Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB): bolsa sobe e dólar cai com votação expressiva de Aécio Neves (Paulo Whitaker, Washington Alves/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2014 às 14h02.
São Paulo - Os mercados financeiros no Brasil reagiam com otimismo nesta segunda-feira ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, após a votação do candidato da oposição Aécio Neves (PSDB) superar expectativas e deixar mais acirrada a disputa com a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição.
No entanto, apesar do bom humor, analistas ainda esperam que a volatilidade na bolsa de valores e no câmbio permaneça elevada até a definição das eleições, no próximo dia 26.
Após o resultado do primeiro turno, a expectativa entre analistas é que Dilma e Aécio têm chances parecidas de vencer, e o noticiário político, incluindo as pesquisas de intenção de voto, continuarão a ditar o rumo dos negócios com ativos brasileiros.
O Ibovespa subiu 8 por cento logo após o começo do pregão desta segunda. Embora tenha desacelerado os ganhos, ainda avançava 4,8 por cento às 13h28, com destaque para ações sensíveis ao resultado da eleição, como as de estatais e do setor financeiro.
Os papéis papéis preferenciais da Petrobras tinham valorização de 11,6 por cento, tendo atingido alta superior a 17 por cento na máxima.
O dólar recuava 1,87 por cento, a 2,4157 reais na venda, após cair 3,4 por cento logo após a abertura dos negócios, sendo negociado a 2,3782 reais na mínima do dia.
Profissionais do mercado financeiro têm mostrado descontentamento com a política econômica do atual governo e o que consideram intervencionismo do atual governo em empresas estatais.
Aécio tem a preferência dos mercados, pois o PSDB tem historicamente uma posição mais ortodoxa nas questões econômicas. Além disso, o candidato tucano já anunciou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga será seu ministro da Fazendo caso seja eleito.
"A oposição mostra mais clareza para a condução da economia, tendo já escolhido até o ministro da Fazenda. É possível que, agora, o governo atual tenha que dar mais indicação do que deve fazer nesta área", disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall, que foi secretário do Tesouro Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No mercado de juros futuros na BM&F, os DIs desabavam. O contrato para janeiro de 2021, um dos mais líquidos, chegou a 11,30 por cento na mínima do dia, queda de 0,75 ponto percentual. O DI para janeiro de 2017 voltava a ficar abaixo de 12 por cento, alcançado na última semana pela primeira vez desde maio.
No primeiro turno, Dilma teve 41,6 por cento dos votos válidos, ou quase 43,3 milhões, enquanto Aécio ficou com 33,6 por cento, ou 34,9 milhões, acima do previsto nas pesquisas.
Para o Credit Suisse, as primeiras simulações de segundo turno podem indicar votação muito próxima entre os dois candidatos à Presidência, se a conversão dos votos da terceira colocada, a ex-senadora Marina Silva (PSB), permanecer a mesma que era apontada nas últimas pesquisas de intenção de voto.
Em relatório a clientes, o Credit Suisse destacou que a equalização do tempo de televisão pode ser um fator importante para tornar a disputa pelo segundo turno ainda mais competitiva, com Aécio tendo agora o mesmo tempo de Dilma na propaganda eleitoral obrigatória. CÂMBIO
Ainda deve subir
Especialistas alertaram que o movimento de queda do dólar deve ser um comportamento de curto prazo. "Pelos fundamentos, nós deveríamos ter um dólar mais forte. O patamar de 2,50 reais é mais realista que o patamar de 2,20 reais ou 2,30 reais", disse Kawall, do Banco J. Safra.
Na mesma linha, o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, acredita que a tendência do dólar no médio prazo é de alta ante a moeda brasileira, apesar da instabilidade esperada no curto prazo. "É difícil definir um patamar, mas a trajetória caminha para 2,70 reais ao longo do próximo ano", disse ele.