BNDES vende R$ 2,5 bi em ações da Vale nesta tarde, diz site (Washington Alves/Reuters)
Paula Barra
Publicado em 16 de novembro de 2020 às 11h02.
Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 19h00.
O Ibovespa registrou sua segunda sessão seguida de ganhos nesta segunda-feira, 11, com notícia sobre eficácia da vacina da Moderna contra covid-19, aparentemente até maior do que a da Pfizer. O bom humor levou o índice para alta de 1,63% no pregão, cotado em 106.429 pontos, indo para o maior fechamento desde o começo de março. Na ponta positiva, as ações das aéreas e bancos lideraram os ganhos do benchmark da bolsa brasileira. Os papéis de commodities, com Petrobras (PETR3; PETR4), puxada pelo petróleo, e Vale (VALE3), que renovou recorde histórico na Bolsa em dia de venda bilionária do BNDES, também apareceram entre os destaques de alta do dia. Do outro lado, Braskem (BRKM5), Totvs (TOTS3) e Lojas Americanas (LAME4) puxaram as perdas.
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O BNDESPar, braço de investimentos em participações do BNDES, vendeu cerca de 40 milhões de ações Vale (VALE3) em um block trade na B3 nesta tarde, gerando um volume financeiro de 2,5 bilhões de reais (cada papel foi vendido a 63,62 reais), segundo informações do site Brazil Journal. Ainda segundo o site, a venda foi feita pela corretora do Bradesco e o Morgan Stanley intermediou a maior parte da compra.
Os papéis da companhia estavam sendo negociados com alta de cerca de 0,6%, quando entraram em leilão às 14h e só foram sair às 14h30. Olhando para o gráfico de um minuto da ação (imagem abaixo), é possível ver o momento exato da operação, com expressivo aumento no volume financeiro no instante em que as negociações com a ação são retomadas. Mesmo com o fluxo vendedor, as ações da mineradora fecharam em alta de 2,64% nesta sessão, cotadas em 64,92 reais, renovando recorde histórico na Bolsa.
VALE3 - gráfico de um minuto
Em agosto, o BNDES já havia se desfeito na Bolsa de 8 bilhões de reais em papéis da companhia, no maior block trade da história da América Latina, segundo disse, na época, Gustavo Montezano, presidente do banco estatal.
Os papéis da Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) dispararam até 11% e encabeçaram os ganhos do Ibovespa, com notícia promissora de vacina contra covid-19. No caso de Azul, em meio ao bom humor, investidores deixam em segundo plano o balanço do terceiro trimestre da companhia, reportado nesta manhã. A empresa teve prejuízo líquido de 1,23 bilhão de reais no período, ante perda de 550,5 milhões de reais no mesmo trimestre de 2019. O prejuízo líquido ajustado, que exclui eventos não recorrentes, ganhos e perdas com marcação a mercado e variação cambial, foi de 1,22 bilhão de reais, contra lucro de 145 milhões de reais no ano passado. A receita líquida teve queda de 73% no trimestre, na mesma base de comparação, indo para 805,3 milhões de reais, abaixo das estimativas da Bloomberg.
Em teleconferência sobre o balanço, o presidente da companhia, John Rodgerson, disse que vê tendências positivas da demanda por voos após o feriado de 7 de setembro no Brasil e que espera que a capacidade dobre no quarto trimestre em relação ao terceiro. Para a demanda corporativa, ele vê entre 75% e 80% da demanda recuperada até julho do próximo ano.
Também impulsionada por expectativa de uma vacina, as ações da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3) subiram 8,05%, aparecendo como a terceira maior alta do índice.
A Petrobras (PETR3; PETR4) viu suas ações ordinárias se valorizarem 3,24% e as preferenciais, 2,92, acompanhando também a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato Brent, negociado em Londres e usado como referência para a estatal, subiu 2,8%, com expectativas de que a Opep+ segure uma menor produção da commodity no que que vem para sustentar os preços. No mesmo setor, PetroRio (PRIO3) avançou 1,9%.
As ações dos bancos também voltaram a registrar fortes valorizações hoje, com Santander (SANB11) avançando mais de 7%. Brasdesco (BBDC3; BBDC4) registrou alta de mais de 4% e Itaú (ITUB4), mais de 3%. Banco do Brasil (BBAS3) subiu 2,6%.
Em pontos, Itaú e Bradesco PN foram a segunda e terceira maior contribuição positiva para o índice hoje, atrás apenas de Vale.
