A construtora Abyara vai captar 163,75 milhões de reais na sua estréia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na próxima quinta-feira (27/7). O valor ficou abaixo do projetado pelos coordenadores Morgan Stanley e Bradesco, que era de cerca de 196,5 milhões de reais.

Serão vendidas 6,550milhões de ações ordinárias (com direito a voto) a 25 reais cada. Para fixar o preço dos papéis, que tinham estimativas de vendas entre 30 e 35 reais, foi realizada uma consulta de intenções de investimentos junto aos investidores. "O valor não está baixo. O problema é que o modelo adotado no Mercado Novo, que utiliza a avaliação por fluxo de caixa, acaba por elevar demais o valor da empresa. O mercado não está disposto a pagar esse preço pelas ações. Esse modelo funciona em países como Estados Unidos, onde as ações das empresas são realmente pulverizadas, Aqui, o acionista majoritário detém 70%, 80% da companhia e sobrevaloriza as ações", diz uma fonte do mercado. "O preço de 25 reais é adequado." Na última terça-feira (25/7), as ações da Cyrela Brazil Realty, Gafisa, Rossi Residencial e Company eram negociadas a 29,55 reais, 20,92 reais, 18 reais e 11,95 reais, respectivamente.

Os pedidos de reserva de ações da Abyara foram realizados de 12 a 24 de julho, sendo que a oferta era destinada exclusivamente a investidores qualificados. O valor mínimo era de 300 000 reais e o máximo de 600 000  reais. É possível que haja, ainda, a comercialização do lote suplementar, de 982  500 ações, que elevaria a captação para 188,3 milhões de reais. "Ainda não é possível saber se será ou não colocado no mercado o lote suplementar. As empresas costumam disponibilizar o lote principalmente para atrair investimentos externos", afirma a fonte.

Até o dia 26 de janeiro de 2007, as ações da Abyara serão negociadas apenas em lotes de 1  000 ações. Após este período, poderão ser compradas e vendidas em lotes padrão de 100 ações, com a possibilidade de comercialização no mercado fracionário.

Perspectivas

As ações das construtoras têm apresentado bons desempenhos na Bovespa este ano, apesar da crise que se instalou no mercado em maio. As medidas de incentivo anunciadas pelo governo no ano passado, que incluem isenção tributária e possibilitaram a redução nas taxas de financiamento de imóveis, impulsionaram o mercado da construção civil. No primeiro semestre deste ano, o volume de recursos direcionados ao crédito imobiliário dobrou, chegando a 4,14 bilhões de reais, um recorde do setor. No período, foram financiados mais de 50  000 imóveis.

"Isso incentivou as empresas a irem para a bolsa", afirma um analista. A Abyara é a terceira empresa este ano a iniciar operações na Bovespa. No primeiro semestre Gafisa e Company realizaram seus IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial) e obtiveram bons retornos. Juntas, as quatro grandes construtoras que abriram capital - Cyrela Brazil Realty, Gafisa, Rossi Residencial e Company - captaram mais de 3 bilhões de reais, como destaca matéria publicada na revista EXAME  no início de maio (veja o link ao lado).

Para os próximos meses, as perspectivas continuam positivas, afirmam os especialistas. "Estamos passando por um "boom" imobiliário e isso deve perdurar por mais algum tempo", diz a fonte.