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Wall Street em risco? CEO do JPMorgan alerta para correção no mercado dos EUA

Jamie Dimon disse que incertezas globais e fiscais aumentam risco de forte correção no mercado americano

Jamie Dimon: CEO do JPMorgan disse que nem todos ganharão com investimentos em IA (Bloomberg/Getty Images)

Jamie Dimon: CEO do JPMorgan disse que nem todos ganharão com investimentos em IA (Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 10h17.

O CEO do banco JPMorgan Chase, Jamie Dimon, afirmou que o mercado acionário dos Estados Unidos pode enfrentar uma correção significativa nos próximos seis meses a dois anos. Em entrevista à BBC, o executivo disse estar “muito mais preocupado do que outros” com o risco de queda, em meio a um ambiente de incertezas crescentes.

Dimon citou como fatores de risco as tensões geopolíticas, os níveis elevados de gastos fiscais e a remilitarização global. “Todas essas coisas causam muitos problemas para os quais não temos respostas”, disse o CEO. Para ele, os investidores subestimam o grau de incerteza, que deveria estar mais elevado do que o normal.

As declarações foram dadas durante uma visita a Bournemouth, no Reino Unido, onde o banco anunciou um investimento de cerca de £350 milhões em seu campus local, além de uma doação filantrópica de £3,5 milhões a organizações sem fins lucrativos.

Bolha no mercado de IA?

O alerta vem num momento em que parte do forte crescimento recente das bolsas foi impulsionado por investimentos em inteligência artificial.

O Banco da Inglaterra chegou a comparar a alta atual à "bolha das pontocom" dos anos 1990, dizendo que as avaliações das empresas de tecnologia ligadas à IA “parecem esticadas”, com risco crescente de uma correção acentuada.

Dimon reconheceu o potencial da IA, mas ressaltou que, assim como aconteceu com a popularização dos carros e das TVs, nem todos os investidores sairão ganhando. Parte do capital investido, segundo ele, “provavelmente será perdido”.

Segurança global

Na entrevista, o executivo também comentou sobre segurança global, tema que tem ganhado destaque em suas declarações.

Em carta a acionistas neste ano, Dimon alertou que os EUA ficariam sem mísseis em sete dias em caso de conflito no mar do Sul da China. Na entrevista, defendeu estoques militares maiores: “O mundo está muito mais perigoso e eu prefiro segurança do que não tê-la”, disse o CEO.

Papel dos EUA

Outro ponto de atenção, segundo Dimon, é a independência do banco central americano, o Federal Reserve (Fed). Apesar das críticas do presidente Donald Trump ao presidente do Fed, Jerome Powell, Dimon afirmou acreditar que a instituição manterá sua autonomia.

Além dos alertas econômicos, ele reconheceu que os EUA se tornaram “um pouco menos confiáveis” no cenário internacional, mas destacou que algumas ações do governo americano levaram a Europa a reforçar seus investimentos na OTAN e a enfrentar seus desafios de competitividade econômica.

Dimon também se mostrou otimista sobre um possível acordo comercial entre os Estados Unidos e a Índia, afirmando que conversou com membros do governo Trump e que a retirada de tarifas adicionais sobre o país asiático “está nos planos”.

O executivo, que frequentemente tem seu nome citado em especulações políticas, disse não ter intenção de concorrer a cargos públicos. “Se me dessem a presidência, eu aceitaria. Acho que faria um bom trabalho”, afirmou em tom bem-humorado, segundo a BBC.

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