Invest

Varejo pode aumentar preços para mitigar impacto de potenciais mudanças do ICMS, diz Santander

Empresas do setor podem ser as mais afetadas caso os incentivos sejam cortados pelo governo

Grupo Soma, dona da Farm, teve 44% do seu lucro líquido de 2022 relacionado a incentivos fiscais (Divulgação/Divulgação)

Grupo Soma, dona da Farm, teve 44% do seu lucro líquido de 2022 relacionado a incentivos fiscais (Divulgação/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de abril de 2023 às 11h53.

Última atualização em 10 de abril de 2023 às 13h53.

Varejistas e empresas de bens de consumo serão os mais afetados caso subvenções do ICMS entrem mesmo na mira do Ministério da Fazenda.

Lucro líquido

Segundo cálculos da equipe do Santander, a fabricante de biscoitos M. Dias Branco teria nada menos que 86% do seu lucro líquido atrelado a isso, enquanto a Intelbras, de artigos eletrônicos e de tecnologia, teria 57% do seu resultado ligado a esses benefícios fiscais. Na terceira posição está o grupo de moda Soma, com 44% do lucro líquido ligado aos incentivos de ICMS.

"Com foco em setores, os varejistas seriam os mais afetados por essas novas interpretações, mas alguns podem mitigar o impacto se repassarem esse possível aumento da alíquota aos consumidores por meio de aumentos de preços", concluem os analistas.

Pelas projeções do Ministério da Fazenda, a medida pode gerar entre R$ 85 bilhões e R$ 90 bilhões. De acordo com a estimativa do Santander, dependendo dos parâmetros (como como a taxa efetiva e % do subsídio de financiamento) e retirando as transferências subnacionais, o potencial total é reduzido para um intervalo entre R$ 30 bilhões e 40 bilhões em um ano.

Lei 12.973: ICMS no foco

Em 2014, o Congresso aprovou a Lei 12.973, excluindo as subvenções para investimentos das bases do IRPJ e da CSLL. Em 2017, a Lei Complementar 160 equiparou todos os incentivos do ICMS às subvenções para investimentos, tornando-os inelegíveis para inclusão nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Tais modificações foram litigiosas entre a Receita Federal e as empresas, tendo muitos processos pendentes. Até o momento, a maioria das decisões foram favoráveis aos contribuintes. A pasta quer, assim, voltar à antiga interpretação da Lei Complementar de 2017.

Arcabouço fiscal

Pelos parâmetros do cenário desenhado pela equipe do banco, para o novo arcabouço fiscal ser cumprido seria necessário que a receita líquida crescesse 2,3% do PIB em 2024. "Trata-se de um ajuste pelo lado da receita, que terá que crescer ainda mais para permitir a expansão do primário do governo central lado das despesas", explicam, apontando ser essa razão para a possibilidade das mudanças relacionadas aos incentivos de ICMS.

Em caso de mudanças, o crédito de ICMS só poderia ser deduzido da base de cálculo do IRPJ e da CSLL se fosse destinado a investimentos (benefícios fiscais que exigem uma contrapartida do contribuinte, como geração de empregos ou construção de fábricas). Assim, os benefícios destinados ao custeio (benefícios fiscais concedidos sem qualquer exigência) voltariam a compor a base de cálculo dos tributos federais. Segundo o Tesouro, a quebra total informada pelos 26 Estados e pelo Distrito Federal no ICMS atingiu recentemente um total de R$ 183 bilhões em 2021, o que acreditamos estar mais próximo de R$ 200 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:Empresas abertasICMSReforma tributária

Mais de Invest

Receita abre nesta sexta-feira consulta ao lote residual de restituição do IR

O que é circuit breaker? Entenda e relembre as ‘paradas’ da bolsa brasileira

15 ideias de fazer renda extra pela Internet

Mutirão de negociação: consumidores endividados têm até dia 30 para renegociar dívidas