Fundos imobiliários, CRIs, Bolsa e fundos de renda fixa crédito privado são as sugestões da Rio Bravo (Dreamstime.com)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 15h15.
São Paulo – Com as recentes quedas de juros, dizer que o investidor terá que sair da zona de conforto para ter os mesmos rendimentos de antes virou quase um clichê. Sem os juros de dois dígitos da taxa básica da economia, algumas aplicações não trazem mais os mesmos tranquilos e satisfatórios retornos. Quem já se conformou com isso e entende que é preciso se arriscar um pouco mais se pergunta então quais seriam os investimentos certos para dar os primeiros passos para sair dessa "zona de conforto". Julio Ortiz, diretor comercial de pessoa física da Rio Bravo Investimentos, apresenta quatro investimentos que devem se destacar nos próximos meses e que podem ajudar os investidores a seguir em frente nesta nova fase.
1) Fundos imobiliários
“Os fundos imobiliários estão em alta, os clientes estão fazendo fila para investir neste tipo de aplicação. Eles estão realmente incomodados com a poupança rendendo menos”, diz Ortiz. Esse tipo de fundo geralmente investe em um ou mais imóveis corporativos para ganhar com sua valorização ou com a renda dos aluguéis. Eles também podem construir, reformar e vender propriedades, investir em imóveis residenciais ou em recebíveis imobiliários, que são papéis com lastro em imóveis, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).
Ortiz defende que o fundo imobiliário é uma boa opção de investimento, porque, apesar de ser uma aplicação com maior risco do que a poupança e outras aplicações de renda fixa, é um investimento mais “palpável”. “Apesar de ter certo risco, o fundo imobiliário dá um conforto grande ao investidor porque tem o ativo real. Se um fundo investe em determinado shopping, por exemplo, o investidor pode ir até o local e ver que o dinheiro dele está ali, tem um apelo físico”, explica.
Aplicações referenciadas ao CDI (como CDB, LCI e Letras Financeiras do Tesouro - LFTs), têm seu rendimento atrelado à variação da Selic. Estes investimentos influenciam o custo de oportunidade dos investimentos em renda variável (entre eles os fundos imobiliários), que é o raciocínio segundo o qual só interessa assumir maiores riscos no mercado da renda variável se a perspectiva de rendimentos for maior do que em investimentos de renda fixa.
Assim, com a Selic em queda, o custo de oportunidade é menor, e os investidores aceitam pagar valores mais altos pelas cotas dos fundos imobiliários, ocasionando assim uma alta nesse mercado.
O raciocínio do custo de oportunidade pode ser um caminho para a decisão do investidor. Mas, é importante lembrar que no mercado dos fundos imobiliários as tendências podem não se concretizar. Isto porque diversos fatores podem influenciar os rendimentos deste tipo de fundos, como a queda da demanda no mercado imobiliário, problemas estruturais do imóvel ou uma supervalorização do preço de venda ou do aluguel do empreendimento. Veja como escolher um bom fundo imobiliário.
2) Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs)
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são uma outra forma de investimento indireto em imóveis. O investidor, ao comprar o CRI, está comprando de uma empresa securatizadora um título de crédito baseado em contratos de financiamento, locação, arrendamento e quaisquer outros que tenham como objeto um imóvel para garantir o pagamento desse título.
No caso de um imóvel em construção, por exemplo, a construtora pode vender os recebíveis a terceiros, que são os créditos decorrentes das vendas e operações a prazo dos imóveis. Assim, ela consegue receber à vista o que ela receberia apenas depois que o imóvel estivesse pronto. E a empresa securatizadora é quem faz a transformação dos recebíveis em títulos e os comercializa.
Julio Ortiz afirma que os CRIs podem ser bastante rentáveis e por isso são boas alternativas para quem quer fugir dos investimentos que estão com o rendimento prejudicado pelas quedas de juros. “O CRI tem dois ótimos apelos: o fato de ser um investimento isento de imposto de renda; e o fato de ser um investimento que aplica em créditos privados, o que abre ao investidor a possibilidade de ganhar mais dinheiro do que nos investimentos em títulos públicos e no mercado mais tradicional dos fundos, como nos fundos DI”, diz.
Apesar da alta lucratividade possibilitada pela isenção de imposto de renda, os CRIs têm baixa liquidez (o investidor não pode resgatar o valor investido a qualquer momento) e envolvem riscos de crédito, que podem ser gerados, por exemplo, pela dificuldade dos compradores em pagar suas dívidas.
Alguns bancos, como a Caixa oferecem este tipo de aplicação a pequenos investidores, com aplicação inicial mínima de 10.000 reais. Porém, o mais comum é que os CRIs sejam voltados a investidores qualificados, com capacidade de aportes superiores a 300.000 reais.
3) Ações
O investimento em ações, para quem sempre investiu em produtos de renda fixa, como em títulos do Tesouro Nacional ou na poupança, pode soar arriscado. Mas, segundo Ortiz, esta impressão pode mudar se o investidor entender que a bolsa é um investimento que deve ser realizado no longo prazo e com orientação de profissionais com experiência no mercado de ações.
“Muitas pessoas físicas perderam dinheiro na bolsa por causa da crise e se assustaram. Ações são sempre ativos importantes, mas o investimento deve ser bem orientado, com a ajuda de um profissional. E o investidor deve ter a consciência de que é um investimento de longo prazo, para que ele consiga obter bons retornos”, explica o diretor da Rio Bravo.
Ortiz ainda justifica que o momento de baixa da bolsa pode ser propício para o investidor comprar ações desvalorizadas e ganhar com uma futura valorização. “Se o investidor seguir uma boa análise, ele pode aproveitar boas oportunidades neste momento. Uma empresa que está mal precificada agora, com certeza em algum momento voltará a ser bem precificada”, avalia.
4) Fundos de renda fixa crédito privado
Os fundos de renda fixa crédito privado investem em produtos de renda fixa, mas podem também manter mais de 20% de seu portfólio em papéis de crédito privado. Dentro desta porção de crédito, os fundos costumam aplicar principalmente em debêntures, que são os títulos de dívida de empresas, mas também podem ter papéis como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), Letras Financeiras (LFs) e Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGEs), que são títulos de dívidas de bancos. E alguns investem também em cotas de Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs), que aplicam em recebíveis de projetos de infraestrutura a empréstimos consignados e de veículos para pessoas físicas.
“Os fundos de renda fixa que adicionam um pouco mais de risco de crédito neste momento devem pagar um pouco mais do que os investimentos vinculados ao CDI e os títulos do Tesouro Direto. Eu acredito fortemente que o mercado de crédito privado deve se fortalecer nos próximos meses”, opina Ortiz.
Por conta da diversidade de ativos que podem fazer parte deste fundo, os riscos podem variar de acordo com a estratégia do gestor. Sendo assim, o investidor que deseja aplicar em um tipo de produto como este deve pesquisar as carteiras dos fundos para escolher aquele que se adeque melhor ao seu perfil.
Especialistas também orientam que, para aplicar em fundos de crédito privado, o investidor tenha certa tolerância a riscos e entenda que o investimento pode ter baixa liquidez, uma vez que alguns fundos permitem que o resgate do dinheiro investido seja feito no dia seguinte ao pedido e outros apenas depois de um mês.