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Uma década após Lehman, investidor ainda evita ações de bancos

As ações financeiras, que estão 8% abaixo do pico de 2007, são o único grande grupo do índice S&P 500 que ainda não se recuperou completamente

Lehman Brothers: 10 anos de falência do banco (New York Daily News/Getty Images)

Lehman Brothers: 10 anos de falência do banco (New York Daily News/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 11 de setembro de 2018 às 16h47.

Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 12h39.

(Bloomberg) -- Dizem que o tempo cura todas as feridas. Mas os dez anos que passaram desde o colapso do Lehman Brothers não foram suficientes para que os investidores voltem a acreditar nos bancos.

Esta semana marca o 10° aniversário da falência do Lehman, um acontecimento que muitos consideram ter sido um catalisador da crise financeira global, mas os dados sobre os preços das ações e o posicionamento dos fundos sugerem que a aversão ao setor bancário não desapareceu.

As ações financeiras, que estão 8% abaixo do pico de 2007, são o único grande grupo do índice S&P 500 que ainda não se recuperou completamente do bear market.

Os gestores de recursos rejeitam o setor. Os bancos foram o setor mais evitado pelos hedge funds no fim de junho, e os fundos de investimentos diminuíram seus ativos para a menor quantidade em cinco anos, mostraram dados compilados pelo Goldman Sachs.

“Quanta gente torce pelo Bank of America e quanta gente torce pela Netflix?”, disse Jerry Braakman, diretor de investimentos da First American Trust em Santa Ana, na Califórnia. “Provavelmente, esta foi uma década perdida para os bancos no que tange à confiança.”

A importância dos bancos diminuiu no mercado em um momento de alta do S&P 500, que chegou a operar 80 por cento acima de seu pico registrado em 2007.

O setor financeiro, que antigamente era o maior e representava mais de um quinto do mercado, hoje está muito atrás da tecnologia. A crise dos imóveis em 2016 certamente doeu, mas só explica uma parte da diferença atual de 12 pontos porcentuais em relação à tecnologia.

As culpadas pelo desempenho decepcionante são as regulamentações e a mais fraca recuperação econômica de uma recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

Os requisitos de abandonar negócios arriscados e possuir mais ativos líquidos podem ter equipado melhor os bancos para aguentar abalos financeiros, mas os lucros sofreram. Ao mesmo tempo, o crescimento dos empréstimos foi inexpressivo e os juros permanecerem perto de pisos recorde, o que deu motivos aos pessimistas para se afastar.

“Não imaginávamos que a situação seria tão ruim como foi”, disse Phil Orlando, estrategista-chefe de mercados acionários da Federated Investors. “Não achávamos que o Federal Reserve demoraria tanto para normalizar a política. É provável que as taxas de juros excepcionalmente baixas que foram orquestradas pelo Fed tenham inibido a capacidade de geração de lucros das empresas financeiras.”

No começo do terceiro trimestre, hedge funds monitorados pelo Goldman Sachs tinham 10 por cento de seus ativos em ações financeiras, 4,5 pontos porcentuais abaixo da representação do grupo em um índice de referência.

Após preferirem os bancos em 2017 durante um confronto com hedge funds, os gerentes de fundos de investimentos agora estão entrando no páreo para abandoná-los. A ponderação média do setor nas carteiras em relação ao mercado caiu 1,1 ponto porcentual no segundo trimestre, o maior declínio entre 11 setores.

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