Repórter
Publicado em 24 de março de 2025 às 07h31.
A Xiaomi, conhecida mundialmente por seus smartphones, entrou recentemente no mercado de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês), anunciou uma captação de até US$ 5,27 bilhões em uma nova rodada de emissão de ações. A operação foi registrada nesta segunda-feira, 24, e sinaliza uma estratégia agressiva de crescimento para os próximos anos.
A transação será realizada por meio de uma colocação suplementar de 750 milhões de ações da classe B, segundo um documento de termos obtido pela agência Reuters. Os papéis estão sendo ofertados entre HK$ 52,80 e HK$ 54,60, o que representa um desconto de até 7,4% em relação ao valor de fechamento da ação nesta segunda-feira, que foi de HK$ 57.
O montante arrecadado será destinado à expansão de negócios, pesquisa e desenvolvimento tecnológico e fins corporativos gerais.
A movimentação acontece em um contexto de forte aquecimento no mercado de capitais de empresas chinesas. Só no primeiro trimestre de 2025, a emissão de ações por companhias da China já somou US$ 16,8 bilhões, mais que o dobro do valor registrado no mesmo período de 2024, de acordo com dados da LSEG.
A Xiaomi não está sozinha nessa ofensiva. No início do mês, a também fabricante de veículos elétricos BYD levantou US$ 5,59 bilhões, em uma das maiores ofertas de ações em Hong Kong nos últimos quatro anos.
A entrada da Xiaomi no setor de EVs, iniciada no ano passado, já começa a impactar os números da companhia. No último trimestre de 2024, a empresa reportou um aumento de quase 50% na receita, impulsionada, entre outros fatores, pelo crescimento nas vendas de automóveis elétricos. A meta de entregas para 2025 foi revisada de 300 mil para 350 mil unidades.
Para sustentar essa expansão, a Xiaomi planeja ampliar significativamente sua presença física, com a abertura de novas unidades Mi Home. O plano é inaugurar 10 mil novas lojas fora da China nos próximos cinco anos.
O momento também reflete uma mudança no apetite dos investidores estrangeiros em relação às ações chinesas. Após anos de rigor regulatório, o governo chinês tem sinalizado uma postura mais branda com as grandes empresas de tecnologia, o que, somado ao surgimento de empresas promissoras como a desenvolvedora de software de IA DeepSeek, reacendeu o interesse de investidores internacionais.
A operação de colocação das ações da Xiaomi está sendo coordenada por três grandes instituições financeiras globais: Goldman Sachs, CICC e JPMorgan, segundo a Reuters.