está negativado, ou seja, com nome sujo na praça por não ter quitado boletos ou dívidas até a data do vencimento. As soluções "mais fáceis" vêm atreladas a juros de quase 900% ao ano, e o resultado disso pode ser uma bola de neve sem fim. Para não cair nessa cilada, EXAME consultou Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros e autor do livro "Nome sujo pode ser a solução" para elaborar um passo a passo de como tirar a corda do pescoço.

A primeira dica é identificar por que você chegou ao ponto de ter que pegar mais um financiamento se já está com dívidas em atraso. É um problema pontual ou tem se repetido com certa frequência? A resposta a essa pergunta tem de vir acompanhada de um raio-x de todas as contas da família. Sim, é importante envolver as finanças dos membros mais próximos da família nesse processo.

Coloque no papel - ou na tela do celular - quanto vocês gastam com luz, telefone (celular inclusive), moradia (aqui inclui aluguel, condomínio, rateio de despesas do prédio), educação, saúde e alimentação. Também é importante identificar tudo o que é pago no cartão de crédito, no de débito e no dinheiro.

Feito isso, é hora de cortar gastos. O que não for essencial tem de ser eliminado ou, no mínimo, reduzido para conseguir sair da espiral de dívidas. Outro passo importante é renegociar valores. Por causa da redução de salários, demissões ou rescisão de contratos, muitos inquilinos têm conversado com os locadores a possibilidade de reduzir o valor dos alugueis. Há quem esteja conversando também com as escolas para tentar reduzir a mensalidade. O ideal é conseguir ajustar as contas à nova realidade mais apertada.

Os cinco maiores bancos têm oferecido a possibilidade de pausar duas ou três parcelas de financiamentos imobiliários ou da compra de carro, em alguns casos. Até o momento, Itaú Unibanco, Banco do Brasil Bradesco, Caixa e Santander renegociaram algo entre 140 bilhões e 150 bilhões de reais de um total de 200 bilhões de reais, em pedidos feitos com a crise da pandemia da covid-19Veja aqui como pausar a sua dívida.

O porcentual de famílias com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 66,6% em abril, ante 66,2% em março, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Se mesmo assim você ainda precisa pegar um financiamento, há dois cenários. O primeiro é se o crédito é para quitar uma dívida anterior. Neste caso, Domingos diz que isso não é recomendável. "Simplesmente não pague. Suspenda os pagamentos e espere o melhor momento para renegociar, quando bancos e financeiras fazem feirões e dão desconto de 70% a 90%."

Agora, se a dívida for com um agiota, o especialista recomenda procurá-lo para explicar a situação e pedir mais prazo para pagar. "Também pode pedir redução dos juros, afinal, a taxa de juros básica do país caiu", diz. "O agiota não quer quebrar, então, para ele, faz mais sentido receber menos do que não receber." Então, se entrar em acordo, o melhor a fazer é poupar para honrar a dívida.

Agora, se o cenário é que você ficou desempregado e precisa pegar dinheiro emprestado para montar um pequeno negócio para ter renda, então, Domingos é a favor de tomar o empréstimo. Mas recomenda fazer a conta de quanto vai pagar de juros e comparar com o potencial de vendas do novo negócio.

O problema é que, em geral, as financeiras que costumam emprestar para negativados cobram juros exorbitantes, que chegam a quase 900% ao ano. Por isso, pegar dinheiro com amigos e parentes pode sair mais barato - desde que você pague, é claro, caso contrário, pode custar uma amizade. Se nenhum tiver condições de ajudar, a indicação é procurar financeiras e bancos que oferecem as melhores condições. "Se você tiver um bem para dar de garantia [e ele não estiver alienado], as condições do financiamento, em geral, são melhores", explica Domingos.

Existem várias financeiras e startups hoje que oferecem crédito pessoal para pessoas que já estão negativadas. Mas, para não cair em uma operação fraudulenta, uma opção é usar a plataforma do birô de crédito Serasa eCred. Basta se cadastrar e enviar os dados pedidos. Em seguida, o pedido será avaliado pela empresa que você solicitar crédito conforme as políticas para aprovar ou não o pedido.

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