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Warren Buffett divulga última carta como CEO e acelera doações

A Berkshire Hathaway encerrou setembro com US$ 381,6 bilhões em caixa

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 17h13.

Aos 95 anos, o megainvestidor Warren Buffett divulgou nesta segunda-feira, 10, sua última carta como CEO da Berkshire Hathaway (BRK/A), empresa que comanda desde 1965 e que transformou em um conglomerado com valor de mercado próximo a US$ 1 trilhão.

No texto, Buffet informou que irá acelerar a doação de suas ações da Berkshire, atualmente avaliadas em aproximadamente US$ 149 bilhões, às fundações de seus três filhos, citando sua idade avançada. Segundo ele, a decisão “aumentará a probabilidade de que eles se desfaçam do que será essencialmente todo o meu patrimônio antes que outros administradores os substituam”.

O sucessor de Buffett será Greg Abel, atual vice-presidente responsável pelas operações fora do setor de seguros, enquanto o “Oráculo de Omaha” permanecerá como presidente do conselho.

“Gostaria de manter uma quantidade significativa de ações ‘A’ até que os acionistas da Berkshire desenvolvam a mesma confiança em Greg que Charlie e eu tínhamos há muito tempo”, escreveu Buffett, em referência a Charlie Munger, vice-presidente de longa data da Berkshire, que morreu há dois anos. “Esse nível de confiança não deve demorar muito. Meus filhos já apoiam Greg incondicionalmente, assim como os diretores da Berkshire."

Aceleração das doações

Ele afirmou que 1.800 de suas ações da Berkshire Hathaway classe A foram convertidas em 2,7 milhões de ações classe B e doadas na segunda-feira a quatro fundações familiares: a Fundação Susan Thompson Buffett, a Fundação Sherwood, a Fundação Howard G. Buffett e a Fundação NoVo. O montante equivale a mais de US$ 1,3 bilhão.

“A aceleração das minhas doações vitalícias para as fundações dos meus filhos não reflete, de forma alguma, qualquer mudança na minha opinião sobre as perspectivas da Berkshire”, destacou.

A carta marca a primeira comunicação importante de Buffett desde o anúncio de sua aposentadoria, simbolizando o fim de uma trajetória de seis décadas à frente de uma das empresas mais admiradas do mundo e consolidando seu legado como um dos maiores investidores da história.

“Envelheci tarde"

Em um dos trechos mais pessoais da carta, Buffett deu uma rara atualização sobre sua saúde. “Para minha surpresa, no geral me sinto bem. Embora me mova lentamente e leia com crescente dificuldade, estou no escritório cinco dias por semana, onde trabalho com pessoas maravilhosas”, escreveu. “Envelheci tarde... mas uma vez que a idade chega, não há como negar.”

Ele também dedicou parte de sua carta a reafirmar a solidez da Berkshire, dizendo que ela foi projetada para resistir a praticamente qualquer ambiente econômico. “A Berkshire tem menos probabilidade de sofrer um desastre do que qualquer outra empresa que eu conheça”, disse.

A Berkshire Hathaway encerrou setembro com US$ 381,6 bilhões em caixa, um recorde que reflete a força financeira da empresa e a postura cautelosa de Buffett, que mantém a venda de ações por 12 trimestres consecutivos diante de um mercado considerado caro.

Apesar da mudança no comando, a Berkshire segue com desempenho positivo. No terceiro trimestre, os lucros com seguros mais que triplicaram, reflexo da ausência de grandes sinistros e da retenção de prêmios. O caixa da companhia atingiu US$ 382 bilhões, o maior nível já registrado. As ações da empresa subiram cerca de 5% na última semana, mesmo com retração nos principais índices do mercado norte-americano.

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