Os mercados brasileiros ficaram desorganizados nos últimos dias antes da eleição, subindo em um momento e caindo na sequência.

Agora que os votos foram contados e que a presidente Dilma Rousseff começou a comemorar em Brasília, veja as ideias do UBS AG, Banco Itaú BBA SA, HSBC Holdings Plc, Quantitas, SulAmérica, Andbanc e Loomis Sayles Co para ganhar com a reeleição.

Encontrar negócios rentáveis não foi fácil no primeiro mandato da presidente, com ações, bonds e câmbio registrando um desempenho mais baixo que o de seus pares do mercado emergente.

Real

Consenso geral: Fique vendido em real, comprado em dólar.

Sem mudança significativa na política econômica, o dólar deve terminar 2015 em R$ 2,73, dizem estrategistas do HSBC liderados por Ben Laidler em relatório de 22 de outubro.

O UBS vê o dólar subindo para R$ 2,70 após a reeleição de Dilma, enquanto Bianca Taylor, estrategista da Loomis Sayles, prevê alta de R$ 2,60 até o fim desta semana.

Italo Abucater, chefe da mesa de câmbio da Icap do Brasil CTVM, disse que o real terminará 2014 em R$ 2,70 ou mais.

Ibovespa

As ações cairão hoje nas negociações em São Paulo, empurrando o Ibovespa 8 por cento para baixo, para 48.000 pontos, e colocando o índice preço/lucro em 8,5 vezes, disse Geoff Dennis, estrategista do UBS, ontem, por telefone.

A reação inicial à reeleição de Dilma Rousseff deve ser negativa, disseram Dennis e o estrategista Howard Park, em relatório de 23 de outubro.

O NEXT FUNDS Ibovespa Linked ETF, um fundo negociado em bolsa que investe em ações brasileiras, caiu 8,4 por cento em Tóquio depois que os resultados da eleição foram anunciados.

O UBS não recomendaria a compra, a menos que o índice caia mais para perto dos 45.000 pontos, disse Dennis.

João Pedro Brugger, gerente de carteira da Leme Investimentos, disse que o indicador poderá cair até 10 por cento hoje.

Embora o índice agora opere em sua maior baixa em cinco meses, de 10,07 vezes o lucro estimado, um nível abaixo de 10 vezes seria barato demais para ignorar, segundo Andrea Salvatori, chefe de pesquisa de ações de mercados emergentes da Pioneer Investment Management em Londres.

Exportadoras

As ações da BRF SA, maior empresa alimentícia do Brasil, e da fabricante de autopeças Mahle-Metal Leve SA Indústria e Comércio poderão se beneficiar com a alta do real, que torna seus produtos mais baratos no exterior, segundo o UBS.

O banco tem uma recomendação de compra para a Metal Leve, que tem 40 por cento da receita vinda do exterior, com preço-alvo de R$ 27, um valor 23 por cento mais alto que o fechamento de sexta-feira em R$ 21,89.

O UBS diz que a BRF, que obtém 44 por cento de sua receita no exterior, também é uma compra recomendável e que suas ações poderão subir 27 por cento.

Empresas de educação

As ações da operadora de colégios e universidades Kroton Educacional SA quintuplicaram de valor durante o primeiro mandato de Dilma e as de sua concorrente menor Estácio Participações SA mais do que dobraram.

As empresas de educação com fins lucrativos se beneficiaram com a redução dos juros para o financiamento estudantil e com programas que tornaram o reembolso mais fácil, segundo Marcel Kussaba, analista de ações da empresa de gestão de ativos Quantitas.

Enquanto as taxas de desemprego permanecerem baixas as matrículas deverão continuar crescendo, disse ele.

Bonds corporativos e soberanos em dólares

A vitória de Dilma é “muito negativa para o Brasil” e não foi totalmente precificada pelos investidores em bonds, disse Taylor, da Loomis Sayles.

Bonds de instituições financeiras como o Banco Bradesco e o Itaú Unibanco Holding poderão oferecer alguma proteção contra a corrida para venda, segundo Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage.

Gribel disse que eles provavelmente terão desempenho melhor que os títulos emitidos por empresas estatais.

Bonds soberanos locais

Os investidores podem estar apostando em mais aumentos da taxa de juros do que as que o Banco Central fará no ano que vem, tornando os rendimentos dos bonds de taxa fixa atrativos nos níveis atuais, disse Marcelo Mello, que gerencia R$ 22 bilhões como CEO da SulAmerica Investimentos, por telefone, de São Paulo, em 17 de outubro.