Renato Franklin: 'nossa força de marca continua atraindo o cliente para o nosso site' (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 13h37.
A recém-anunciada parceria entre Casas Bahia (BHIA3) e Mercado Livre (MELI34), que passa a valer a partir de 1º de novembro, não deve comprometer o crescimento do e-commerce próprio da varejista no médio e longo prazo. Ao menos, é isso o que afirma o CEO da companhia, Renato Franklin, durante coletiva de imprensa para divulgar a estratégia para a Black Friday de 2025. O executivo diz que a parceria é complementar, e não substitutiva.
"O cliente é soberano e escolhe onde comprar. Nossa força de marca, o alcance logístico e a carteira de crédito fazem com que o consumidor continue vindo ao nosso site. Essa é uma parceria de longo prazo, bem estruturada, que nos protege de riscos e amplia nossas oportunidades", disse o executivo.
Analistas do sell side e especialistas consultados pela EXAME viram com bons olhos a iniciativa de compartilhamento das estruturas das empresas. Mas levantaram dúvidas de como ficaria o e-commerce da Casas Bahia, e alguns viram risco de dependência no médio e no longo prazo.
A dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio tem um market place próprio cujo valor total de mercadorias vendidas (GMV) avançou 16,2% no segundo trimestre.
Franklin afirma que a companhia continuará priorizando seu ecossistema próprio, formado por lojas físicas, site e aplicativo. Segundo o executivo, a presença no marketplace do Mercado Livre é uma oportunidade para ampliar canais e conquistar novos clientes em um momento de alta competitividade no varejo.
"Somando a visibilidade que o Mercado Livre tem e a boa UX [experiência do usuário] da plataforma com a nossa escala comercial, infraestrutura logística e poder de crédito, conseguiremos ampliar nossas vendas e ganhar market share", disse ele.
"Obviamente esse é o principal foco, ganhar vendas e ganhar uma alavancagem operacional com mais receita na companhia, mas acabamos tendo ganhos de eficiência cruzada pela sinergia que existe entre as duas companhias", acrescentou.
O estímulo principal para as vendas da Casas Bahia numa das datas mais importante para o comércio, que neste ano ocorre no dia 28 de novembro, será o crediário.
O CEO afirmou que a empresa se prepara para liberar R$ 1,2 bilhão em crédito durante o próximo mês, um aumento de 20% em relação ao ano passado, quando o volume foi de R$ 1 bilhão.
"A única métrica que estamos abrindo é do crediário, que é o principal driver da companhia. Mesmo com o cenário de crédito desafiador, conseguimos qualificar cada cliente com muita precisão, o que nos permite crescer com segurança", disse Franklin.
O executivo observou, contudo, que o ambiente macroeconômico continua pressionado. Com juros ainda elevados, a companhia notou uma piora no rating de crédito até mesmo de clientes tradicionalmente bem avaliados. "As pessoas estão entrando em uma bola de neve".
Para o próximo ano, Franklin vê a Copa do Mundo e o período eleitoral como fatores que devem impulsionar o consumo. "Ano eleitoral tem injeção de dinheiro, e nosso cliente é a população brasileira. Apesar de empregada, ela está endividada, mas quando há impulso de recurso, o consumo gira".
A Casas Bahia também deu início hoje à sua campanha de Black Friday, batizada de "Super Black Ao Vivo", uma ação multiplataforma que reforça a integração entre lojas físicas e canais digitais.
Com o objetivo de "resgatar o calor" das lojas físicas, a companhia preparou uma maratona de eventos ao vivo com promoções-relâmpago, descontos agressivos e condições inéditas no crediário. As ações serão protagonizadas pelo repórter Márcio Canuto e por influenciadores como Beatriz Reis, com transmissões simultâneas nas lojas, no site e no aplicativo.
Segundo Franklin, a Casas Bahia pretende fazer a maior Black Friday da história da empresa, com foco em ganho de market share e aceleração do crédito.
"Tudo o que montamos para a Black do ano passado continuou rodando o ano inteiro. Agora, vamos intensificar com mais força, mais crédito e mais volume. É o momento de ganhar mercado", concluiu.