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Vencimento de divida é menor dos BRIC e junk bonds ganham tempo

Os vencimentos em 2012, de US$ 1,4 bilhão, são 70% menores do que os US$ 4,6 bilhões do ano passado

O montante é ainda o menor entre os países do chamado bloco dos BRIC, que inclui também Rússia, Índia e China (Getty Images)

O montante é ainda o menor entre os países do chamado bloco dos BRIC, que inclui também Rússia, Índia e China (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2012 às 07h43.

Nova York - O volume de vencimentos de títulos da dívida externa das empresas brasileiras este ano é o menor desde 2006. Com isso, as companhias sem grau de investimento poderão esperar a queda do custo de captação antes de acessar novamente os mercados internacionais.

Os vencimentos em 2012, de US$ 1,4 bilhão, são 70 por cento menores do que os US$ 4,6 bilhões do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. O montante é ainda o menor entre os países do chamado bloco dos BRIC, que inclui também Rússia, Índia e China. As empresas indianas têm um volume recorde de US$ 11,4 bilhões a vencer em 2012. O rendimento médio dos papéis de dívida de empresas brasileiras com nota abaixo de Baa3 pela Moody’s Investors Service e BBB- pela Standard & Poor’s Ratings Services subiu 182 pontos-base nos últimos 12 meses, para 8,89 por cento, segundo dados do Credit Suisse Group AG.

As empresas de economias emergentes encaram em 2012 o seu maior nível histórico em dívidas a vencer no exterior, de US$ 59,6 bilhões, com os mercados de crédito fechados para uma boa parte dos emissores de dívida de qualidade. As empresas brasileiras, incluindo JBS SA e Tam SA que estão abaixo do grau de investimento, venderam o recorde de US$ 61,3 bilhões em títulos de dívida em dólar entre 2010 e a primeira metade do ano passado para se capitalizar e alongar o prazo de suas dívidas, antes do agravamento da crise de dívida europeia, que encerrou o mercado para tomadores de dívida de grau especulativo.

“As empresas não estão sob qualquer tipo de pressão para vender dívida, então, elas podem se dar ao luxo de esperar para ver”, disse Surat Maheshwari, chefe de emissões internacionais do Itaú BBA USA Securities, em Nova York. “Os recursos em caixa das companhias, mais uma mínima necessidade de refinanciamento, dão flexibilidade para decidir quando ir a mercado.”

Taxas do Panamericano

Emissores brasileiros sem grau de investimento têm US$ 798 milhões em dívidas mobiliárias vencendo em 2012, segundo dados compilados pela Bloomberg. O Banco Panamericano SA, que foi comprado pelo BTG Pactual SA no ano passado após um resgate de emergência, tem US$ 200 milhões em títulos de cupom de 7 por cento vencendo em outubro. Os papéis rendem 4,44 por cento, ou 354 pontos-base a mais do que bônus do governo brasileiro de prazo similar. O Panamericano tem nota de crédito Ba2 pela Moody’s, dois níveis abaixo do grau de investimento. JBS e Tam não tem dívida em dólar vencendo em 2012.

Um assessor de imprensa externo do Panamericano, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se recusou a fazer comentários para esta reportagem.


Período sem emissões

Nenhuma companhia brasileira classificada como “junk” vendeu títulos no exterior desde 7 de julho, quando a Cosan SA Indústria & Comércio colocou US$ 200 no mercado. Com isso, o Brasil vive o período mais longo sem emissões do segmento entre os grandes mercados emergentes, segundo dados da Bloomberg. Empresas com pelo menos uma nota inferior a grau de investimento nas escalas da Moody’s ou da S&P venderam US$ 9,4 bilhões em dívida em 2011, comparado ao recorde de US$ 12,2 bilhões em 2010.

Empresas brasileiras classificadas como especulativas teriam de pagar um prêmio para atrair investidores preocupados em adicionar mais risco a suas carteiras antes da solução da crise financeira na Europa, disse Siddharth Dahiya, analista de crédito da Aberdeen Asset Management.

‘Mais construtivos’

“Para dívidas em moeda forte, as questões europeias precisam ser resolvidas antes de os mercados se tornarem mais construtivos”, disse Dahiya em entrevista por telefone de Londres. “É um benefício para os emissores sem necessidade urgente de refinanciamento, que podem esperar até que o mercado fique mais relaxado e as condições de crédito melhorem.”

A Grécia está em negociações finais para convencer investidores a perdoar pelo menos metade de sua dívida, na primeira reestruturação em grande escala da Região do Euro. O primeiro-ministro Lucas Papademos espera um esboço do plano de 100 bilhões de euros (US$ 128 bilhões) na semana que vem, quando começam em Atenas as conversas sobre os termos de um segundo acordo de financiamento com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities, disse que empresas brasileiras com classificação de alto risco podem começar a acessar o mercado após as colocações pelo governo e por emissores corporativos com grau de investimento.

‘Total sentido’

Em 3 de janeiro, o governo brasileiro vendeu US$ 750 milhões em títulos com vencimento em 2021 ao menor cupom em registro, de 3,45 por cento. A Vale SA, produtora de minério de ferro com nota de crédito A- pela S&P, emitiu US$ 1 bilhão a um cupom de 4,53 por cento. O Banco Bradesco SA, o segundo maior banco privado do País, captou US$ 750 milhões. Países em desenvolvimento e empresas já levantaram US$ 21 bilhões em dívida denominada em dólar em 2012, segundo dados da Bloomberg.

“Se mantivermos este ritmo de emissões, primeiro com os soberanos, daí os de classificação elevada, então virão os de alto rendimento”, disse Pasquarelli em entrevista por telefone de Nova York. “O segmento de alto rendimento deve testar novos níveis, então faz total sentido eles virem agora.”

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