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Wall Street caminha para terceiro ano de perdas com Treasuries

Os gestores de renda fixa nos EUA lidam com um dos anos mais difíceis de que se tem notícia

Wall Street: Os investidores têm pago cada vez menos pelos títulos no mercado secundário para garantir rendimentos cada vez mais altos como recompensa pelo risco (fotog/Getty Images)

Wall Street: Os investidores têm pago cada vez menos pelos títulos no mercado secundário para garantir rendimentos cada vez mais altos como recompensa pelo risco (fotog/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 16 de outubro de 2023 às 10h39.

Wall Street achava que 2023 seria o ano dos Treasuries. Em vez disso, os gestores de renda fixa nos EUA lidam com um dos anos mais difíceis de que se tem notícia.

Lacy Hunt, o economista-chefe da Hoisington Investment Management, que aos 81 anos tem uma bagagem de meio século analisando mercados e política monetária do Federal Reserve, disse que esse foi o ano mais duro de toda a sua carreira.

No HSBC, o chefe global de pesquisa em renda fixa, Steve Major, disse que “errou” ao presumir que a oferta crescente de dívida do governo americano não importava. No início deste mês, o Morgan Stanley finalmente se juntou ao Bank of America e passou para um posicionamento neutro em relação aos títulos do Tesouro dos EUA.

Os investidores têm pago cada vez menos pelos títulos no mercado secundário para garantir rendimentos cada vez mais altos como recompensa pelo risco. Os de 10 e 30 anos são negociados com yields perto de 5% pela primeira vez desde 2007. Os gestores que já detinham a dívida em suas carteiras saem perdendo.

“Foi um ano muito, muito humilhante”, disse Hunt. O fundo Wasatch-Hoisington U.S. Treasury Fund acumula 13% de perda este ano, na esteira de um tombo de 34% no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A guerra entre Israel e Hamas freou a derrocada recente dos Treasuries na semana passada, graças à demanda por ativos seguros. Mas nesta segunda-feira, com a expectativa de que a diplomacia dos EUA conseguirá evitar uma escalada regional do conflito, os juros exigidos pelos investidores voltaram a subir. O yield de 10 anos chegou a avançar 0,09 ponto percentual, para cerca de 4,7%.

Mesmo com a desaceleração da inflação nos EUA, dados sobre emprego e outros indicadores econômicos permanecem fortes. Isso pegou de surpresa quem chegou a achar que o Fed poderia flexibilizar a política monetária ainda este ano e comprou Treasuries para garantir rendimentos que já pareciam altos, na expectativa de que os títulos se recuperariam. Pela primeira vez, os Treasuries caminham para um terceiro ano consecutivo de perdas anuais.

Com o fim das compras de Treasuries do Fed para injetar liquidez no sistema financeiro, os déficits crescentes dos EUA e a necessidade de emitir cada vez mais dívida passaram a preocupar os investidores. Ao mesmo tempo, a inflação global impulsionada por choques como os gargalos logísticos da pandemia e a guerra na Ucrânia fugiu dos padrões a que o mercado estava acostumado.

No passado, “não houve nenhum declínio tão grande na inflação que não fosse associado a uma recessão”, disse Hunt, da Hoisington. “O fato de o PIB ainda estar aumentando não tem precedentes.”

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