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64% dos brasileiros não conseguem poupar

Com o aumento do desemprego e da inflação, a chance de constituir alguma reserva para enfrentar períodos de restrição como atual é cada vez menor


	Com o aumento do desemprego e da inflação, a chance de constituir alguma reserva para enfrentar períodos de restrição como atual é cada vez menor
 (Getty Images)

Com o aumento do desemprego e da inflação, a chance de constituir alguma reserva para enfrentar períodos de restrição como atual é cada vez menor (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 11h22.

São Paulo - O brasileiro, que em períodos de vacas gordas já não era um poupador habitual porque na maioria das vezes faltava salário para fechar as contas do mês, agora está ainda mais pressionado.

Com o aumento do desemprego e da inflação, provocado pela recessão, a chance de constituir alguma reserva para enfrentar períodos de restrição como atual é cada vez menor.

Pior: o que ele tinha de dinheiro guardado está usando para pagar as contas do dia a dia. Isso já apareceu na captação líquida negativa da caderneta de poupança de quase R$ 50 bilhões acumulada neste ano até agosto.

Além disso, quem ainda consegue guardar alguma coisa reduziu as cifras poupadas.

Leandro Pilati, de 37 anos e que trabalha com vendas, por exemplo, deixou no último ano de fazer depósitos semestrais extras no plano de previdência privada porque sentiu no bolso o peso da inflação nos gastos habituais.

"Estou gastando entre 10% a 15% a mais nas despesas de supermercado. Também a renovação do seguro do carro ficou mais caro. Por isso estou guardando menos dinheiro."

Apesar do corte, todo mês ele ainda consegue colocar 5% da sua renda na poupança. Pilati, que reduziu as cifras guardadas mas não deixou de poupar, representa uma fatia menor da população.

Pesquisa feita no início do ano pelo SPC Brasil, empresa especializada em informações econômicas e financeiras, revelou que apenas 36% dos brasileiros poupam e 64% não conseguem guardar as economias porque mais da metade usa o dinheiro para outras coisas, como quitar, dívidas, viajar, pagar impostos de início de ano, entre outras.

O restante não poupa pois não tem recursos para isso.

No mês passado, uma nova pesquisa nacional foi feita pelo SPC Brasil mostrou que um quadro pior.

Apenas 9% dos entrevistados que estavam no limite da sua capacidade financeira conseguiram guardar algum dinheiro, 40% fecharam o mês no zero a zero e 32% ficaram devendo alguma coisa no fim do mês.

"O brasileiro é um cidadão que não tem colchão", afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Jr, se referindo à dificuldade crescente para poupar e ao fato de uma pequena parcela da população ter seguro, que, em tempos de crise, é uma proteção contra eventualidades.

"Apenas 5% da população brasileira tem seguro de vida, 25% plano de saúde e 30% da frota de automóveis em circulação é segurada", aponta.

O aperto no orçamento que reduz as condições para poupar não é de hoje. Em janeiro, mais de um quarto da população (28%) informou que não conseguiu poupar nada em 2014 e 44% dos entrevistados conseguiram guardar, no máximo, R$ 500 ao longo de 2014 inteiro.

"O brasileiro poupa pouco porque a sua renda é baixa. Agora com a renda nominal caindo, o pouco que ele tem guardado está indo embora para pagar contas", afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC, outra empresa especializada em informações financeiras.

Ele observa que não existem dados objetivos que indiquem que o saque da caderneta de poupança esteja sendo direcionado para conta corrente, a fim de quitar os compromissos do dia a dia.

Mas como a caderneta de poupança é o investimento mais popular e voltada para quem tem poucos recursos para aplicar, esse é um forte indício que as retiradas sejam para cobrir as contas do mês.

Risco

Em momentos de crise como o atual, a falta de "colchão" do cidadão amplia o risco de inadimplência.

Em janeiro, 14% dos entrevistados pelo SPC Brasil acreditavam que não conseguiriam manter o padrão de vida nem por um mês em caso de alguma dificuldade e 48% achavam que poderiam mantê-lo por, no máximo, seis meses.

"Isso é extremamente preocupante num cenário em que a taxa de desemprego é galopante", adverte Pellizzaro Jr. 

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