Destruição em Mariana (MG) após rompimento de barragem da Samarco (Ricardo Moraes/REUTERS)
Anderson Figo
Publicado em 4 de maio de 2016 às 18h43.
São Paulo - A mineradora Vale (VALE3, VALE5) via suas ações despencarem na Bovespa nesta quarta-feira (4), afetadas pela indenização bilionária pedida pelo Ministério Público Federal à Samarco e suas donas.
Os papéis preferenciais da Vale chegaram a perder até 6,57% ao longo do dia, mas fecharam em baixa de 5,34%, a R$ 13,83 cada um.
Já os ordinários terminaram a quarta-feira com desvalorização de 6,75%, a R$ 17,40, depois de terem cedido 7,82% na mínima da sessão. O Ibovespa teve alta de 0,56%, ajudado por bancos.
O tombo da mineradora também pesou sobre a Bradespar, que possui participação na companhia. As ações da Bradespar recuaram 3,75%, para R$ 7,69 cada uma.
Nos Estados Unidos, os ADRs (recibos de ações negociados nas Bolsas americanas) da Vale chegaram a cair mais de 7% hoje.
O Ministério Público Federal entrou ontem com uma ação civil pública contra a Samarco e suas controladoras ---a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.
O MPF pede reparação de danos com valor estimado em R$ 155 bilhões devido ao rompimento da barragem do Fundão, operada pela Samarco em Minas Gerais, em novembro do ano passado.
A tragédia deixou mortos e desaparecidos, além de ter contaminado o Rio Doce, no que foi classificado como o maior desastre ambiental do país.
O valor foi baseado no acordo de recuperação de um vazamento em uma plataforma de petróleo da BP (British Petroleum) no Golfo do México em 2010.
"O objetivo dos procuradores é que esse valor seja gasto pelas empresas em até 18 anos, ou seja, a decisão final deve demorar muitos anos. Portanto, um maior impacto ainda está por vir", disse Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, em relatório.
A equipe de análise da Rico Corretora ressaltou que o processo também indica como corresponsáveis pela tragédia a União e os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.
"O valor pedido pelo MPF é quase oito vezes superior à estimativa de gastos de R$ 20 bilhões do acordo fechado entre União, os dois estados e as mineradoras. O termo ainda não foi homologado pela Justiça. O MPF já informou que não pretende aceitá-lo", disse.
"A justificativa é que o acerto entre o poder público esgotaria a possibilidade de que outras ações fossem impetradas contra as mineradoras. A Advocacia Geral de Minas Gerais nega haver essa característica no acordo", completou a corretora em relatório.
Atualizado às 17h30.