Dinheiro para amigos: Estabeleça um prazo de pagamento e sinta-se à vontade para cobrar (Mukhina1/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 7 de setembro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 11 de setembro de 2017 às 10h01.
São Paulo - Emprestou dinheiro para um amigo e está sem jeito de cobrar? É difícil mesmo saber se comportar quando as relações pessoais e financeiras se misturam.
“Pensamos que somos racionais quando tomamos decisões financeiras, mas na verdade nos baseamos em emoções. As pesquisas mostram que sentimos mais prazer ao ajudar alguém do que ao receber dinheiro”, explica o pesquisador em economia comportamental Renato Azevedo, professor do MBA Fipecafi e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Para ajudar você a sair dessa saia justa, EXAME.com ouviu especialistas para dar dicas de como cobrar sem perder o amigo. Tenha em mente que não é feio cobrar, mas há jeito certo para não criar climão. A seguir, confira cinco conselhos para sair dessa situação chata e ter seu dinheiro de volta sem culpa:
Tudo que é combinado antes evita amolações depois. Ao emprestar dinheiro para qualquer pessoa, o ideal é estabelecer um prazo para ter a grana de volta e, se quiser, a porcentagem de juros a receber. Se você fez isso, cobrar fica bem simples.
“Tudo o que é combinado gera menos sofrimento”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística, Gilberto Cury.
Se você não combinou o prazo de pagamento com antecedência, negocie uma data com o amigo devedor para que ele possa se organizar. Se necessário, o pagamento pode ser feito em parcelas, desde que seja de comum acordo.
Ter dificuldade para cobrar o amigo pode ser sinal de que sua autoestima não vai bem. “Cobrar nunca é fácil, mas tende a ser mais difícil se você, inconscientemente, pensa que, se cobrar, o amigo não vai mais gostar de você”, explica Cury.
Quanto mais intimidade você tem com um amigo, mais à vontade pode ficar para exigir o pagamento. Mas, não importa o nível de intimidade que você tenha com o devedor, cobrar não é errado.
“Não se envergonhe de cobrar. Assim como o amigo não se constrangeu ao pedir, você também não pode se constranger ao cobrar o dinheiro de volta”, orienta a coach financeira Vivian Sant’Anna, habilitada pela Sociedade Brasileira de Coaching (SBCoaching).
Se o empréstimo foi de baixo valor, para pagar um almoço ou dividir um presente, por exemplo, quanto antes você cobrar, melhor. O tempo torna a cobrança ainda mais constrangedora. Não é feio mandar uma mensagem com uma foto da nota fiscal ou os dados da sua conta bancária.
Para que a cobrança não seja mal-educada ou antipática, converse de maneira educada e seja sincero ao explicar por que o dinheiro faz diferença no seu orçamento. Comunique o que você quer com clareza, sem rodeios.
“É importante ser direto, honesto e criar empatia ao elencar os motivos pelos quais você precisa do dinheiro. Mostre o que você está deixando de fazer”, orienta Azevedo. Diga que se coloca no lugar do outro e que sabe que a situação financeira está difícil para todos, inclusive para você.
É grosseiro constranger o amigo ao dizer, por exemplo, que ele não pagou você, mas postou no Facebook que gastou com viagem no feriado. Também é indelicado fofocar para outras pessoas que o amigo deve dinheiro.
Em algumas situações, em vez de pedir o pagamento em dinheiro, você pode cobrar o devedor com humor. Pode, por exemplo, sugerir que o amigo pague seu almoço ou que a cerveja do dia fique por conta dele.
“Pagar a dívida dói menos quando a pessoa não vê o dinheiro e ele é simbolizado por algo”, explica Azevedo.