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Último dia para investir no IPO da Multilaser: vale a pena?

Período de reserva para participar da oferta termina hoje; estreia da empresa na B3 está prevista para o dia 19 de julho

Produção da Multilaser em Extrema | Foto: Germano Lüders/ Exame (Germano Lüders/Exame)

Produção da Multilaser em Extrema | Foto: Germano Lüders/ Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 14 de julho de 2021 às 06h05.

O pequeno investidor que quiser investir na Multilaser tem até esta quarta-feira, 14, para participar do IPO da companhia, que atua no segmento de informática e eletrônicos. A oferta pública inicial de ações pretende captar 1,96 bilhão de reais. O valor considera o preço de 11,9 reais por ação – ponto médio da faixa indicativa, que vai de 10,8 reais a 13 reais por papel. 

O montante é quase 1 bilhão de reais superior ao captado por outros IPOs de empresas do setor em 2021. No primeiro semestre do ano, a Intelbras (INTB3) levantou 1,3 bilhão de reais, enquanto a Mosaico (MOSI3) e a Bemobi (BMOB3) captaram 1,2 bilhão de reais e 1,1 bilhão de reais, respectivamente.

No caso da Multilaser, todo o dinheiro captado com a emissão das 172,3 milhões de ações será destinado para o caixa da empresa, que pretende usar a maior parte do montante (44,4%) para o pagamento de dívidas. Outra parcela relevante, de 40,4%, será usada para fortalecer o próprio caixa e impulsionar o crescimento da empresa. Os 15,2% restantes estão reservados para potenciais aquisições. 

Investidores não institucionais têm até esta quarta-feira, 14, para participar da oferta. A precificação dos papéis acontece no dia seguinte, e as ações estreiam na B3 na segunda-feira, 19, sob o código MLAS3. Os investidores que quiserem participar do IPO precisam avisar sua corretora sobre quantos papéis gostaria de comprar no IPO e por qual preço. O valor mínimo para participar é de 3 mil reais, e o máximo, de 1 milhão de reais. 

Fundada em 1988, a companhia começou sua história no setor de reciclagem de cartuchos de impressoras. Hoje a Multilaser atua no desenvolvimento, fabricação, distribuição, venda e pós-venda de diversos produtos digitais, como tablets, smartphones, notebooks, pen drives e acessórios de computador. Com alto grau de diversificação, a companhia oferece mais de 5 mil produtos, e é a única a produzir chips de memória localmente.

Entenda o que os analistas pensam da oferta:

Ponto forte

A casa de análise Eleven Research recomenda participar do IPO, com um preço-alvo de 18 reais por ação. O valor representa um potencial de valorização (upside) de 51% em relação ao ponto médio da faixa indicativa, de 11,9 reais.

“Dentre as empresas com viés tecnológico dos IPOs de 2021, a Multilaser é sem dúvidas aquela com o mais vasto portfólio de produtos e áreas de atuação. Esta vasta gama de produtos é justamente um dos pilares por trás da trajetória de sucesso da empresa, pois lhe confere uma ampla diversificação de segmentos de atuação e, consequentemente, resiliência para se beneficiar de diferentes ciclos de consumo e tendências de mercado”, afirmam os analistas Eric Huang e Tales Granello, em relatório.

Outro ponto positivo destacado pela Eleven é a habilidade da Multilaser de se manter atualizada: foram 1.300 produtos lançados apenas no último ano. O ROIC (retorno sobre investimento) também foi classificado como elevado, estando em uma média de 28% entre 2018 e 2020. 

Fraqueza

A Suno, por outro lado, recomenda que os investidores fiquem de fora da oferta. A casa de análise reconhece que o resultado do primeiro trimestre de 2021 foi surpreendente – a receita da empresa praticamente triplicou no período, saindo de 479 milhões de reais para 1,4 bilhão de reais. O resultado do ROIC também foi visto com bons olhos. 

A cautela, no entanto, é justificada pelo alto impacto dos incentivos fiscais no resultado da companhia:  75% do lucro líquido do último ano foi gerado por incentivos. A Multilaser está sujeita a regimes especiais de tributação nos estados de Minas Gerais, Amazonas e Santa Catarina, que incluem o diferimento do pagamento do ICMS (importação) na aquisição de produtos importados e o crédito presumido de ICMS na venda de produtos fabricados e importados. 

“Caso alguns dos benefícios tributários que a companhia detém sejam reduzidos ou extintos, a Multilaser poderá sofrer um impacto relevante em seu lucro líquido. Tais riscos ficam mais concretos diante da possibilidade real de uma reforma tributária, o que pode alterar o atual regime seguido pela companhia”, afirmam em relatório os analistas João Daronco, Lincon Broedel e Tiago Reis.

A Suno estabeleceu um preço-alvo para a ação é de 12,66 reais para a Multilaser, o que representa um potencial de valorização de 6,38% em relação ao preço intermediário da faixa indicativa.

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