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Vendas da Gucci caem 25% no segundo trimestre e puxam recuo de 15% na Kering

Marca de luxo atribui queda à demanda fraca na Ásia e aposta em recuperação gradual com foco em crescimento de longo prazo

Loja da Gucci, marca do grupo Kering, em Hong Kong. (Bobby Yip/Reuters)

Loja da Gucci, marca do grupo Kering, em Hong Kong. (Bobby Yip/Reuters)

Publicado em 29 de julho de 2025 às 18h38.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 19h10.

A Kering, grupo francês dono da Gucci, registrou nesta terça-feira queda de 15% nas vendas do segundo trimestre de 2025, refletindo uma demanda fraca sobretudo da principal marca de luxo do grupo. As vendas da Gucci, que representam quase metade da receita total da empresa, caíram 25% no período, totalizando € 1,46 bilhão.

O desempenho negativo afetou todas as regiões, com destaque para a Ásia-Pacífico e Japão, enquanto os mercados da China e dos Estados Unidos seguem pressionados. O grupo também é dono das marcas Saint Laurent e Bottega Veneta.

Em comunicado, o presidente e CEO da Kering, François-Henri Pinault, reconheceu que os resultados vieram abaixo das expectativas, mas ressaltou que os esforços realizados nos últimos dois anos estabeleceram bases para um crescimento lucrativo a longo prazo.

"Embora os números que apresentamos estejam aquém do nosso potencial, acreditamos que os esforços abrangentes dos últimos dois anos criaram bases sólidas para os próximos estágios do desenvolvimento da Kering."

Nova liderança e desafios no mercado de luxo

O preço das ações da Kering caiu 8% no acumulado do ano, refletindo a preocupação dos investidores com a capacidade da empresa de reverter vários trimestres consecutivos de vendas fracas.

Em junho, o grupo anunciou a nomeação de Luca de Meo, veterano da indústria automobilística, como novo CEO, com início previsto para 15 de setembro deste ano. A nomeação trouxe um impulso positivo para o mercado.

Carole Madjo, chefe de pesquisa de bens de luxo europeus do Barclays, destacou que De Meo tem um histórico forte na recuperação de negócios e em branding, em entrevista à CNBC.

Apesar do otimismo, o novo CEO enfrenta um cenário complexo, marcado pela perspectiva de tarifas de 15% sobre as importações para os Estados Unidos e pela incerteza nos gastos dos consumidores, especialmente no mercado chinês, um dos mais importantes para o setor de luxo.

A diretora financeira da Kering, Armelle Poulou, afirmou em teleconferência de resultados que a tarifa de 15% está de acordo com as premissas da empresa e pode ser administrada por meio de ajustes nos preços. Segundo Poulou, novos aumentos podem ser considerados a partir de setembro.

"Podemos considerar uma segunda onda no outono [a partir de setembro]”, disse Poulou e acrescentou: "Mas garantiremos que iremos aplicar de forma inteligente, levando em consideração o sentimento do consumidor.”

Ainda assim, analistas apontam que o maior desafio da Kering será revitalizar a imagem e a atratividade de suas marcas, especialmente a Gucci, sob a direção artística do novo diretor Demna Gvasalia.

Francesca Bellettini, vice-CEO e líder de desenvolvimento de marca, informou que uma primeira prévia da visão de Demna para a Gucci será apresentada em setembro, com o lançamento completo da coleção previsto para o início de 2026.

Carole Madjo acrescentou que “trazer novidades, algo novo e nunca visto antes, é o que pode tornar a Gucci grande novamente.”

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