Mão envolve carro vermelho de brinquedo: Alguns cuidados ajudam a diminuir os prejuízos com a depreciação do carro (Dmitriy Melnikov/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2015 às 06h08.
São Paulo - Não é segredo para ninguém que um carro começa a se desvalorizar assim que sai da concessionária. Mas alguns cuidados podem evitar que o veículo tenha uma depreciação maior do que a média do mercado na hora da revenda.
Um carro bem conservado permite ao vendedor obter preços equivalentes ao valor médio de mercado de tabelas oficiais ou até maiores, caso ele possa comprovar as revisões realizadas, histórico de manutenções e trocas de peças (veja quais são os fatores que norteiam a compra de um carro novo ou usado).
Por isso, é importante guardar comprovantes e notas fiscais. “Quanto mais detalhes puderem ser mostrados, como o respeito às datas indicadas para realização das manutenções, mais favorável será a negociação”, diz Edson Esteves, professor de engenharia mecânica da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI).
Segundo Pedro Scopino, diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de São Paulo (Sindirepa-SP), despesas realizadas ao longo dos anos com manutenção, que não ultrapassem 20% do valor do veículo, podem ser compensadas com a valorização do carro na revenda. “Caso o proprietário tenha gastado mais do que isso, principalmente por conta de uma má conservação do veículo, certamente irá perder dinheiro, pois será mais difícil justificar e repassar custos superiores ao comprador”.
Ele cita como exemplo eventuais problemas no motor. “O reparo do motor geralmente ultrapassa 20% do valor do carro e certamente irá fazer o proprietário perder dinheiro na revenda. Mas, como geralmente esses danos são causados por falta de manutenção preventiva, é possível evitar o prejuízo”.
As dicas valem principalmente para carros usados, com mais de cinco anos de uso e que já perderam a garantia oferecida pela montadora. “Em geral as fabricantes oferecem cobertura contra danos para os principais itens do carro por um período de 25 a 36 meses. Após esse prazo, depende do proprietário manter o valor do bem”, diz Esteves.
O peso da conservação do veículo na revenda é naturalmente maior se envolve carros sofisticados, que têm manutenção mais cara. “Quem compra modelos populares não costuma dar tanta importância para esse quesito porque sabe que o reparo tem custo acessível”, diz Scopino.
Veja a seguir algumas dicas para reduzir ao máximo a desvalorização do seu carro:
Para manter a conservação das rodas e evitar desgastes no sistema de suspensão do carro é indicado, a cada 10 mil quilômetros rodados, ou a cada seis meses, realizar o alinhamento e balanceamento das rodas, em conjunto com uma revisão completa dos itens do carro.
Mas, se ao passar por um buraco na via, por exemplo, o carro passar a apresentar vibrações ou tendência de desvio da direção, o proprietário pode ser obrigado a adiantar a realização desses serviços. Para quem utiliza o carro frequentemente em terrenos acidentados, é indicado calibrar os pneus a cada 15 dias, diz Esteves, da FEI.
Ao limpar as rodas, o proprietário deve preferir utilizar produtos neutros, como sabão e água, para não danificar o acabamento. Também é recomendado lubrificar porcas para evitar o aparecimento de ferrugem.
A troca de óleo e revisão do filtro de combustível e velas do motor também deve ser realizada a cada 10 mil quilômetros rodados ou seis meses.
Mas, anualmente, também é recomendado realizar a medição da vida útil da bateria e verificar se há algum problema no alternador, responsável por carregar a bateria.
A regulagem dos freios também deve fazer parte da manutenção preventiva. A troca das pastilhas deve ser feita quando a frenagem provocar um barulho metálico, que indica o fim da vida útil do item.
Se o problema não for percebido, o desgaste pode ser maior e o proprietário pode ter de trocar também o disco do freio, diz Esteves. “Como as pastilhas são pressionadas contra o disco de freio, se há um desgaste nas pastilhas o disco começa a ser danificado a cada frenagem”.
Fluídos de freios também devem ser trocados a cada ano, diz o professor da FEI. “A troca tem baixo custo e, além de evitar desgastes no sistema de frenagem, mantém a segurança do item”.
O ideal é que as palhetas do limpador de para-brisa sejam trocadas anualmente. “A borracha desgastada pode riscar o vidro do carro”, diz Esteves, da FEI.
A limpeza do para-brisa ajuda a preservar a palheta ao evitar o acúmulo de sujeira e gordura, que desgastam a borracha do acessório.
Com relação aos cintos de segurança, engates e pontos de fixação devem ser constantemente lubrificados. As tiras dos cintos, além de serem conservadas bem costuradas e sem folgas, também devem passar por limpeza regular com pano umedecido e detergente suave.
Os revestimentos de bancos do carro devem ser aspirados regularmente, ao menos uma vez por semana. “A sujeira acumulada pode causar manchas no tecido que podem ser difíceis de serem removidas”, diz Esteves, professor da FEI.
Bancos de couro, além de higienizados regularmente com pano umedecido, devem ser hidratados a cada seis meses com produtos específicos.
Riscos e batidas na carroceria do carro devem ser reparados o quanto antes. Caso o impacto tenha provocado desgaste na pintura, a exposição do metal às intempéries pode gerar pontos de ferrugem.
O acúmulo de sujeira na carroceria também pode causar arranhões na pintura. Limpar o veículo com frequência, utilizando água e sabão neutro, ajuda a evitar esses danos.
Caso o carro esteja prestes a ser vendido e o proprietário não tomou os cuidados necessários para conservá-lo, investir em uma revisão, higienização e pequenos reparos antes de anunciar o veículo para venda pode trazer vantagens na negociação.
O foco, nesse caso, deve ser limpar o interior do carro, calibrar e balancear pneus, consertar danos que chamam mais atenção, como pequenas partes amassadas da carroceria; e também solucionar problemas mecânicos que provoquem ruídos.
Mas alguns consertos realizados pouco antes da venda podem ser arriscados, diz Scopino. “Reparos da pintura, por exemplo, pode ter um resultado ruim e acabar prejudicando a transação”. Nesse caso, pode ser melhor realizar um orçamento para solucionar o dano e oferecer um desconto no preço do veículo equivalente ao valor orçado para o comprador.