Dinheiro: Títulos públicos são tão seguros quanto a poupança (SIphotography/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 11 de outubro de 2016 às 06h00.
São Paulo - Eles são os queridinhos de muitos consultores financeiros e são tão democráticos quanto a poupança, mas ainda parecem distantes de muitos pequenos investidores. Os títulos públicos são comercializados sem muito alarde, mas têm tudo para ser mais populares.
Mais seguros do que a poupança, eles permitem resgatar o dinheiro diariamente e exigem um investimento inicial a partir de 30 reais. EXAME.com reuniu algumas dúvidas de investidores e consultou especialistas para dar as respostas. Confira a seguir:
Dificilmente, mas isso pode acontecer. Todos os títulos públicos vendidos na plataforma online Tesouro Direto têm uma data de vencimento, que garante que você receberá o valor correspondente à rentabilidade combinada no momento da compra. Mas ao longo da aplicação, todos os títulos variam de preço.
Se o seu título for do tipo Tesouro Selic, com rentabilidade indexada à taxa básica de juros, as chances de ter prejuízo com a venda antecipada são próximas a zero.
Se o seu título for do tipo Tesouro IPCA, com retorno indexado à inflação, ou do tipo prefixado, com retorno somente indexado a uma taxa de juros estabelecida no momento da compra, há mais chance de você ter que vender o título por um preço menor do que pagou, se for antes do vencimento.
Isso porque esses títulos são de longo prazo e, consequentemente, são mais sensíveis às oscilações de mercado. “O mercado projeta a curva de juros futuros e qualquer mudança na expectativa pode aumentar as taxas de juros”, explica o professor de finanças Ricardo Couto, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de Minas Gerais (Ibmec-MG).
Sim. “Tesouro Selic é sempre vantajoso para a pessoa certa, não importa se a taxa básica de juros está subindo ou caindo”, explica o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.
E quem é o investidor certo, nesse caso? É aquele que tem um objetivo de curto prazo ou quer manter sua reserva financeira nessa aplicação, que oferece risco baixo e liquidez diária, ou seja, permite resgatar seu dinheiro a qualquer momento.
Em títulos com pagamentos de juros semestrais, a taxa de retorno é paga ao investidor a cada seis meses, e não somente na data de vencimento. Eles são indicados para quem precisa que o investimento pague uma renda, como na aposentadoria, por exemplo.
No pagamento desses rendimentos semestrais, há desconto de Imposto de Renda (veja o passo a passo sobre como calcular o imposto a ser pago). Por isso, só compre um título com juros semestrais se você realmente precisa da renda a cada seis meses.
Como o nome diz, títulos prefixados rendem somente uma taxa prefixada e não são indexados à Selic ou à inflação. Eles só são indicados se você tem algo para comprar no futuro e já tem certeza do preço hoje, ou se você quer especular, apostando que a taxa prefixada pelo Tesouro será maior que a Selic.
Eles são mais arriscados do que os pós-fixados, porque é necessário descontar a inflação no período para obter seu rendimento real. Assim, esses títulos não levam em conta o aumento generalizado dos preços e a perda de valor do dinheiro no tempo.
Não importa o rendimento que tenha no final, você não tem garantia que conseguirá comprar o mesmo que antes com essa quantidade de dinheiro.
Em geral, o Tesouro IPCA consegue oferecer ao investidor retornos maiores no longo prazo, segundo Couto, do Ibmec-MG. No entanto, não há uma resposta exata para essa pergunta.
Os planos de previdência privada costumam cobrar taxas de administração que podem reduzir a rentabilidade significativamente. No entanto, se o gestor do fundo souber aplicar seu dinheiro de forma inteligente durante um longo período, a previdência pode trazer resultados melhores.
Há 70 bancos e corretoras autorizados a fazer o meio de campo entre o Tesouro Nacional e você. A taxa de administração cobrada pela instituição, entre 0% e 2%, deve ser o principal balizador dessa escolha, segundo especialistas.
“No fundo, para investir em títulos públicos, não tem corretora boa ou ruim. Não importa quem é o atendente da loja, importa quanto ele cobra pela sacolinha”, compara Viriato, do Insper.
A lista das taxas de administração cobradas por cada banco e corretora pode ser consultada no site do Tesouro.
De qualquer forma, você precisa abrir uma conta em um banco ou corretora para comprar títulos públicos. Chamados de agentes de custódia, eles realizam o seu cadastro junto a BMF&BOVESPA e intermediam a transferência do dinheiro.
Alguns bancos e corretoras possuem seus sistemas integrados ao sistema do Tesouro Direto e permitem comprar e vender os titulos em seus sites. “Não faz diferença nenhuma. Faça por onde você se sentir mais seguro”, orienta Viriato.
Você pode comprar títulos na plataforma do Tesouro Direto todos os dias, incluindo finais de semana, entre 9h e 5h, e vendê-los entre 18h e 5h. Nos fins de semana e feriados, você pode vender seus títulos em qualquer horário.
Você também pode agendar a venda em qualquer dia, incluindo finais de semana e feriados. Sua transação será processada no próximo dia útil após a ordem de venda, quando o dinheiro será repassado para a sua corretora, que repassará esses recursos para você dentro do prazo previsto no seu regulamento.
Nos dias úteis, ocorrem ajustes nas cotações dos títulos e o sistema pode ficar temporariamente suspenso por alguns minutos, entre 9h e 9h30, 14h30 e 15h e 17h30 e 18h.
As compras podem ser suspensas pelo Tesouro Nacional ao longo do dia, por tempo indeterminado, para proteger o investidor de grandes oscilações nos preços dos títulos públicos em um curto tempo.