Cofre de porquinho (Divulgação/Imovelweb)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2011 às 07h24.
São Paulo - Na próxima segunda-feira, será comemorado o Dia da Poupança. Ainda que a data possa ser considerada obscura quando comparada às efemérides do consumo, como o Dia das Mães ou o Natal, isso não diminui em nada a importância de poupar. Para o professor José Pio Martins, reitor da universidade Positivo e autor do recém-lançado livro “Seu Futuro”, há pelo menos cinco bons motivos que deveriam levar todas as pessoas a poupar parte do dinheiro que ganham todos os meses.
O primeiro deles é demográfico. As pessoas vão viver cada vez mais, o que aumenta o tempo de aposentadoria e a necessidade de reservas financeiras para a velhice. Além disso, a família tende a ser cada vez menos uma garantia de que um idoso terá com quem contar se precisar ser sustentado nos últimos anos de vida, já que tem aumentado o número de pais que decidem não ter filho nenhum ou somente um.
Outra mudança cultural que reforça a importância da poupança vem das empresas. Há três ou quatro décadas, os empregadores eram bem mais fiéis aos empregados com muitos anos de casa. Essa postura mais paternalista veio gradualmente sendo substituída por uma gestão mais focada em custos enxutos e resultados.
É de dentro das empresas que também surge o quarto bom motivo para poupar. Trabalhadores formais estão cada vez mais sujeitos a ter uma carreira curta nas companhias, já que os cargos não-estratégicos são ocupados principalmente por mão de obra jovem e barata.
Por último, também não é prudente confiar seu futuro ao governo. Ainda que a economia brasileira viva um bom momento e não aconteça uma reforma da previdência desde 2003, é natural que os gastos com aposentadorias e pensões sejam dramaticamente reduzidos nas próximas décadas para que o sistema de seguridade social não quebre com o envelhecimento da população. É exatamente isso que está acontecendo na Europa na atual crise. Caberá, portanto, ao próprio indivíduo acumular os recursos que lhe garantirão uma velhice tranquila.
Segundo José Pio Martins, a gestão prudente das finanças pessoais envolve um tripé: como ganhar, como gastar e como investir. Em relação a ganhar dinheiro, ele acredita que o profissional deve repensar constantemente os rumos da carreira. É necessário saber que tipo de pessoa faz falta no mercado de trabalho e tentar ajustar a carreira a todo momento ao que o mundo deseja.
Em relação às despesas, ele diz que as pessoas devem não apenas evitar gastar mais do que ganham como também precisam poupar entre 10% e 20% da renda a cada mês. Dívidas que financiam o consumo imediato não devem ser tomadas, principalmente nas modalidades de crédito mais caras. “É preciso fugir dos juros do cartão de crédito e do cheque especial como o diabo foge da cruz”, diz.
Mesmo o crédito ao consumidor não é um bom negócio em países de juros altos como o Brasil. “Quem compra uma geladeira a prazo paga por três.” A única linha de crédito que pode ser considerada vantajosa no país é para a compra de imóveis, que embute os menores juros para pessoas físicas. “Além disso, ao tomar um financiamento imobiliário, a pessoa está fazendo um investimento pois compra um ativo que pode se valorizar.”
Em relação ao modo correto de investir o que foi poupado, José Pio Martins diz que as pessoas devem se afastar de aplicações que não conhecem. A caderneta de poupança e os títulos públicos são os investimentos mais indicados a quem não possui tempo nem interesse em entender as aplicações financeiras mais sofisticadas.
É verdade que a bolsa e os derivativos são aplicações que tendem a apresentar melhores resultados de longo prazo que a renda fixa, principalmente caso os juros continuem em queda no Brasil. Ações, opções e contratos futuros, entretanto, só são indicados para quem já estudou o assunto, seja por meio de livros, cursos ou palestras. Do contrário, a melhor decisão é entregar o dinheiro a um gestor profissional que saiba tomar decisões e tirar proveito das oscilações de mercado.
Já os imóveis são recomendados para pessoas que gostam de ativos tangíveis. Os problemas desse tipo de investimento são basicamente dois: 1) imóveis têm baixa liquidez e podem demorar para ser vendidos; e 2) quem poupa pouco dinheiro por mês levará décadas para juntar os recursos necessários para investir em imóveis.