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A Daslu do B

Não tem champanhe, dasluzetes nem forte esquema de segurança. Mas no Outlet da loja é possível encontrar os mesmos artigos finos com até 70% de desconto

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 17h44.

Prada, Gucci, Chanel, Armani, Fendi, Dior e uma infinidade de marcas exclusivas. No Brasil (e até no mundo) a Daslu é hoje sinônimo de elegância, luxo e preços elevados. Mas existe uma faceta da butique que poucos conhecem. A 13 quilômetros de São Paulo, numa calma e arborizada rua localizada num município próximo, no condomínio Alphaville, é possível encontrar os artigos de grife, os mesmos vendidos na loja principal, com desconto de 70%. O Outlet Daslu não tem o mesmo glamour que a sede. A Daslu do B, como é conhecida, fica num galpão de 400 metros quadrados e tem coleções masculinas e femininas. Lá não há o time de 70 meninas com os sobrenomes famosos das atendentes da loja A (Pastore, Alckmin ou Simonsen) servindo bolachas e champanhe aos clientes. Em vez de 25 seguranças e manobristas treinados para atender a rica clientela, apenas dois homens ficam na entrada, e não é raro perceber que só um deles está de prontidão. Além disso, o próprio cliente estaciona seu carro.

Apesar das diferenças, é uma loja que oferece produtos muito bons. Para lá seguem peças da coleção anterior à atual que não foram vendidas na liquidação semestral da Daslu "chique". Vestidos, calças, saias, casacos, sandálias e botas são exibidos em prateleiras, cabides e em uns poucos manequins. A exemplo da matriz, são organizados por cor e divididos em alas específicas -- feminina, masculina, teen e acessórios. As marcas estão todas ali. Dolce & Gabana, Dior e Valentino compartilham muitas vezes a mesma arara e não devem nada à loja principal. Mas é preciso ficar atento: algumas roupas podem estar manchadas, sujas ou com fios puxados.

A seção feminina é a vedete do outlet. Ela é a maior em área e concentra mais modelos que os espaços para homens e crianças juntos. Aqui há peças para todos os gostos (e todos os bolsos). Você encontra desde uma minissaia de lã Daslu por 74 reais (ela custava originalmente 248 reais na etiqueta) até um vestido Cé line por menos de 3 000 reais -- na matriz sairia por 10 000 reais. As prateleiras de sapatos femininos estão abarrotadas de sonhos de consumo. Chanel, Miu Miu, Giani, Manolo Blahnik (sucesso no seriado Sex and the City) exibem-se lado a lado e podem ser provados ali mesmo, num banco largo estrategicamente disposto no meio da seção. As botas de couro de cano alto foram colocadas numa parede à parte. Entre sapatos e sandálias, os preços variam de 160 a 1 200 reais, com leves oscilações. A maioria está em excelentes condições de uso, embora nem todos sejam exatamente zero-quilômetro.

Mas, como a coleção já chega defasada, o maior problema do outlet é o mesmo de outras pontas de estoque. Em alguns casos faltam tamanhos e cores para determinados modelos. Isso se percebe mais na seção masculina. A esmagadora maioria das camisas sociais Yves Saint Laurent (294 reais com desconto) e dos sapatos de couro Salvatore Ferragamo e John Lobb (633 e 1 464 reais, respectivamente) chega em apenas uma ou duas opções. Nos cabides, por exemplo, há um único smoking, um Dior, e sai por 2 240, ante 7 450 na etiqueta.

Criada em 1958 por Lucia Piva de Albuquerque, em sociedade com a amiga Lourdes Aranha dos Santos (por isso Das "lu"), a butique deslanchou na década de 90, sob o comando de Eliana Tranchesi (filha de Lucia). Aproveitando a liberação das importações no início dos anos 90, ela começou a trazer para o Brasil coleções de grifes famosas no exterior. Deu tão certo que hoje a Daslu pode se orgulhar de uma receita em torno de 150 milhões de reais por ano. Na loja da Vila Nova Conceição, um traje de festa completo de uma dessas grifes badaladas pode sair por 70 000 reais. O preço é alto para a maior parte das pessoas, mas há uma clientela fiel. O típico consumidor Daslu tem renda mensal superior a 40 000 reais, possui motorista particular, carro de luxo e casa na praia. A partir de maio de 2005, a Daslu terá um novo endereço. Ela será montada num dos esqueletos de concreto deixados pela Eletropaulo, arrematado pelo Banco Português de Negócios. Ali, as seções feminina, masculina e teen, além de joalheria e artigos de cama, mesa e banho, vão ocupar cinco andares do prédio, numa área de 30 000 metros quadrados. Na Vila Daslu, projeto estimado em 10 milhões de dólares, os homens poderão circular livremente, o que não acontece na loja original (na Daslu feminina não há provadores que garantam privacidade). Estão previstos, também, spa, cabeleireiros, bar e restaurante (o L'Avenue, de Paris, especula-se). A escolha da Daslu como loja âncora não foi aleatória: ela deve servir de chamariz do luxuoso centro empresarial que será construído ali. Não há planos de mudança no outlet.
 

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