Homem preocupado: se não for possível negociar, vale verificar se há a possibilidade de pegar um empréstimo pessoal (Image Source/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 8 de setembro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 10h48.
Pergunta do leitor: O banco não quer refinanciar meu cheque especial. Estou sem renda, pois a conta corrente negativa ultrapassa o salário atual. O que devo fazer? Já são 60 dias sem acordo.
Resposta de Marcela Kawauti*
A situação financeira em que você se encontra se deve ao efeito dos juros compostos do cheque especial. O consumidor, no geral, tem dificuldade de entender os juros compostos, o que faz com que nós subestimemos seus efeitos ao longo do tempo.
Dizer que os juros são compostos significa dizer que eles serão cobrados em cima do montante que você deve a cada mês – e que, portanto, vai aumentando com o tempo justamente por conta dos juros – e não em cima da dívida inicial.
Essa dificuldade em ver de forma concreta um conceito que parece tão abstrato não raramente faz com que uma dívida saia do controle, tornando-se impagável depois.
Sabendo disso, se realmente não for possível negociar com o credor, vale verificar se há a possibilidade de pegar um empréstimo pessoal, com taxas de juros mais baratas, para pagar a sua dívida no cheque especial – cujos juros são de cerca de 320% ao ano. Neste caso, é importante tomar emprestado apenas o valor que você precisa para pagar a dívida e colocar suas contas em ordem.
Outro ponto importante a levar em conta é que, independentemente de conseguir um acordo ou fazer a troca de dívida para uma modalidade mais
barata, para que você consiga sair de uma situação de endividamento sempre é fundamental ter planejamento e disciplina.
O planejamento envolve colocar todos os ganhos e despesas no papel – ou mesmo em uma planilha ou aplicativo –, analisar os compromissos assumidos e cortar todas as despesas não essenciais, já que o momento é de apertar o orçamento.
Agora, se mesmo com disciplina e planejamento as contas não fecharem, é hora de prestar atenção ao seu padrão de vida e se perguntar se ele está
condizente com o seu rendimento.
Se chegar à conclusão que o seu padrão de vida está de fato inadequado, um corte em despesas mais simples, como serviços não essenciais e gastos invisíveis, não será suficiente.
Você terá que se perguntar se há possibilidade de mudar o tamanho ou a localização da sua moradia, ou mesmo vender um bem como um carro, por exemplo.
Sei que esses direcionamentos implicam em sacrifícios nada agradáveis e que o exercício de cortar gastos não é fácil. Mas lembre-se: somente fazendo os ajustes corretos você será capaz de reequilibrar suas contas, e evitar cair nessa situação novamente.
Marcela Kawauti é economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e colabora com o portal Meu Bolso Feliz
O SPC Brasil tem um aplicativo para smartphones, o “SPC Consumidor”. A ferramenta oferece consulta gratuita de CPF, dicas de bem-estar financeiro e outros serviços.
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