Resultado não afeta guidance oferecido pela companhia para 2025 (Washington Alves/Reuters)
Repórter de mercados
Publicado em 16 de abril de 2025 às 10h22.
A queda de 4,5% na produção de minério de ferro da Vale (VALE3) no primeiro trimestre, divulgada ontem à noite em prévia operacional, já era esperada e reflete em grande parte fatores sazonais, apontam analistas de mercado – e, com isso, não deve fazer preço nas ações da empresa no pregão de hoje.
"O relatório de produção da Vale no primeiro trimestre veio em linha com nossas expectativas pouco animadoras, marcado por uma fraqueza sazonal mas nada que vai tirar a compahia do trilho de atingir seu guidance para produção de minério de ferro em 2025", afirmou em relatório o analista Leonardo Corrêa do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
O desempenho também ficou em linha com as expectativas da XP.
Os preços realizados do minério de ferro recuaram 2% na comparação trimestral, refletindo teores mais baixos de ferro e menores prêmios de mercado. Os embarques de minérios finos de 56,7 milhões de toneladas representaram um aumento de 8% ano a ano, enquanto os embarques de pelotas foram de 7,5 milhões de toneladas, uma queda de 19% ano a ano, e 17% abaixo das estimativas do banco.
Um destaque positivo ficou por conta das operações de cobre, cuja produção se recuperou 11% na comparação anual, impulsionada pelo aumento da produção em Salobo (+3,9 mil toneladas ano a ano) e Sossego (+3,7 mil toneladas ano a ano).
Os preços dos embarques do cobre realizados ficaram em média em US$ 8.891 por tonelada, com queda de 3% na comparação trimestral.
O BTG segue com a recomendação 'neutra', ou de manutenção dos papéis, principalmente por conta das incertezas geradas pela guerra comercial.
Os analistas do banco antecipam novas revisões negativas para o resultado da Vale ao longo de 2025, à medida que os investidores ajustem suas expectativas para um cenário de preços de minério de ferro mais fraco. As projeções do banco assumem preços de US$ 95 por tonelada para 2025, frente ao spot atual de cerca de US$ 100 por tonelada.
A equipe, no entanto, reconhece que a Vale está negociando com um desconto expressivo em relação aos pares australianos e que houve melhoras na tese de investimento, com custos mais baixos e evolução positiva em relação à Samarco.
“Preferimos aguardar uma maior clareza sobre o cenário macroeconômico mais amplo antes de fazer mudanças significativas. A situação macro na China continua frágil — especialmente com o agravamento da guerra comercial — o que pressiona todo o complexo siderúrgico e gera uma trava adicional para os preços do minério de ferro”, escreveu Corrêa.
A XP vai na mesma linha: "Reiteramos nossa recomendação neutra para os papéis dada o baixo upside, ainda que vejamos uma assimetria positiva para os papéis nos preços atuais", disse a equipe da corretora.