Vende-se de tudo: Até esqueletos e fósseis já podem ser comprados pela internet (SXC)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2012 às 11h21.
São Paulo - Para algumas pessoas, talvez não seja um exagero dizer que hoje em dia é impossível viver sem internet. Algumas tarefas já não podem mais ser realizadas fora da web e é até estranho pensar, em alguns casos, como elas eram executadas antes do acesso à rede. A relação com o dinheiro sofreu uma verdadeira revolução com o surgimento da internet, facilitando, e muito, operações de investimentos, pagamento de contas e transferências de dinheiro.
O acesso à internet possibilita desde a compra online de itens bizarros, como esqueletos humanos, até a utilização de ferramentas de enorme utilidade, como aplicativos que permitem organizar as finanças e prospectar rendimentos. Veja a seguir cinco relações financeiras que a internet modificou completamente e as vantagens de ser adepto às novas tecnologias em cada um dos casos:
Organização
Ainda que alguns ainda prefiram usar um bom e velho caderninho de anotações e os extratos em papel, fato é que os aplicativos e outras ferramentas da internet revolucionaram as possibilidades de controlar as finanças. Por um lado, estão as vantagens mais óbvias, como a possibilidade de consultar pagamentos a fazer e gastos passados a qualquer hora. Por outro, estão os aplicativos e sites que aprimoraram as antigas versões de planilhas de orçamento. Leia mais sobre essas ferramentas.
Alguns exemplos de aplicativos de finanças são: o InvestCalc, que possui um conversor de juros e relatórios detalhados sobre a sugestão de investimentos mais adequadas de acordo com os objetivos do usuário; o FinanceMobile, que mostra quando os gastos estão prestes a atingir o limite de despesas permitido e um arquivo com histórico mensal para que o usuário consulte e compare os gastos e ganhos passados; e o Financisto, aplicativo disponível apenas para Android que cria gráficos que mostram para o usuário seus gastos mais frequentes, de acordo com as despesas passadas e pode ser usado por mais de uma pessoa.
Existe, porém, um contraponto. Jurandir Sell Macedo, consultor de Finanças Pessoais do Itaú e professor da UFSC comenta que, ainda que as novas ferramentas sejam favoráveis à organização financeira, o fato de elas existirem não significa necessariamente que estejam sendo utilizadas. “As ferramentas melhoram muito a possibilidade de controle, mas, entre ter a possibilidade e executar o controle tem um espaço, e eu não sei se as pessoas estão aproveitando essas ferramentas como deveriam”, diz.
Pagamento de contas e transferências de valor
Além das conveniências de não pegar filas e não precisar pisar fora de casa para fazer um pagamento, a possibilidade de fazer transações pela internet permitiu maior alcance geográfico e eficiência, ao dispensar a necessidade de o dinheiro físico viajar de um lugar a outro e também reduzindo os riscos de assaltos, com o menor movimento de pessoas, moeda e serviços nas agências bancárias.
Os pagamentos virtuais permitem economizar com deslocamentos, além da diminuição de custos fixos de manutenção de uma agência bancária com pessoal, o que pode reverter em menos custos aos clientes.
A redução dos custos para o bancos pode ser bem alta. Tanto isto é fato, que foi criada uma modalidade de conta gratuita que pode ser movimentada exclusivamente por meios eletrônicos, como internet, terminais de autoatendimento e celular. Bancos como Itaú e Santander já oferecem esta opção de conta. Saiba como ter conta sem tarifas em sete bancos.
Outra facilidade louvável é a possibilidade de utilizar serviços bancários fora do horário de atendimento, das 9h às 17h. Por essas e outras vantagens, as transações bancárias realizadas por meio do Internet banking representam 24% do total das operações do setor, um crescimento de 20% em 2011, na comparação com o ano anterior.
Comparação de preços
Se antes a busca dos melhores preços exigia deslocamentos e grandes esforços de garimpagem, hoje existem sites que já oferecem as comparações mastigadas aos consumidores. Uma pesquisa feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com o site Buscapé, mostra que os instrumentos de comparação de preços pela internet devem proporcionar uma economia de 5,9 bilhões de reais aos consumidores no Brasil neste ano. A estimativa considera ganhos obtidos tanto no comércio eletrônico quanto nas compras em lojas físicas.
O estudo mostrou que muitos usuários pesquisam os preços virtualmente antes de concluir a compra na loja virtual. E a diferença encontrada entre o maior e o menor preço para um mesmo produto na internet foi, em média, de 39,2%.
