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Verde vê “sinais de um incipiente credit crunch” na economia brasileira

Segundo a gestora, os prêmios de risco dos ativos brasileiros seguem bastante altos, mas o mercado tem precisado ter foco no "barulho gerado pelo novo governo"

Luis Stuhlberger: gestora Verde diz que prêmios de risco dos ativos brasileiros seguem bastante altos (Germano Lüders/Exame)

Luis Stuhlberger: gestora Verde diz que prêmios de risco dos ativos brasileiros seguem bastante altos (Germano Lüders/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de março de 2023 às 08h41.

A gestora Verde, de Luis Stuhlberger, vê sinais de um "incipiente credit crunch" na economia brasileira. Ou seja, já tem no radar o começo de uma crise de crédito, para a qual, diz a gestora em sua carta sobre o desempenho de seu fundo em fevereiro, o "enfrentamento requer boas políticas públicas e não bravatas". 

Segundo a gestora, os prêmios de risco dos ativos brasileiros seguem bastante altos, mas o mercado tem precisado ter foco no que a Verde chama de barulho do governo.

"Mesmo medidas corretas da perspectiva fiscal, como a reoneração dos combustíveis, conseguem ser acompanhadas de graus excessivos de ruído desnecessário e contraproducente, neste caso a taxação das exportações de petróleo e os reiterados ataques ao Banco Central."

O fundo manteve exposição na bolsa brasileira, e voltou a implementar hedges na bolsa americana. A posição comprada em inflação implícita no Brasil foi mantida, o risco tomado em juros na Europa foi zerado, e iniciou posições tomadas em juros e compradas em inflação norte-americana.

"Continuamos comprados em ouro e petróleo, mas encerramos a posição vendida no Euro contra compra de Real. As posições em crédito high yield global e crédito local foram mantidas."

Atividade econômica nos Estados Unidos muda narrativa

A gestora diz que os dados da atividade econômica nos Estados Unidos mudaram a narrativa nos mercados globais, que apostavam na recessão. "O tom construtivo dos mercados desenvolvidos em janeiro foi substituído por um choque de realidade em fevereiro, em que a economia americana mais uma vez surpreendeu", diz a carta.

Para a gestora, os impactos dessa renovada alta de juros, combinada à pujança de curto prazo demonstrada pelas economias desenvolvidas e o processo de reaceleração da China, ainda não foram totalmente refletidos pelos ativos e risco .

"Estamos mais preocupados com a precificação das bolsas globais e com os riscos de uma nova aceleração da inflação, especialmente nos Estados Unidos", diz o texto.

Como o fundo Verde se saiu em fevereiro?

O fundo Verde teve em fevereiro ganhos nas posições de renda fixa, com destaque para a posição comprada em inflação implícita no Brasil, opções na curva curta americana, e uma nova posição comprada em implícita nos Estados Unidos.

O livro de moedas teve ganhos marginais na posição vendida em Euro. Já as perdas vieram da exposição em ações no Brasil, e das posições em commodities, particularmente ouro, que devolveu os ganhos de
janeiro.

O desempenho do fundo no mês foi uma variação de 0,04%, acumulando alta de 2,78% em 2023. Para comparação, o CDI em fevereiro avançou 0,92%, com 2,05% em janeiro e fevereiro de 2023.

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