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4 dicas para não se endividar com o presente do Dia das Crianças

Preço de produtos infantis subiram mais que a inflação oficial; especialista explica formas de não cair em uma armadilha financeira

Dia das Crianças: especialista recomenda que o gasto com presentes de datas sazonais não ultrapasse 5% do orçamento mensal livre (Tony Anderson/Getty Images)

Dia das Crianças: especialista recomenda que o gasto com presentes de datas sazonais não ultrapasse 5% do orçamento mensal livre (Tony Anderson/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 11h04.

O Dia das Crianças é uma data comercial para presentear os pequenos, mas movimenta grandes cifras. A Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC) prevê vendas na ordem de R$ 10 bilhões e que, se confirmadas, serão as maiores em dez anos.

Com os preços no patamar em que estão, talvez não seja tão difícil alcançar essa cifra. Um levantamento feito pela Rico mostra que o preço dos itens presenteáveis para essa data subiu mais do que a inflação oficial neste ano.

Entre janeiro e agosto o IPCA avançou 3,15%. A cesta de presentes avaliada pelo Rico, que inclui doces, brinquedos, vestuário e videogames, subiu 4,01%.

“Mesmo com essa aceleração recente, a cesta apresenta certa estabilidade se comparada aos itens isolados, mostrando que o impacto da inflação depende muito do tipo de produto”, explica Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico.

Chocolates e bombons, por exemplo, ficaram 17% mais caros este ano. O valor dos consoles de videogames, na média, avançou 7,91%. São os itens da cesta que mais subiram de preço no período analisado.

A tabela abaixo apresenta a visão consolidada da cesta:

 
ItemA partir de jan/20Acumulado 12 meses2025
Índice geral - IPCA37,66%5,13%3,15%
Balas32,99%5,79%3,82%
Chocolate em barra e bombom74,82%23,42%16,92%
Sorvete73,28%2,09%2,88%
Bolo48,18%1,12%-0,43%
Utensílios para bebê27,26%3,09%3,43%
Videogame (console)27,65%6,75%7,91%
Roupa infantil28,89%2,97%1,14%
Sapato infantil41,25%4,85%2,51%
Instrumento musical36,85%7,82%3,57%
Bicicleta29,56%2,27%0,30%
Brinquedo20,93%1,51%2,46%
Livro didático31,33%5,68%4,26%
Cesta39,09%5,52%4,01%

Cuidado com a diferença de preço

Um outro estudo, da Fundação Procon de São Paulo, mostra, por sua vez, que uma boa pesquisa faz toda a diferença. O levantamento constatou que a variação de preço de um mesmo brinquedo pode chegar a 239,85%. 

Na pesquisa, o Procon coletou valores de 81 itens, como bonecos, jogos e massas de modelar, em sete grandes sites de varejo e lojas físicas — incluindo as especializadas em venda de brinquedos.

O brasileiro está disposto a gastar menos este ano

Para o próximo Dia das Crianças, 68% dos brasileiros afirmam que pretendem comprar presentes — percentual superior aos 60% registrados em 2024, como mostra a pesquisa do Instituto Datafolha.

O gasto médio estimado é de R$ 219, ligeiramente abaixo dos R$ 231 do ano passado. O estudo também mostra que os homens devem desembolsar mais (R$ 273, em média) do que as mulheres (R$ 166).

O Sudeste tem o maior valor médio de gasto previsto para o Dia das Crianças (R$ 248), acima da média nacional. Em seguida vêm Centro-Oeste (R$ 217), Norte e Nordeste (R$ 196), enquanto o Sul apresenta o menor valor (R$ 192).

Como não se endividar?

O Dia das Crianças é uma daquelas datas comerciais que caem na metade do mês, quando o salário provavelmente já acabou e o próximo pagamento ainda vai demorar a cair. Com um agravante: a proximidade com as maiores datas do comércio no ano, como a Black Friday e o Natal. O planejamento é essencial, pois são muitas compras em um curto espaço de tempo.

O Procon-SP traz as dicas básicas: pesquisar preços, e, no caso de compras on-line, comparar o valor do frete.

Consultado pela EXAME, Hulisses Dias, mestre em finanças pela Universidade de Sorbonne, dá quatro dicas para uma data lúdica não virar perrengue financeiro.

01. Reserve uma parte do seu orçamento para isso

“Sugiro que o gasto com presentes de datas sazonais não ultrapasse 5% do orçamento mensal livre, aquele que sobra após cobrir as despesas essenciais. Se o presente for de valor mais alto, a dica é negociar e priorizar o pagamento à vista ou em poucas parcelas”, diz o economista.

02. Cuidado com o parcelamento

“No caso do crédito parcelado, evite a todo custo assumir compromissos longos, que podem comprometer o limite do cartão e se somar a compras de Natal ou de outras datas importantes. O ideal é que o presente deste mês seja quitado antes de o 13º salário chegar”, afirma Dias.

03. Atenção para o ‘timing’ da compra

Segundo o especialista, o "timing" da compra também é crucial: como o Dia das Crianças cai na primeira quinzena de outubro, geralmente antes do pagamento da maioria dos salários, muitos consumidores podem se sentir tentados a comprar com o crédito ou cheque especial. “Essa armadilha deve ser evitada a todo custo, dadas as altas taxas de juros."

04. Deixa compras mais caras para o final do ano

“Considere se não é mais estratégico deixar os presentes mais caros para o fim do ano. A chegada da Black Friday (em novembro) e o 13º salário (entre novembro e dezembro) proporcionam um poder de compra maior e a chance de encontrar ofertas mais vantajosas. Lembre-se que o verdadeiro valor da data está na celebração e não apenas no valor do presente”, destaca.

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