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UBS concorda com compra do Credit Suisse e aumenta oferta para mais de US$ 2 bilhões

A aquisição representaria algo em torno de 50 centavos de francos suíços por ação, bem abaixo do fechamento das ações do Credit Suisse na sexta-feira, 17

Credit Suisse (C1SU34) (Fabrice Coffrini/AFP)

Credit Suisse (C1SU34) (Fabrice Coffrini/AFP)

Publicado em 19 de março de 2023 às 14h14.

Última atualização em 19 de março de 2023 às 15h04.

O UBS, um dos maiores bancos da Suíça e da Europa, concordou com a compra do concorrente Credit Suisse, que ficou sob o holofote do mercado nos últimos dias. A aquisição seria por mais de US$ 2 bilhões ou algo em torno de 50 centavos de francos suíços por ação, bem abaixo do fechamento das ações do Credit Suisse na sexta-feira, 17, quando terminaram a 1,86 francos suíços. As informações são do jornal britânico Financial Times.

Segundo o jornal, fontes próximas com à operação disseram que o governo suíço, e a direção dos dois bancos correm para fechar o acordo antes da abertura dos mercados asiáticos. Por isso, a assinatura da aquisição pode sair na noite deste domingo.

Mas todo o processo é complexo. Ainda de acordo com pessoas ouvidas pelo Financial Times, a aquisição traz questões de governança à tona. Parte do acordo passa pelo abrandamento de uma cláusula de alteração material adversa que o anularia se seus spreads de inadimplência de crédito aumentassem. Além disso, parte dessas mudanças nas cláusulas impediriam os votos dos acionistas do UBS.

Vincent Kaufmann, executivo-chefe da Fundação Ethos, que representa os fundos de pensão suíços que possuem entre 3% e 5% do Credit Suisse e do UBS, disse ao Financial Times que a decisão de contornar o voto dos acionistas no acordo foi uma má governança corporativa.

“Não acredito que nossos membros e acionistas do UBS ficarão felizes com isso”, disse ele. “Nunca vi tais medidas tomadas; isso mostra o quão ruim é a situação.”

Uma pessoa com conhecimento das negociações disse à agência de notícias Reuters que o UBS estava buscando US$ 6 bilhões do governo suíço como parte de uma possível compra de seu rival.

As garantias que o UBS está buscando cobririam o custo da liquidação de partes do Credit Suisse e possíveis acusações de litígio, disseram duas fontes à agência de notícias.

O que pode acontecer se o Credit for vendido ao UBS?

Kian Abouhossein, do JPMorgan, prevê que, se o UBS assumisse o Credit Suisse, faria uma IPO da CS Swiss, fecharia o banco de investimento do Credit Suisse e manteria os braços de gerenciamento de ativos e patrimônio.

Segundo fontes ouvidas pelo FT, o UBS encolherá drasticamente o banco de investimentos do Credit Suisse, de modo que a entidade combinada não representará mais do que um terço do grupo resultante da fusão.

Em relatório da semana passada, porém, o analista do JP Morgan diz que fechar o banco de investimento do Credit Suisse implicaria 9,7 bilhões de francos suíços em custos de reestruturação, embora rendesse algo em torno de 64 bilhões de francos suíços.

O governo está preparando medidas de emergência para acelerar a aquisição e planeja introduzir uma legislação que contornará o período normal de consulta de seis semanas exigido para que o acordo possa ser selado imediatamente.

A estrutura do acordo foi projetada pelos reguladores suíços para fornecer estabilidade máxima ao sistema bancário do país, disseram pessoas informadas sobre o assunto. As autoridades suíças já garantiram a pré-aprovação dos reguladores relevantes nos EUA e na Europa, que devem emitir declarações coordenadas hoje.

O UBS está buscando concessões e proteções do governo, particularmente de quaisquer processos legais pendentes e investigações regulatórias sobre o Credit Suisse que possam resultar em multas ou prejuízos, informou o FT. No entanto, é improvável que receba indenização por quaisquer perdas em ativos, disse uma das pessoas envolvidas.

O UBS também quer ter permissão para introduzir gradualmente quaisquer demandas extras que enfrentaria sob as regras globais de capital que regem os maiores bancos do mundo.

Por que o Credit Suisse está em crise?

Depois do pânico gerado pela falência do SVB, foi a vez do Credit Suisse adicionar doses de preocupação ao mercado. Na terça-feira, 14 de março, o banco afirmou ter encontrado “fraqueza material” em seus balanços e descartou o pagamento de bônus a executivos após o pior desempenho anual da instituição desde a crise financeira global.

Mas a verdade é que desde 2022, o banco já vem fazendo cortes de custos, o que incluiu fechamento de postos de trabalho. Em 2021, o banco sofreu uma perda de R$ 5,5 bilhões, relacionada ao fundo Archegos Capital Management. O banco também sofreu perdas bilionárias com o Greensill.

Agora, em março de 2023, Securities and Exchange Commission (SEC), que é a CVM dos EUA,  apresentou questionamentos sobre a evolução do fluxo de caixa de 2019 e 2020.

*Com informações de Reuters e Financial Times

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