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UOL dá adeus à Bovespa com queda de 5,5% em sua jornada

Controlador oferece 1 real a menos do que o valor da ação vendida em 2005, no IPO

No mesmo período, o principal índice de ações da bolsa brasileira ganhou 66,8% (Alexandre Battibugli /INFO)

No mesmo período, o principal índice de ações da bolsa brasileira ganhou 66,8% (Alexandre Battibugli /INFO)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2011 às 18h26.

São Paulo – O investidor que comprou as ações do UOL (UOLL4) em dezembro de 2005, em sua estreia na Bovespa, e que as vender agora na saída da empresa da bolsa irá perder 5,5% do capital aplicado. Isso acontece porque os papéis foram vendidos a 18 reais na oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e agora serão recomprados pelo acionista controlador, a Folhapar, por 17 reais, cinco anos e meio depois. No mesmo período, o Ibovespa – principal índice de ações da bolsa brasileira - ganhou 66,8%.

O Bradesco BBI, banco de investimentos contratado para avaliar as ações do UOL na OPA (Oferta Pública de Aquisição) da Folhapar, chegou a um valor ainda menor, de 16,83 reais. Mesmo assim, a controladora confirmou a intenção de realizar a oferta preço de 17 reais, com reajuste pela Selic a partir de 26 de julho, data do lançamento da oferta. Em 1º de agosto, um grupo que detém aproximadamente 70% das ações enviou uma carta para a Folhapar para pedir um preço mais atraente na oferta. Mas não adiantou.

Na carta, os gestores afirmam entender a decisão de promover o fechamento do capital, entretanto, pedem que o preço ofertado reflita uma avaliação justa. “De acordo com a nossa avaliação, entendemos que o preço proposto por ação de R$17,00 não representa um valor justo para as ações da companhia”, explicam. Segundo eles, o valor precisaria considerar as perspectivas de crescimento e de geração de caixa, “as sinergias originadas nas suas aquisições, múltiplos de transações comparáveis, múltiplos de mercado, assim como demais fatores relevantes que afetem o seu valor”.

Mudanças

O UOL que chegou à bolsa em 2005 é muito diferente daquele que pode dar adeus em 2011. Na época, a empresa era essencialmente um provedor de internet com 80% da receita ligada às assinaturas, enquanto os 20% restantes vinham da publicidade. À época, os provedores cobravam muito mais do que o 1 real pedido hoje pela Globo.com ou até a gratuidade em alguns casos.

No primeiro semestre de 2011, por exemplo, essa relação chegou a 65% para publicidade e 35% para as assinaturas. O UOL, contudo, mudou o seu perfil de atuação após a compra da PlugIn em 2007 e da Diveo em 2010 por aproximadamente 700 milhões de reais. A aquisição da Diveo, focada em hosting corporativo, encerrou ainda os questionamentos dos investidores para as razões que fizeram a empresa carregar um caixa quase bilionário durante anos, isso sem distribuir o lucro para os acionistas.

Analistas do Credit Suisse projetavam no final de junho que o UOL, após finalizar sua fase de investimentos em datacenters (prevista para ocorrer entre este ano e 2012) com o intuito de ampliar sua participação de mercado de serviços de infraestrutura de tecnologia da informação, poderia ampliar seu lucro líquido em 20% a partir de 2013, na comparação com o ano anterior.

“Não consideramos essa oferta atraente já que o preço máximo da oferta está 19% abaixo da nossa visão de preço justo para as ações”, disseram Jacqueline Lison e Mateus Renault, da Fator Corretora, em um relatório publicado no final de julho. A Fator tem um preço-alvo de 21 reais para os papéis.

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