Brava Energia: acionista quer exclusão de cláusulas do estatuto (Anton Petrus/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 28 de maio de 2025 às 15h02.
Última atualização em 28 de maio de 2025 às 16h18.
As ações da Brava (BRAV3), petroleira resultante da fusão entre a Enauta e a 3R, lideram as altas do Ibovespa no pregão de hoje, reagindo à notícia de que o fundo Yellowstone pediu o fim da cláusula de 'poison pill' da companhia.
Essa cláusula determina que investidores que cheguem à participação de mais de 25% na empresa precisem fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) voltada a todos os acionistas dando a eles um prêmio pelos papéis.
O anúncio feito ontem foi interpretado pelo mercado como um interesse do fundo, que tem 5,3% da petroleira, em aumentar sua fatia na companhia.
A XP não espera mudanças relevantes nos fundamentos da Brava neste momento, mas acredita que as ações possam reagir positivamente diante da expectativa de potenciais fluxos de compra no papel.
Já o BTG Pactual (mesmo grupo de controle da EXAME) afirma que, embora a retirada de 'poison pills' às vezes seja vista como negativa do ponto de vista de governança, acredita que essa medida pode abrir caminho para a formação de um grupo de controle mais consolidado na Brava.
O desenvolvimento poderia, na visão do banco, fortalecer a governança ao longo do tempo.
"Isso também pode favorecer um maior alinhamento estratégico e aumentar o interesse dos investidores no nome", explica o relatório assinado por Luiz Carvalho.
Combinada com o momento operacional em melhora da companhia, essa mudança pode melhorar a percepção do mercado e apoiar uma possível reprecificação das ações.
Por volta das 15h, os papéis da Brava subiam 3,91%, na maior alta do índice de referência da B3. Na parte da manhã, as ações chegaram a subir mais de 6%.
Gerido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), o Yellowstone tem como cotista a EBrasil, que tem termelétricas no Nordeste e é cotista relevante no Fundo de Investimento em Participações (FIP) que gere a Ocyan, operadora de plataformas que atua no campo de Papa-Terra, da Brava.
No começo de maio, a EBrasil já assegurou um assento no conselho da Brava, ocupado agora por Richard Kovacs.
Hoje, o Yellowstone é o maior acionista da Brava, com 5,3% de participação. A empresa tem capital pulverizado: o Bradesco é o maior acionista, com 12,2% do capital e a gestora Jive, especialista em ativos estressados, tem 7,1%.
Em documento arquivado ontem, o Yellowstone pediu que o conselho de administração posteriormente submeta aos acionistas uma proposta de alteração do estatuto social da companhia.
A proposta é de exclusão dos artigos 40, 41, 42 e 48, que tratam da obrigatoriedade de realização de oferta pública de aquisição de ações (OPA) em caso de aquisição de participação relevante.
A justificativa do fundo é que a empresa já está madura e consolidada no setor de petróleo e gás, e que a cláusula da OPA é uma barreira para pessoas virem comprar ações, pois é uma obrigação de desestimula a compra por grande players.
“Excluir a obrigatoriedade de OPA pode abrir espaço para que um novo controlador ou investidor relevante entre na companhia sem pagar prêmio de controle aos demais acionistas. Os minoritários perdem força”, diz o analista da Benndorf João Tonello.
Segundo ele, o risco disso é que venha um grupo grande, compre algo e mude a estrutura da empresa, como fusões, aquisições ou reestruturações societárias. “É um movimento estranho para mim, porque nós, institucionais, prezamos por regras de proteção e previsibilidade na empresa”, pontua.