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Vale e BHP mudam negociação e preço do minério deve cair mais

Analistas acreditam que mudança autorizada pela Vale deve fazer o preço cair no curto prazo

Mina da Vale: preços podem cair no curto prazo

Mina da Vale: preços podem cair no curto prazo

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 14h38.

Rio de Janeiro - As mineradoras Vale e BHP Billiton estão mudando a maneira de negociar a venda de minério de ferro e as novidades devem dar volatilidade ao mercado, com preços recuando ainda mais no curto prazo, avaliam analistas consultados pela Reuters.

Segundo uma fonte do mercado que pediu para não ser identificada, a brasileira Vale resolveu flexibilizar uma cláusula contratual que impedia que variações de até 5 por cento nos preços do minério no mercado à vista (spot), para baixo ou para cima, fossem repassadas para o preço acertado em contratos trimestrais.

"Consultei a Vale nas últimas semanas e eles disseram que poderiam rever esta cláusula", disse.

Em condições normais, contratos trimestrais são baseados na média de preços à vista em um período de três meses até um mês antes do começo de cada trimestre.

O preço no quarto trimestre poderia ficar estável, considerando a cláusula, mas sem ela os valores poderiam cair.

Fontes na China disseram à Reuters na última semana que a brasileira Vale também estaria oferecendo a seus clientes a possibilidade de mudar a precificação do quarto trimestre para uma base de preços à vista de outubro a dezembro.

Isso faria com que os preços pudessem refletir mais rapidamente a queda no mercado à vista, praticamente descartando o sistema de ajustes trimestrais instalado há pouco tempo.

De acordo com o analista Raphael Biderman, superintendente da área de metais da Bradesco Corretora, a Vale sempre oferece a seus clientes de contratos firmes a chance de migração para o mercado spot.

Procurada, a mineradora informou que não comentará o assunto.

A tonelada do minério de ferro entregue na China, no mercado à vista, está cotada nesta segunda-feira em 153,4 dólares, queda de 15 por cento ante os 181 dólares no dia 7 de setembro, antes do recrudescimento da crise.

O preço no mercado spot reflete a incerteza sobre demanda global de aço.


Nova plataforma

A mineradora australiana BHP Billiton, por sua vez, estaria apoiando o desenvolvimento de uma nova plataforma de precificação de preços de minério de ferro -- batizada de GlobalOre.

O novo modelo prevê uma espécie de leilão eletrônico, pelo qual o processo de compra e venda se dará de maneira mais dinâmica, mudando os valores com frequência.

"Se a BHP fizer isso, as outras mineradoras se virão inclinadas a fazer o mesmo", avalia Biderman.

A realização de leilões, segundo especialistas, pode tornar os preços bem mais suscetíveis à conjuntura econômica -- que não está favorável para as mineradoras neste momento.

O modelo atual, liderado pela Vale, de contratos trimestrais, preservou as vendas das oscilações diárias do mercado, até agora.

"Estas mudanças podem gerar mais volatilidade aos preços", acrescenta Biderman.

Segundo ele, os estoques elevados e o "psicológico" do mercado, que está nervoso devido à crise na Europa e a iminência de uma desacaleração da economia chinesa, estão jogando para baixo os preços do minério de ferro.

"Um novo sistema de venda, mais volátil, deve acirrar a tendência de preços, que neste momento é de queda", comentou outro analista.

As siderúrgicas estão reclamando da manutenção de preços não apenas por causa da queda observada nas últimas semanas.

"Os consumidores que compram por meio de contratos de médio e longo prazo já acumulavam uma pequena queda observada no segundo trimestre e agora outra pequena variação no terceiro trimestre", contou o especialista.

"A variação de preços no mercado spot não repassada às siderúrgicas já soma quase 5 por cento nos dois últimos trimestres e é isso que a Vale deve estar flexibilizando", acrescentou o analista.

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