E muito além da economia com a pesquisa de itens de consumo, a comparação na internet permite, por exemplo, redução de gastos significativos com a comparação de preços e modalidades de financiamentos entre carros e imóveis em simuladores que podem ser encontrados nos sites das instituições bancárias.
Comércio eletrônico
A internet possibilitou não só novas maneiras de fazer compras, como ampliou significativamente o acesso aos itens desejados. Hoje é possível comprar pela web desde esqueletos humanos a almas, à venda no site Demonical. Já houve quem vendesse a própria vida no site de leilões eBay, e sites como o thisiswhyimbroke.com (é por isso que estou "duro", em tradução livre) dedicam-se apenas a vender itens interessantes, apaixonantes, mas nem sempre úteis e muitas vezes caros ao que se propõem.
Bizarrices à parte, o mercado de e-commerce tem crescido bastante no Brasil. Segundo o levantamento da Fipe em parceira com o site Buscapé, há uma expectativa de crescimento de 25% nas vendas pela internet no Brasil neste ano, que resultariam em um total de 23 bilhões de reais.
Além da comodidade de receber a compra em casa e a vantagem de encontrar produtos dificilmente encontrados em lojas e shoppings, a internet possibilita também a venda e compra de produtos usados. O que pode ser bom para o comprador, que quer encontrar um item por um preço abaixo do valor de mercado, e para quem está vendendo, que tem mais possibilidades de encontrar um comprador.
No entanto, algumas orientações devem ser seguidas para que não haja problemas de segurança na compra pela internet. As principais delas são: utilizar as versões mais atualizadas de navegadores, que enviam dados de forma mais protegida, por meio da tecnologia de encriptação; ler o texto sobre a política de privacidade do site; não fornecer senhas ou outras informações de identificação por e-mail; observar se o site possui algum certificado digital; verificar o recebimento de e-mail de confirmação depois da compra; e verificar o extrato do cartão de crédito para checar se os débitos correspondem ao calor da compra realizada.
Investimentos
As buscas pela internet já são prática comum e indispensável para a maior parte dos investidores. Pela web é possível consultar notícias, tirar dúvidas e simular investimentos.
Paula Sá, gerente de atendimento ao Cliente da WinTrade/Alpes Corretora, afirma que a internet modificou completamente as formas de investimento no mercado de ações. A primeira mudança destacada por ela é a possibilidade de realizar o atendimento a investidores pela internet ou telefone, o que reduziu a necessidade de manter uma mesa de operações com uma grande equipe para fazer o atendimento. “Nossa relação com os clientes hoje, em 99% dos casos, é virtual”, explica.
Com o atendimento pela internet, também foi possível reduzir custos. Paula conta que o valor mínimo da operação realizada pela internet na corretora é de 20 reais, enquanto presencialmente, o valor sobe para 40 reais.
Paula comenta ainda que agora as informações chegam aos investidores de maneira uniforme, evitando distorções. “Antes o acesso à informação ficava mais limitado ao papel, jornal, revista e televisão. Hoje, se acontece alguma coisa do outro lado do mundo todo mundo fica sabendo praticamente ao mesmo tempo, e isso evita que meia dúzia de investidores tenham informações privilegiadas”, diz.
Jurandir Macedo ressalta, porém, que com acesso maior aos investimentos em ações, o investidor tem a impressão de que tem controle maior sobre o mercado. Em vez de a internet ajudar, portanto, acaba prejudicando os investidores que compram e vendem ações de maneira excessiva. “Pesquisas mostram que, com o excesso de operações, o investidor acaba liquidando investimentos no pior momento. O maior acesso aos home brokers gera também um sentimento exagerado de confiança, e o investidor acha que vai conseguir acertar o momento de entrar e sair. Por isso, existe um paradoxo entre ter mais controle e obter resultados”, diz.
Colaborações
Também as fronteiras da colaboração foram quebradas com a internet. As transações eletrônicas possibilitam, por exemplo, que um país em uma situação de catástrofe natural receba rapidamente milhões de doações provenientes de diversos continentes. As colaborações pela internet podem variar desde a contribuição para uma campanha política, a doação para uma família que precisa de dinheiro para uma operação e mora do outro lado do mundo e até o investimento em uma banda iniciante que precisa de recursos.
Este último exemplo tem ganhado cada vez mais adeptos. O modelo de crowdfunding é um tipo de financiamento colaborativo, no qual artistas, pequenos empreendedores e start-ups buscam angariar recursos para seus projetos por meio de doações de pessoas interessadas na iniciativa. Em boa parte dos casos de crowdfunding, a apresentação do projeto e sua divulgação são feitas pela internet. Existem sites, inclusive, que agregam diversos projetos, aumentando as chances de atrair investidores.