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Visita do papa ao Rio ajuda a derrubar peso argentino

Peregrinos estão aumentando a demanda por moeda estrangeira durante a temporada de férias, ajudando a empurrar o peso para a sétima semanas de baixa


	O controle cambial provocou que muitos dos peregrinos que vão ao Rio de Janeiro e os turistas que estão viajando para as férias de inverno no exterior recorressem ao mercado negro
 (Diego Giudice/Bloomberg)

O controle cambial provocou que muitos dos peregrinos que vão ao Rio de Janeiro e os turistas que estão viajando para as férias de inverno no exterior recorressem ao mercado negro (Diego Giudice/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2013 às 15h01.

Buenos Aires – Milhares de católicos argentinos que planejam assistir a visita do Papa Francisco, esta semana, ao Brasil estão aumentando a demanda por moeda estrangeira durante a temporada de férias, ajudando a empurrar o peso para a sétima semana de baixa no mercado paralelo.

A taxa de câmbio implícita por diferenças de preços entre os títulos denominados em dólar negociados no exterior e seu preço local em pesos despencou 6,1 por cento este mês para 8,2789 pesos por dólar.

A queda na taxa chamada blue-chip swap está corroendo o retorno baseado em dólar nos títulos denominados em pesos. Os títulos locais com vencimento em 2018 perderam 2 por cento desde 1 de julho, nos dólares em taxa não oficial, enquanto papéis semelhantes mexicanos ganharam 4 por cento.

O controle cambial provocou que muitos dos peregrinos que vão ao Rio de Janeiro e os turistas que estão viajando para as férias de inverno no exterior recorressem ao mercado negro, fazendo com que o peso enfraqueça e torne os ativos em moeda local menos atraentes, de acordo com José Luis Espert, que dirige a empresa de pesquisas Espert Asociados.

Após a reeleição em 2011, a presidente Cristina Kirchner proibiu a maioria das compras de moeda para conter a fuga de capitais que quase dobrou para US$ 21,5 bilhões no ano anterior.

"O fator sazonal de argentinos que viajam nas férias de inverno, com alguns que vão ver o Papa, está aumentando uma tendência geral de crescimento da demanda por dólares", disse Espert em uma entrevista por telefone de Buenos Aires.

Ele disse que em um país onde a inflação anual é de cerca de 25 por cento e onde o Banco Central imprime pesos a uma taxa de 30 por cento ao ano, muitas pessoas compram dólares para proteger o valor de suas economias.


A taxa blue-chip enfraqueceu de um recorde de baixa de 9.56 pesos por dólar em 5 de maio para 7.65 em 2 de julho. No mercado não regulamentado, o peso despencou 6,7 por cento este mês para 8,47 pesos por dólar, ou 55 por cento sobre a taxa oficial de 5,4619, de acordo com os preços controlados pelo jornal Ámbito Financiero, de Buenos Aires.

As instituições religiosas estão autorizadas a comprar moeda estrangeira e transferir fundos para o exterior para cobrir as despesas em eventos internacionais, disse um funcionário do Banco Central, que pediu para não ser identificado.

As pessoas que vão ver o Papa estão sujeitas às mesmas regras para a compra de moeda como qualquer outro viajante, que deve obter autorização através do site do órgão fiscal do país, a AFIP (Administração Federal de Ingressos Públicos).

O órgão, que aprova ou rejeita as operações cambiais, de acordo com critérios não revelados, recusou um pedido para a compra de reais feito por Florencia Papagni, que planeja viajar para o Rio de Janeiro.

Operação rejeitada

Papagni começou tentando trocar 9.000 pesos (US$ 1.648) por reais e progressivamente reduziu a quantidade depois que cada pedido foi recusado. Sua aplicação final para vender 1.000 pesos (US$ 184 dólares) também foi rejeitada.


Porta-vozes da agência tributária não retornaram às ligações telefônicas em busca de comentários.

José Nogueira, diretor de comércio de câmbio na corretora ABC Mercado de Cambio, em Buenos Aires, disse que a demanda de turistas é marginal e que a inflação e a preocupação com o futuro da segunda maior economia da América do Sul são a principal razão para o declínio do peso nos mercados não oficiais.

"O peso está enfraquecendo porque as pessoas querem cobrir o risco de incerteza econômica do país com dólares", disse Nogueira em uma entrevista por telefone.

Ámbito Financiero, Clarín e outros jornais de Buenos Aires informaram que o Secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, ordenou as casas ilegais de operações cambiárias a pararem de vender dólares e restringir o comércio de títulos usados para a troca de blue-chip swaps.

Moreno não respondeu uma ligação e um e-mail em busca de comentários.

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