Logo do Twitter é exibido em telão da bolsa de Nova York: rede valorizou-se 73%, maior salto em um dia para uma abertura de mais de US$ 1 bilhão desde 2007 (Brendan McDermid/Reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 16h17.
Nova York - O episódio era familiar: uma companhia de rede social muito popular que abria seu capital a investidores amontoando-se para comprar suas ações. Contudo, o resultado da abertura de capital da Twitter Inc. foi bem diferente daquele do Facebook, ressaltando o delicado ato de equilíbrio na hora de fixar preços para as aberturas.
Ontem, a Twitter valorizou-se 73 por cento, o maior salto em um dia para uma abertura de mais de US$ 1 bilhão desde 2007, segundo dados compilados pela Bloomberg. A companhia recebeu até 30 vezes mais pedidos das ações que ofereceu no preço inicial de US$ 26, conforme uma fonte do setor. Em comparação, a Facebook apenas se mexeu na sua estreia e recuou 11 por cento no seguinte dia de operações.
A dicotomia destaca a dificuldade para reconciliar as duas principais metas de uma abertura de capital: arrecadar a maior quantidade possível de dinheiro para a companhia e garantir um bom crescimento para os investidores no primeiro dia de operações. Com o fracasso da Facebook no seu primeiro dia e a posterior queda no restante do ano ainda frescos na mente, a Twitter e seus banqueiros optaram por um preço de abertura que fosse ultrapassado rapidamente, evitando a rejeição dos investidores, da qual a Facebook está se recuperando somente agora.
“É muito natural para mais um caso de alta visibilidade como esse que eles prefiram pecar por precavidos”, disse Bill Hambrecht, presidente do conselho e fundador da WR Hambrecht + Co. “Ninguém quer confusão como no caso da Facebook, porque isso afeta a todos”.
A Twitter arrecadou US$ 2,09 bilhões com sua oferta, incluindo uma opção de compra adicional. O Goldman Sachs Group Inc. administrou a venda com a ajuda de companhias como a Morgan Stanley e a JPMorgan Chase Co. Excluindo a compra adicional, elas dividirão cerca de US$ 59,2 milhões pela gestão da abertura após aceitarem uma das menores taxas para uma venda de ações nos EUA neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Jim Prosser, porta-voz da Twitter, não quis fazer comentários sobre as técnicas de preços. Representantes do Goldman Sachs, JP Morgan e Morgan Stanley também não quiseram fazer comentários.
Patamar mais alto
Antes que o serviço de microblogging começasse sua turnê de apresentação na semana passada com a gestão e os assinantes, a Twitter estabeleceu uma faixa de preços entre US$ 17 e US$ 20. Em 4 de novembro, a companhia elevou esse patamar para entre US$ 23 e US$ 25 após atraer mais do que suficiente interesse para vender todas as ações na oferta, afirmaram fontes do setor naquela época. Em 6 de novembro, a Twitter, sediada em San Francisco, estabeleceu o preço das ações em US$ 26, acima da faixa aumentada.
A Facebook incrementou o número de ações vendidas e elevou a faixa de preços antes da sua oferta, realizada no ano passado. As ações com o preço no topo do patamar aumentado praticamente não mudaram de valor na estreia e depois caíram. Elas não voltaram ao nível da abertura até agosto deste ano. A oferta da Facebook também foi afetada por uma falha operativa do Nasdaq.
Jogo de preços
Deixar dinheiro na mesa valeu a pena para a Twitter, afirmou Moshe Cohen, professor de finanças e economia na Universidade de Colúmbia.
“Colocar o preço de uma abertura é um jogo”, disse Cohen. “Depois da Facebook, a Twitter precisava adotar uma atitude conservadora em relação ao preço. De outra forma, o risco do que poderia acontecer caso a abertura não desse certo teria sido alto demais”.
“Não acredito que o valor das ações deva impactar sobre o que a gestão fizer”, afirmou Deven Parekh, investidor da Twitter e diretor de gestão na Insight Venture Partners. “Eles simplesmente deviam proceder conforme a estratégia que adotaram. As empresas não podem gerenciar segundo o valor de suas ações”.