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VIX do Brasil: "Índice do Medo" chega à B3 sob expectativa de contratos futuros e ETFs

Índice medirá a percepção de risco do mercado sobre o Ibovespa; estreia ocorre na abertura do pregão nesta terça-feira, 19

Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 19 de março de 2024 às 00h01.

Última atualização em 19 de março de 2024 às 11h38.

O Índice de Volatilidade VIX ganhou uma versão brasileira desenvolvida numa parceria entre B3 e S&P, A estreia ocorre nesta terça-feira, 19, data do anúncio oficial. O VIX do Brasil seguirá a mesma metodologia do original. A principal diferença é que será medido com base no Ibovespa, em vez de se basear no S&P 500. O nome oficial é B3/S&P Ibovespa VIX — tão grande que seus próprios criadores já esperam por um apelido. Seu ticker (forma como é encontrado em plataformas de negociação), VXBR, sugere VIX Brasil. No exterior, o VIX é conhecido como o "Índice do Medo (e da Ganância)".

O apelido não foi dado à toa, mas por sua dinâmica própria. O VIX, basicamente, sobe quando aumenta-se a percepção de risco no mercado.

Quanto maior o pânico e a incerteza, maior será a pontuação do VIX.

Nesses momentos, o índice costuma apresentar súbitos movimentos de alta. Na chegada da pandemia, em 2020, o VIX S&P 500 saltou 476% para 85,47 pontos entre 18 de fevereiro e a máxima de 18 de março. Só que, já com as bolsas em alta, o índice fechou aquele ano a 22.75 pontos.

Como funciona o VIX?

De modo geral, quando o índice está abaixo de 15 pontos é sinal de otimismo. Abaixo de 25 seria o neutro e acima indicaria um risco razoável.

O Índice VIX mede a volatilidade anualizada esperada pelo mercado para os próximos 30 dias. No caso do Índice Brasil, a volatilidade esperada é a do Ibovespa. Sua medição é feita por meio de contratos de opções com vencimentos nos próximos 2 meses. Essa volatilidade extraída é implícita nos prêmios dos contratos sendo negociados. Quanto maior o valor do prêmio, maior é a volatilidade.

No mercado de opções, o comprador paga um valor fixo por uma opção (que pode ser de compra ou de venda). Esse valor é chamado de "prêmio" e varia conforme a expectativa de volatilidade. Isso porque quanto maior a expectativa de volatilidade, maior é o risco da operação. Portanto, cobra-se um valor mais alto para se vender uma opção.

Por que o VIX é importante

O VIX, sozinho, dá uma ideia de como está a percepção de risco no mercado. Mas pode ser um índice poderoso se atrelado a outras ferramentas. A principal delas seriam os contratos futuros de VIX Brasil, que, segundo a B3, já estão sendo estudados. Ainda não há data de lançamento, nem previsão.

Com os futuros de VIX Brasil seria possível utilizar a variação do índice como proteção no portfólio ou especulação, além da criação de ETFs que seguem sua dinâmica. Ou até mesmo um VIX do VIX Brasil, caso seja negociado no mercado de opções. As opções são tão grandes quanto as opções do mercado para este produto.

A B3, junto com a S&P, afirmou que irá passar por rodadas de conversa com agentes do mercado para entender as principais demandas sobre o produto, mas o clima é de otimismo. Afinal, é um índice já consagrado em diversos mercados, sendo utilizado por traders, investidores e até estudiosos do mercado. Existem versões do VIX, por exemplo, de pares de moeda (euro/dólar), do índice europeu Stoxx 50, de títulos do governo americano e outros tantos mais.

Evolução de mercado

O Cboe Volatiliy Index, atrelado às opções de S&P 500, foi o primeiro VIX a ser criado, em 1993, na Bolsa de Opções de Chicago. Henio Scheidt, gerente de desenvolvimento de mercado da B3, afirma que só foi possível criar um VIX brasileiro agora devido ao maior volume negociado no mercado de opções.

O maior volume de ofertas em tela e a presença de 8 formadores de mercado permitiram a criação de um backtest de dois anos do VIX brasileiro, não mais que isso.

A análise foi suficiente para notar uma correlação positiva com o VIX americano, devido à influência de fatores externos no mercado brasileiro. Só que em momentos de risco relevante local, como no período das eleições, o comportamento foi diferente, como auferido pela equipe de desenvolvimento do índice. Porém, ainda há questões em aberto, como se no longo prazo o VIX médio do Ibovespa será mais alto que do S&P pela maior percepção de risco.

A estreia do VIX está programada para às 10h de hoje, quando abrirá o pregão na bolsa. A data, diga-se de passagem, não poderia ser mais propícia: a apenas um dia das decisões de juros do Brasil e Estados Unidos.

Não há dúvida de que a chegada do VIX representa um avanço para o mercado. Mas, se aqui, o índice será apelidado de Índice do Medo, da Ganância, ou apenas do Brasil, dependerá dos efeitos desta Super Quarta.

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