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Vale: Com minério em queda, foco do mercado estará nos custos no 2° tri

Analistas preveem queda de até 40% no lucro e divergem sobre capacidade de redução de gastos para compensar minério mais barato

Vale: Baixa exposição dos investidores domésticos, pessimistas com o minério de ferro e cautelosos quanto à capacidade de crescimento operacional (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Vale: Baixa exposição dos investidores domésticos, pessimistas com o minério de ferro e cautelosos quanto à capacidade de crescimento operacional (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 30 de julho de 2025 às 12h00.

Uma das empresas de maior peso do Ibovespa divulgará seus resultados nesta quinta-feira, 31, após o fechamento da bolsa. Na semana passada, a Vale (VALE3) deu um "cheiro" do que vem no balanço do segundo trimestre. Mas ainda que tenha reportado aumento na produção levemente acima dos cálculos dos analistas, a companhia deve apresentar queda nas principais linhas, ainda não reveladas: lucro, EBITDA e receita.

A prévia operacional mostrou que a empresa trabalhou com minério de ferro 13% mais barato do que um ano antes, num cenário em que a produção de aço na China, seu principal mercado, registra quedas contínuas. A forma como a Vale gerenciou seus custos nesse período vai fazer toda a diferença.

Esse, aliás, é um ponto sem consenso entre os analistas do sell side que acompanham a mineradora. O Santander, por exemplo, prevê uma queda no custo de produção e frete da mina até o porto (C1) para US$ 21 por tonelada, próximo do piso do guidance da companhia para 2025 (que está entre US$ 20,50 e US$ 22), "refletindo os esforços de eficiência da companhia e a maior produção sazonal".

A Genial, por sua vez, enxerga uma "pressão altista" que deverá levar o C1 para US$ 23,4. "Mesmo que os embarques de finos de minério de ferro tenham vindo próximo do que esperávamos, as vendas que adviriam de produção própria foram inferiores à nossa projeção, derivadas do avanço nos embarques de compras de terceiros", observam os analistas da corretora.

Levando em conta a participação de volumes de terceiros, o Itaú BBA espera por um aumento de U$ 1 dólar no C1 em relação ao primeiro trimestre, para US$ 25,7, "impactado pelo carrego de altos custos de produção do primeiro trimestre, enquanto é esperado que os custos de frete aumentem de forma sequencial".

Para os autores da prévia do balanço, o desafio da Vale vai ser ajustar os custos de produção em um cenário de oferta maior de minério, com preços mais baixos. No segundo trimestre, prevê o BBA, a receita líquida da mineradora deve cair 13% em relação a um ano atrás, para US$ 8,634 bilhões. A Genial, que aumentou suas previsões após os dados operacionais da semana passada, prevê uma cifra de US$ 9 bilhões.

As casas calculam que o Ebitda da Vale no segundo trimestre deve ficar entre US$ 3,1 bilhões (Bradesco BBI) e US$ 3,3 bilhões (Genial), o que representa uma queda de aproximadamente 20% em relação ao ano anterior.

Para o BBA, os menores preços realizados do minério de ferro e os custos mais altos deverão ofuscar os volumes maiores. "O desempenho consolidado poderia ser até pior, mas a divisão de negócio de metais básicos trará um acréscimo de rentabilidade", diz o relatório da Genial.

Para os analistas da casa, a combinação níquel e cobre deve somar US$ 727 milhões ao Ebitda, com aumento de embarques e custos mais arrefecidos no segmento de metais. A margem Ebitda, deve ficar entre 36% e 37%.

A última linha do balanço deve ser positiva, mas algo como 40% menor que a registrada um ano antes. Enquanto a Genial prevê lucro líquido de U$ 1,5 bilhão, BBA prevê uma cifra de US$ 1,69 bilhão e BBI, R$ 1,750 bilhão. O consenso do mercado, em reais, aponta para lucro líquido R$ 9,433 bilhões.

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