Sede da Petrobras (PETR3) (Sergio Moraes/Reuters)
O UBS BB publicou um relatório nesta terça-feira, 22, onde recomendou para seus clientes vender as ações da Petrobras (PETR3) e cortou o preço-alvo da estatal petrolífera brasileira em 53%.
"Estamos rebaixando a Petrobras para vender de comprar e cortando nosso preço alvo para R$ 22 por ação de R$ 47 por ação para PETR4, dado que esperamos uma próxima mudança na direção da empresa", explicaram os analistas do banco suíço, Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.
"Três pontos transformacionais estão nos levando a rebaixar o estoque: preço dos combustíveis, investimentos e despesas gerais. Nada disso está claro por enquanto; no entanto, os primeiros comentários da equipe de transição fornecem algumas informações e, olhando para o passado da Petrobras, nos tornamos substancialmente mais cautelosos", aparece no relatório.
No documento, o UBS lembra que iniciou a cobertura da Petrobras "com um tom positivo em 2016 e mantivemos uma visão favorável durante a maior parte desse período, com base em uma tese de três etapas: 1) uma mudança de dívida para patrimônio de melhores operações/FCF e desinvestimentos (com dívida bruta caindo de mais de US$ 120 bilhões para US$ 54 bilhões); 2) pagamentos significativos de dividendos (mais de US$ 47 bilhões desde o início de 2021); e 3) reclassificação potencialmente positiva. Seis anos se passaram e agora acreditamos que essas fases estão em caminho de reversão, com os próximos anos parecendo mais sombrios do que as alturas que a Petrobras atingiu".
O banco suíço salientou como não há definição da nova política de preços dos combustíveis por parte da companhia, e espera uma "compressão das margens". "Também achamos que existe um risco importante em investimentos mais altos, já que, no passado, a Petrobras não conseguiu diversificar a lucratividade do petróleo integrada não essencial, uma tendência que poderia retornar. Maiores investimentos e uma busca pela diversificação em renováveis e transição energética exigiriam que a Petrobras se tornasse "maior", e as despesas gerais (que haviam sido negligenciadas pelo mercado nos últimos anos) tornam-se uma preocupação. Além disso, significaria dividendos menores para os acionistas, e modelamos a Petrobras para pagar um payout de 25%, o mínimo estabelecido por lei", escreveram os analistas.
O UBS motivou sua recomendação de venda na base da "existência de mudanças significativas pela frente para a empresa". "Essas mudanças podem levar tempo e a direção ainda é incerta. No entanto, em nossa opinião, 2022 foi um pico para a Petrobras e vemos um potencial de queda material para o futuro da ação, ao qual o mercado não se ajustou", aparece no documento.
O documento do UBS chega no dia em que as ações da Petrobras são negociadas ex-dividendos. A estatal petrolífera pagará R$ 43,7 bilhões em dividendos, em duas parcelas, por um montante de R$ 3,35 por ação preferencial (PETR4) e ordinária (PETR3) em duas parcelas, no dia 20 de dezembro (R$ 1,67 por ação) e 19 de janeiro (R$ 1,67 por ação).
Além do UBS BB, o Itaú BBA (ITUB4) também expressou preocupações com a Petrobras, mesmo mantendo uma recomendação "marketperform", ou seja, com desempenho em linha com a média do mercado e o preço alvo em R$ 38.
“Acreditamos que uma possível mudança na política de preços da empresa pode resultar em impactos materiais (especialmente se uma proposta de política de preços baseada no custo de produção avançar). Considerando a falta de clareza quanto ao futuro da política de preços da empresa, acreditamos que isso é um grande risco para a história de investimento da Petrobras. Reiteramos nossa recomendação de marketperform para a ação, enquanto aguardamos mais clareza sobre o futuro da empresa, especialmente no que diz respeito as diretrizes para política de preços e alocação de capital”, escreveram os analistas em relatório sobre a Petrobras.