Os analistas não veem um céu tão azul assim para as últimas sessões de 2011 (Stock Exchange)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2011 às 05h12.
São Paulo – Os investidores estão torcendo por um alívio após meses de uma volatilidade frenética. A primeira sessão do último mês do ano, pelo menos, começou bem. A bolsa subiu 2,2% ontem embalada em uma sequência que já chega a cinco dias consecutivas de alta. Mas será que dezembro de 2011 fará jus ao tradicional rali que deixa o saco do Papai Noel mais gordo (no caso, um pouco menos vazio)?
A retomada do 12º mês na bolsa brasileira acontece fielmente desde 1999. Muitos justificam o desempenho como o reflexo de um movimento dos gestores em busca de fechar no azul, ou um pouquinho mais perto dele, porém pode ser apenas a conjunção de fatores mais otimistas. E os eventos programados não parecem tão brilhantes, segundo afirmam analistas em suas carteiras recomendadas mensais.
O final de novembro foi um prato cheio para os otimistas. O Banco Central da China iniciou um movimento de afrouxamento monetário pela primeira vez em três anos. Além disso, seis dos mais influentes BCs do mundo agiram coordenadamente para garantir a liquidez dos mercados financeiros. Por fim, o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, deu a sua contribuição local com a eliminação de um imposto de 2% sobre a aplicação de estrangeiros em ações.
Os ‘dezembros’ da bolsa desde 1998
“O mês de dezembro deverá mostrar um pouco de otimismo para os mercados”, explica Ricardo Tadeu Martins, analista-chefe da corretora Planner, um dos poucos a ver um horizonte mais colorido pela frente. Os demais analistas, entretanto, tendem mais para a cautela com as incertezas da crise da dívida soberana dos países da zona do euro.
Para Osmar Cesar Camilo e Marcelo Varejão, da Socopa Corretora, as medidas dos BCs são apenas “paliativas” e não resolvem o real problema. “Acreditamos não haver razão para um rali nas bolsas neste final de ano, a não ser que os países europeus cheguem a um consenso e adotem medidas para solucionar a questão da dívida na região”, dizem.
BCE precisa agir
“Apesar de a medida ter dado um alívio ao sistema bancário no curto prazo, a crise soberana ainda necessita de ações mais abrangentes e rápidas por parte do BCE, algo que ainda parece difícil de ser alcançado”, ressalta Carlos Nunes, estrategista do HSBC. Por conta do risco ainda elevado, ele optou inclusive por reduzir a recomendação em ações com baixa liquidez.
“Uma ação mais decisiva pelo Banco Central Europeu parece ser a única solução possível de curto prazo, mas o acordo sobre a execução tem sido politicamente desafiador e pode arrastar por mais tempo”, lembra Carlos Sequeira, analista do BTG Pactual. Carlos. “Os mercados irão depender criticamente dos desenvolvimentos na Europa por vários meses”, destaca Carlos Firetti, chefe de análise do Bradesco.
O cenário pintado não é nada bonito, mas nada como um dia após o outro para ver o resultado deste mês em meio a uma crise que muda de figura a cada edição das dezenas de reuniões já realizadas e agendadas com os líderes políticos da zona do euro.