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Vaticano usou caridade para "apostar" em derivativos, diz Financial Times

Investimento foi feito sob a supervisão do cardeal Giovanni Angelo Becciu, que foi destituído de seus direitos como cardeal pelo Papa no mês passado

Vaticano: investimento foi feito sob a supervisão do cardeal Giovanni Angelo Becciu (Grzegorz Galazka/Getty Images)

Vaticano: investimento foi feito sob a supervisão do cardeal Giovanni Angelo Becciu (Grzegorz Galazka/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 09h33.

Última atualização em 8 de outubro de 2020 às 09h36.

O Vaticano utilizou parte de sua arrecadação de caridade, gerenciada por sua Secretaria de Estado, para investir em derivativos que apostaram na credibilidade da locadora de automóveis Hertz, nos Estados Unidos, de acordo com o jornal americano Financial Times.

A aposta era de que a empresa não iria dar um calote em suas dívidas até abril de 2020, mas a empresa não conseguiu fazer os pagamentos. A empresa pediu concordata no mês seguinte, dando à Santa Sé uma escapatória por pouco do investimento, que foi pago integralmente.

O investimento foi feito em 2015, quando parte de uma carteira de € 528 milhões do Vaticano “derivada de doações” comprou notas estruturadas contendo CDS como parte da aposta na Hertz.

Em 2018, o Papa Francisco disse que esses tipos de investimento “encorajaram o crescimento de um financiamento do acaso e de apostar no fracasso de outros, o que é inaceitável do ponto de vista ético”.

O investimento foi feito sob a supervisão do cardeal Giovanni Angelo Becciu, que foi destituído de seus direitos como cardeal pelo Papa no mês passado devido ao que foi descrito como uma alegação de “apropriação indébita”.

O dinheiro foi investido em nome da Secretaria de Estado do Vaticano, o poderoso escritório da administração central da Santa Sé, onde o cardeal Becciu foi o segundo em comando de 2011 a 2018. A Secretaria tem a responsabilidade de administrar as doações feitas à Igreja por católicos de todo o mundo.

De acordo com o Financial Times, não há evidências de que o Papa Francisco estava ciente do investimento nas notas vinculadas ao CDS, que foram mantidas diretamente por meio de uma conta do Secretariado na Suíça e feitas por um consultor terceirizado em seu nome.

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