Mercados

Usiminas reduz prejuízo e ações disparam mais de 12%

De abril a junho, a companhia teve prejuízo de 22 milhões de reais, sexto prejuízo trimestral consecutivo mas acima da melhor das expectativas


	Trabalhadores em unidade de produção da Usiminas:  empresa estima investir 800 milhões de reais no segundo semestre, encerrando o ano em 1,2 bilhão de reais
 (Kiko Ferrite/EXAME)

Trabalhadores em unidade de produção da Usiminas:  empresa estima investir 800 milhões de reais no segundo semestre, encerrando o ano em 1,2 bilhão de reais (Kiko Ferrite/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2013 às 17h18.

São Paulo - A Usiminas teve prejuízo líquido muito menor que o esperado pelo mercado no segundo trimestre e sinalizou que a melhora gradual de sua margens veio para ficar, fazendo as ações da maior produtora de aços planos do país dispararem mais de 12 por cento nesta sexta-feira.

De abril a junho, a companhia teve prejuízo de 22 milhões de reais, o sexto prejuízo trimestral consecutivo, porém o número superou a melhor das estimativas dentre os seis analistas consultados da Reuters.

As estimativas do mercado variaram de 31 a 402 milhões de reais, após a companhia ter tido prejuízo de 87 milhões de reais um ano antes e de 123 milhões de janeiro a março.

Além da melhora na última linha, a Usiminas espera que sua margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) se mantenha em dois dígitos nos próximos trimestres, disse o diretor financeiro da companhia, Ronald Seckelmann, em teleconferência a analistas. No segundo trimestre, a margem foi de 13,6 por cento.

"A princípio, não há nenhuma razão para dizer que isso não possa continuar", disse o executivo.

A previsão ocorre em meio a contínuos esforços de corte de custos da empresa, venda de ativos não essenciais e estabilidade de preços de aço no Brasil, que proporciona mais rentabilidade do que exportações e foi destino de 91 por cento das vendas no período, ante 70 por cento em igual etapa de 2012.

"Os resultados vieram melhores que o consenso do mercado, principalmente na margem operacional, que pode resultar em revisões para cima de previsões de lucro nos próximos trimestres", disse Juliana Chu, analista da Votorantim Corretora, em relatório a clientes.

Apesar disso, analistas incluindo Leonardo Correa, do HSBC Securities, afirmaram que a fraqueza da economia brasileira e a resistência de clientes e distribuidores a aumentos de preços de aço podem ameaçar a recuperação da Usiminas.

Mas o diretor comercial da siderúrgica, Sérgio Leite, afirmou que a tendência de preços de aço no Brasil para o terceiro trimestre é de estabilidade a ligeira alta entre 1 e 1,5 por cento, com as vendas de aços planos do setor como um todo avançando em ritmo anualizado de 3 por cento.

A Usiminas teve resultado operacional medido pelo Ebitda de 441 milhões de reais no trimestre, melhor resultado para esta linha desde o terceiro quarto de 2010 e salto de 90 por cento na comparação anual. Já a receita subiu pela primeira vez em três trimestres, apoiada em aumentos de preços no início do ano. Além disso, os custos de produtos vendidos caíram quase 8 por cento.


A desvalorização do real ante o dólar, de cerca de 10 por cento no segundo trimestre, foi o ponto negativo do balanço, ao pesar sobre as despesas financeiras em moeda estrangeira.

A empresa estima investir 800 milhões de reais no segundo semestre, encerrando o ano em 1,2 bilhão de reais.

Mineração

Diante da melhor performance recente da Usiminas, analistas têm considerado a empresa como uma das favoritas à compra do Porto do Sudeste, como forma de obter um meio eficiente para escoar sua produção de minério de ferro para o exterior.

Porém, Seckelmann afirmou na teleconferência que "não há nenhuma iniciativa concreta da Usiminas ou em conjunto com outros grupos sobre essa eventual alienação".

O Porto do Sudeste está sendo construído pela mineradora MMX do empresário Eike Batista, que enfrenta dificuldades de financiamento e afirmou no final de junho que mantinha negociações para venda de ativos.

Executivos da Usiminas reafirmaram que a empresa mantém contrato de longo prazo para escoar sua produção de minério de ferro e que qualquer que seja o comprador do porto da MMX, ele terá de cumprir as obrigações acertadas com a siderúrgica.

Seckelmann afirmou ainda que a Usiminas deve decidir no fim do ano sobre a segunda fase do projeto de expansão da capacidade de produção de minério de ferro. "Não há indicação no momento de que esse projeto não seja atraente. Ele agrega valor à Mineração Usiminas. Não há indicação de que não faremos este projeto." O diretor de subsidiárias da Usiminas, Paolo Bassetti, disse que a empresa não tem expectativa de exportações de minério de ferro no segundo semestre, uma vez que os portos da Vale e da rival CSN "não têm espaço" para os embarques da siderúrgica mineira.

Porém, o executivo disse que a Usiminas mantém perspectiva de vendas entre 6 milhões e 6,5 milhões de toneladas de minério em 2013, após um primeiro semestre em que as vendas somaram 2,71 milhões de toneladas. "O mercado local está bastante aquecido e estamos aproveitando esse aquecimento", disse o executivo.

Às 16h42, a ação preferencial classe A da Usiminas disparava 13,2 por cento na bolsa paulista. No mesmo instante, o Ibovespa subia 0,34 por cento.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas japonesasMineradorasPrejuízoSiderurgiaSiderurgia e metalurgiaSiderúrgicasUsiminas

Mais de Mercados

B3: estrangeiros retiram na Super Quarta metade do valor sacado no mês

Iene em alta e dólar em queda: por que a desvalorização do dólar deve se acelerar, segundo a Gavekal

Do campo à Faria Lima, dívida da Agrogalaxy passa de R$ 4,5 bilhões

"Emergentes podem voltar a ser os queridinhos do mercado", diz Luiz Fernando Araujo, da Finacap