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Vale (VALE3) vai pagar dividendo extra? Mercado está otimista, mas não há consenso

A mineradora reduziu previsão de investimentos, o que abre espaço para o provento extraordinário; mas tudo vai depender da dívida

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 09h33.

Após reunião com a alta administração da Vale (VALE3) e o recente anúncio de redução de CAPEX (investimentos), o Goldman Sachs revisou para cima a projeção de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da mineradora, de US$ 13,5 bilhões (R$ 72 bilhões) para US$ 13,9 bilhões (R$ 74,2 bilhões) em 2025, ainda cerca 5% abaixo do consenso.

O resultado operacional mais robusto deve abrir espaço para a distribuição de US$ 200 a 400 milhões (R$ 1,07 a 2,14 bilhões) em dividendos extraordinários ou recompra de ações, estima o banco, com expectativa de que os proventos extras sejam distribuídos no 1º trimestre de 2026.

O Goldman demonstra confiança na estratégia comercial de ferrosos da Vale, considerada adaptável às condições de mercado e capaz de gerar valor a partir das operações diversificadas da companhia.

Embora ainda seja cedo para quantificar completamente os impactos da estratégia, a instituição financeira observa sinais iniciais de melhora no EBITDA ajustado por teor de ferro, cujo ponto de equilíbrio melhorou US$ 5 por tonelada ano a ano no primeiro semestre deste ano, além da preservação de reservas de alto teor, como Carajás, que sustentam o plano de minas além de 2027, sem depender de alterações regulatórias.

No segmento de metais básicos, o Goldman Sachs destaca que o desempenho de custos do níquel foi positivo no 2º trimestre e considerado sustentável pela administração.

O recente corte no CAPEX de manutenção também contribui para a melhoria da lucratividade, embora ainda não leve ao ponto de equilíbrio do fluxo de caixa livre (FCF).

Quanto ao cobre, o crescimento planejado até 700 mil toneladas por ano em 2035 não foi incluído devido à falta de detalhes técnicos, mas o banco realizou uma análise de sensibilidade sobre o valor potencial.

Apesar da projeção mais otimista, o Goldman Sachs optou por cortar o preço-alvo de US$ 15,5 para US$ 14,8 por ADR (recibo de ações negociados nos EUA) da Vale e manteve a recomendação de compra.

Outras casas apostam em dividendos extraordinários da Vale

O Itaú BBA também comenta que a diminuição do CAPEX, combinada com a resiliência dos preços do minério de ferro, aumenta a probabilidade de dividendos extraordinários ou recompra de ações ainda em 2025.

O banco prevê a distribuição US$ 500 milhões, ou R$ 2,669 bilhões em dividendos extraordinários para 2025 e US$ 1 bilhão (R$ 5,338) para 2026, sem impactar significativamente a dívida líquida, que deve permanecer em torno de US$ 15 e 16 bilhões durante o período.

A XP Investimentos, por sua vez, destaca que a distribuição de dividendos extraordinários permanece diretamente ligada à estrutura da dívida líquida expandida, reforçando uma abordagem disciplinada para alocação de capital.

A empresa reafirmou sua meta de dívida líquida expandida de US$ 10 a 20 bilhões, sem ajustes esperados no curto prazo. Espera-se maior flexibilidade a partir de 2027, à medida que os desembolsos relacionados à Samarco e Brumadinho diminuem gradualmente.

Na avaliação do Citi, a Vale deve manter o CAPEX abaixo de US$ 6 bilhões em 2026, enquanto dividendos e recompras de ações podem ser maiores caso os preços do minério de ferro se mantenham nos níveis atuais até o fim do ano.

Dividendo extraordinário não é consenso

A Genial Investimentos, por sua vez, não vê a redução de investimentos recentemente anunciada como catalisador para o pagamento de dividendos extraordinários.

Embora esses dividendos sejam possíveis, não são considerados cenário-base, por apresentarem baixa probabilidade material neste estágio. Caso ocorram, seriam incorporados ao pagamento de março de 2026.

Os analistas também observam que a dívida líquida expandida da Vale está em cerca de US$ 17 bilhões, dos quais aproximadamente US$ 5 bilhões estão vinculados a obrigações de reparação (Mariana e Brumadinho).

A corretora avalia que o intervalo de US$ 10 a 20 bilhões deve continuar como referência, equilibrando a capacidade de remunerar acionistas com os compromissos de pagamento programados e contribuindo para a projeção de Dividend Yield (retorno do dividendo em relação ao preço da ação) de 9% em 2025 e 10% em 2026.

Quanto à recompra de ações, a mineradora reduziu o ritmo para ter maior clareza sobre a geração de FCF, com possível retomada após a divulgação do 3T25.

O CFO Marcelo Bacci, em encontros com analistas, tem comentado que o patamar de US$ 15 bilhões em dívida líquida expandida seria gatilho para intensificar a remuneração ao acionista, seja via recompras, seja por dividendos.

Segundo os cálculos da Genial, a empresa alcançaria esse patamar apenas no segundo semestre de 2026.

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