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Uma concorrente para a BM&FBovespa?

Nova bolsa no Brasil terá desafios, mas não é impossível, dizem analistas; Bolsa da Bahia, Sergipe Alagoas diz estar pronta para uma associação

BM%26F Bovespa (Germano Luders/EXAME.com)

BM%26F Bovespa (Germano Luders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2011 às 16h58.

São Paulo – Um grupo de investidores liderado pela gestora de recursos Claritas está articulando a criação de uma nova bolsa de valores no Brasil. A ideia, segundo reportagem publicada na edição de hoje do jornal Valor Econômico, é realizar uma associação com a Bats Global Markets, que poderia criar a plataforma de negociações, e com a Bolsa da Bahia, Sergipe Alagoas (Bovesba), por já dispor de parte dos documentos necessários para o ambiente de negociação de ações. O projeto, segundo o Valor, será administrado por Luiz Eduardo Zago, ex-diretor do Itaú.

“A Bovesba é enxuta, não tem passivos e está pronta para uma associação”, disse o superintendente, José Carlos Cerqueira Monteiro, para EXAME.com. Segundo ele, a nova plataforma poderia oferecer a negociação de ações e de outros registros. “Os custos seriam menores por uma bolsa menor. Os investidores poderiam operar com ações de outras bolsas e fazer arbitragem. A CVM permite tudo isso”, diz. Monteiro afirmou que a bolsa já está atualizando as exigências do regulador para se enquadrar nas exigências da instrução 461 (link para o documento em word). 

A bolsa ainda é mutualizada e os detentores dos títulos patrimoniais são as corretoras Macro, Catedral, Leandro & Associados, Millennium e Euroinvest. Não há ainda a certeza de que o projeto da Claritas passará, necessariamente, pela Bovesba. Segundo um ex-executivo de alto escalação da BM&FBovespa, seria mais rápido iniciar o projeto do zero do que pela Bovesba, devido às alterações que ainda precisam ser feitas para adequação às exigências do regulador.

Uma das principais barreiras para a criação de um mercado de ações alternativo à BM&FBovespa é a exigência de uma Clearing, responsável pela guarda, compensação e liquidação das operações. Hoje esse papel é desempenhado pela CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), que é uma empresa da BM&FBovespa. “Em 2009 a Bovespa reduziu os custos de transação e elevou os da clearing. Essas medidas foram desenhadas para dissuadir novos players de entrarem no mercado”, analisa Regina Longo Sanchez, do Itaú BBA, em relatório. Segunda ela, o fato da CBLC pertencer à BM&FBovespa é “uma clara barreira de entrada”.

“A criação de uma nova Clearing demoraria muito tempo. A saída, então, seria ser cliente da CBLC. A CVM precisará garantir que eles não façam o uso da força do monopólio”, afirma o analista da ERDesk, Bernardo Mariano. “A notícia é muito ruim para a bolsa. Já tivemos rumores anteriores, mas esse parece mais concreto”, ressalta Mariano. “É uma questão de tempo para que a concorrência aconteça”, explica Marcos Elias, da Empiricus. Ele lembra ainda que antes da desmutualização da Bovespa eram poucos que acreditavam que a bolsa poderia passar a ser avaliada em bilhões de dólares.

"Recebi consultas de analistas que avaliam as bolsas de valores e também de pessoas interessadas em montar uma bolsa. Não damos incentivos, mas estamos abertos a qualquer proposta", disse Waldir de Jesus Nobre, superintendente de relações com o mercado e intermediários da CVM, em entrevista para EXAME.com, em maio de 2010. “É uma tendência mundial e a concorrência é inevitável. Os obstáculos são infraestrutura, produtos e, além disso, encontrar empresas com desejo de se listar”, afirma Elias. As ações da BM&FBovespa (BVMF3) chegaram a cair 3% hoje, a maior queda do Ibovespa. 

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