Warren Buffett (David A. Grogan/Getty Images)
A Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, está apostando pesado no Citigroup.
A holding do maior investidor do mundo comprou cerca de 2,8% do capital do Citigroup ao longo do primeiro trimestre por US$ 3 bilhões. Um dos maiores investimentos dos últimos tempos de Warren Buffet.
A compra de ações do banco teria ocorrido quando a Berkshire Hathaway vendeu o restante de sua posição no Wells Fargo.
O Wells Fargo é um banco rival do Citigroup, e foi um marco histórico no portfólio de Buffett por mais de três décadas.
Nos últimos anos, o banco gerou muitas dores de cabeça para seus acionistas, com uma série de escândalos (incluindo comissões infladas até oito vezes).
A compra de ações do Citigroup foi divulgada pela Berkshire Hathaway através de um documento regulatório entregue à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC.
No documento, foram indicadas as movimentações de compra e de venda realizadas no primeiro trimestre.
Após a divulgação da notícia, as ações do Citigroup dispararam na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), chegando a sbuir quase 8% por volta das 11h locais.
Buffett decidiu investir pesado no primeiro trimestre desse ano, aproveitando da elevada volatilidade do mercado de ações.
O mega-investidor já injetou US$ 51,5 bilhões no mercado, adquirindo ações de várias empresas.
Basicamente a Berkshire usou nos primeiros três meses do ano 30% do caixa acumulado até o final de 2021, que chegou ao valor recorde de US$ 146,7 bilhões.
Buffett tem ainda munição de sobra para ir às compras, em um momento de venda generalizada de ações nos mercados.
Grandes empresas de tecnologia, bancos e varejo estão sofrendo muito na Bolsa de Valores de Nova York.
Por sua vez, o Citigroup caiu cerca de 21% em 2022. Um resultado menor do que o desempenho do índice S&P 500, que caiu 16 por cento no ano.
Mas, como sempre, Buffett está de olho em outra coisa: a lucratividade do banco.
Hoje o Citigroup é o único grande banco dos EUA que negociado abaixo do valor contábil, a US$ 0,52 por cada dólar.
Aparentemente, nem as perdas de até US$ 3 bilhões que o Citi anunciou após o começo da guerra na Ucrânia, por causa da liquidação compulsória de suas atividades na Rússia, desanimou Buffett.
Evidentemente, ele tem confiança nos projetos da CEO do Citigroup, Jane Fraser, que prometeu aumentar os retornos vendendo negócios menos eficientes, como o banco de varejo internacional, e se concentrar em divisões mais lucrativas, como gerenciamento de patrimônio e serviços de transações.
Frase é a primeira mulher chefe de um grande banco dos EUA, tendo chegando no comando do Citigroup há cerca de um ano.
Ela estabeleceu uma meta de médio prazo de 11% a 12% para retorno sobre ações ordinárias tangíveis, com o objetivo de reformar uma empresa que há anos tem um desempenho profundamente inferior ao de rivais dos EUA.
Mas Buffett não comprou apenas o Citi, ele também aproveitou desse primeiro trimestre para rebalancear a carteira da Berkshire Hathaway.
As vendas de ações totalizaram US$ 9,7 bilhões, incluindo as participações em empresas como AbbVie e Bristol-Myers Squibb.
O conglomerado comprou US$ 7,7 bilhões em ações da empresa de petróleo e gás Occidental Petroleum e aumentou sua participação na petrolífera Chevron.
As ações da Occidental subiram quase 120% este ano, enquanto a Chevron subiu 45%, puxadas pela alta das cotações internacionais da energia, com a forte demanda mundial e a perspectiva de oferta reduzida da Rússia.
Buffett está de olho em empresas da "velha economia". Ele tinha antecipado esse movimento durante a mais recente reunião anual dos acionistas da Berkshire Hathaway, no começo de maio.
Para o "oráculo de Omaha", o mundo vai enfrentar um período longo de inflação, principalmente de energia e commodities.
E isso vai beneficiar as empresas produtoras desses insumos.
Por isso, ele deixou claro que seus próximos investimentos serão em empresas desse setores, como petróleo e gás, aço, matérias primas, entre outras.
A holding de Buffett também investiu US$ 2,6 bilhões na Paramount Global, o grupo de mídia americano anteriormente conhecido como ViacomCBS, e comprou US$ 400 milhões em ações da credora Ally Financial.
Além disso, foram realizados investimentos na distribuidora McKesson, na holding de seguros Markel, na indústria química Celanese, na produtora de computadores e impressoras HP e na Activision Blizzard, além de US$ 2 bilhões na General Motors.
Entretanto, a Apple (AAPL34) se confirma a maior posição de Buffett, segunda pelo Bank of America (BOAC34) e American Express (AXPB34), e com a a Chevron (CHVX34) na quarta posição.