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“Vamos desalavancar a companhia”, diz Gustavo Couto, CEO do Grupo Vamos

Empresa registrou um lucro líquido ajustado de R$ 205,5 milhões no segundo trimestre de 2024, alta de 92,8% em comparação ao mesmo período de 2023

Vamos (VAMO3): Gustavo Couto, CEO da companhia, avalia balanço do segundo trimestre de 2024 de forma postiva (Gustavo Couto/Divulgação)

Vamos (VAMO3): Gustavo Couto, CEO da companhia, avalia balanço do segundo trimestre de 2024 de forma postiva (Gustavo Couto/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de agosto de 2024 às 08h00.

Na estrada do Grupo Vamos (VAMO3), um congestionamento no caminho. A companhia perdeu R$ 981 milhões em valor de mercado um dia após divulgar seus resultados do segundo trimestre de 2024, mas recuperou parte das perdas nos dias seguintes. Passado o susto, Gustavo Couto, CEO da empresa, avalia o balanço de forma positiva - afinal, a companhia quase dobrou o lucro - e conta os planos até o final do ano: “Vamos desalavancar a companhia.”

A empresa registrou um lucro líquido ajustado de R$ 205,5 milhões, alta de 92,8% em comparação ao mesmo período de 2023. Enquanto isso, a alavancagem caiu para 3,39 vezes. “E olha que fizemos grandes investimentos no início do ano e houve o pagamento de proventos, que puxa a alavancagem para cima. Como não tem nada disso previsto para o segundo semestre, a trajetória é de crescimento, com uma desalavancagem ainda mais acentuada.”

A frente de locação foi a responsável pelos bons números. Esse segmento é o maior gerador de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), registrando R$ 850,8 milhões (um aumento de 88,3% na comparação trimestral) do Ebitda consolidado de R$ 875,7 milhões entre abril e junho de 2024. Entretanto, um outro segmento enfrenta desafios: as concessionárias.

Inverno nas concessionárias

O Ebitda do segmento de concessionárias caiu 69,8% em comparação com o segundo trimestre de 2023. De acordo com Couto, isso se deve à queda na safra, especialmente no Mato Grosso (MT), principal região de atuação da Vamos. O El Niño e a desvalorização no preço das commodities levaram aos desafios no campo. “Alguns agricultores nos disseram que de 67 sacas na safra anterior, nessa foi para 45, uma redução de mais de 20 sacas. O MT parou de comprar máquina.”

Para contornar a situação, as concessionárias terão que se adaptar. “O agronegócio é a locomotiva do Brasil, mas está vivendo um momento de ciclicidade. Nesse momento, o que a concessionária tem que fazer? Reduzir estoques, cortar custos e diminuir pessoal (infelizmente). Vamos preparar as concessionárias para passar por um inverno e depois voltamos. Nem o mercado, nem nós temos a expectativa de que o negócio de concessionárias agrícolas retomem a pujança que tem ainda esse ano.”

O executivo, no entanto, destaca que o mercado não se decepcionou na parte da concessionária, já que a prioridade da companhia sempre foi a locação - que responde por cerca de 90% do lucro. De acordo com Couto, ao observar a curva histórica da companhia, segmentada por locação, o lucro do mês seguinte tende a ser melhor do que o do mês anterior.

Afinal, o que frustrou os investidores?

Além do aumento no lucro líquido consolidado e no Ebtida, a receita líquida consolidada chegou a R$ 1,88 bilhão, equivalente a uma alta de 28,2% no comparativo anual. Mas, se os números foram bons, por que a ação despencou no dia seguinte? Os investidores digeriram mal as Provisões de Devedores Duvidosos (PDD) no valor de R$ 78 milhões, decorrente de clientes que entraram em insolvência ou recuperação judicial. À EXAME, Couto avalia que a decisão mais acertada foi lançar essa perda o quanto antes.

“Reconhecemos que parte dessa dívida não íamos conseguir receber e paciência. Mas, de certa forma, eu já havia avisado o mercado na teleconferência do primeiro trimestre que haveria esse aumento nas PDDs, mas que depois elas cairiam.”

Houve também efeitos derivados da tragédia do Rio Grande do Sul (RS) no valor de R$ 19,3 milhões, referentes à perda de estoque de peças e danos em ativos. Porém, Couto diz que essa parte não pegou os investidores de surpresa, já que durante o período das enchentes ele já havia avisado que as perdas poderiam ser na casa entre R$ 20 a R$ 40 milhões.

Para Couto, o momento de euforia no mercado foi derivado de investidores de curto prazo que estavam comprados. Entretanto, boa parte da base da Vamos é composta por investidores estrangeiros, que são de longo prazo e confiam na tese da empresa. “Estamos extremamente animados, o lucro da locação vai continuar crescendo e, se o segmento de concessionárias ajudar, ótimo; se não, também não atrapalha tanto.”

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