Em meio à expectativa com uma vacina, as ações de e-commerce, que acumulam forte valorização no ano, voltaram a cair, com investidores buscando por papéis que ficaram mais atrasados nessa crise. B2W (BTOW3) e Magazine Luiza (MGLU3) recuaram cerca de 1%. Via Varejo (VVAR3) registrou leve baixa de 0,17%.
No lado de tecnologia, Totvs (TOTS3) caiu 2,45%, figurando como a segunda maior queda do Ibovespa. No radar da empresa, o mercado repercute também a informação de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu que fundadores da Linx (LINX3) votem na assembleia geral extraordinária convocada para amanhã para decidir sobre a proposta da StoneCo para aquisição da empresa. “Considerando que os fundadores da Linx detêm 14% do capital da empresa e que eles são favoráveis à operação com a StoneCo, o fechamento da transação torna-se cada vez mais provável, mas não significa que será fácil. Há pedidos de adiamento da assembleia prevista para amanhã. Além disso, a própria Totvs - rival da StoneCo na disputa - pode tentar mobilizar mais minoritários e tentar barrar a aprovação”, dizem os analistas da Exame Research.
Os papéis da Linx (LINX3), que são negociados fora do Ibovespa, caíram 4,92% na sessão, para 35,56 reais.
A Cosan (CSAN3) avançou 1,90% após balanço do terceiro trimestre. Segundo analistas da Exame Research, os resultados da empresa mostraram uma evolução em relação ao segundo trimestre, especialmente na distribuição de combustíveis - uma tendência que já tinha sido mostrada por Ultrapar (UGPA3, +3,24%) e BR Distribuidora (BRDT3, +1,30%). “Essa tendência de recuperação na Raízen Combustíveis pode animar o mercado, apesar dos dados piores na comparação anual”, comentaram. A Cosan reportou lucro líquido de 303,8 milhões de reais no terceiro trimestre, 62,9% a menos do que os 818,9 milhões de reais do mesmo período de 2019.
Para os analistas do Credit Suisse, o resultado da companhia veio robusto, entregando uma recuperação quase que completa em todas as frentes versus um segundo trimestre fraco. O Ebitda consolidado de 1,7 bilhão de reais, 8% na comparação com o ano anterior, bateu as estimativas do banco em 6%, com surpresa positiva de Moove e Energia, comentam. No caso da última linha do balanço, eles dizem que o lucro líquido foi negativamente impactada por resultados financeiros dado a depreciação do real na parte exposta da dívida e os ativos marcados a mercado incluindo Rumo e Cosan Logística. Eles também destacam os números da Raízen Combustíveis, que "provou que a indústria de distribuição de combustíveis tem de fato se recuperado da queda do segundo trimestre". Porém, apontam que as margens ainda precisam melhorar para atender as expectatiavs do mercado já que estão no mesmo nível dos seus pares.
As ações da Cemig (CMIG4) subiram 3,8% após reportar Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado de 1,46 bilhão de reais no terceiro trimestre, contra número negativo de 172 milhões no ano passado e acima do consenso do mercado. O lucro líquido somou 545,4 milhões de reais, revertendo prejuízo líquido de 281,8 milhões no mesmo período de 2019 e também acima das projeções. Segundo analistas do Safra, o resultado da companhia veio melhor do que o esperado, destacando iniciativas de redução de custos e desinvestimentos de ativos não essenciais como uma agenda positiva para a empresa. O banco tem recomendação de compra para a ação. "No geral, Cemig é uma opção de alto beta em um bom ponto de entrada", comentam.
A CVC (CVCB3) subiu mais de 1% apesar de ter reportado prejuízo líquido de 215,6 milhões de reais no terceiro trimestre, revertendo lucro líquido de 13,2 milhões de reais em igual período de 2019. Segundo a empresa, a perda reflete os impactos das restrições provocadas pela pandemia de covid-19 nas suas atividades operacionais.
O Credit Suisse iniciou hoje cobertura das ações da Hidrovias do Brasil (HBSA3), com recomendação outperform, equivalente a compra, e preço-alvo de 9,50 por ação, o que representa um potencial de valorização de 51% frente ao fechamento de sexta-feira.
Os papéis recuaram 1,6% hoje e, desde o IPO, no fim de setembro, acumulam queda de cerca de 15% na Bolsa.
Outra novata na Bolsa, a Sequoia Logística (SEQL3), que passou a ser negociada na B3 há cerca de um mês, teve cobertura iniciada pelo Morgan Stanley, com recomendação overweight, também equivalente a compra, e preço-alvo em 21,00 reais, o que implica um potencial de valorização de 31% em relação ao último fechamento. Na sessão, os papéis da companhia subiram 2,50%, cotados em 16,40 reais.