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Trump negocia com farmacêuticas para vender remédios de emagrecimento mais baratos

Acordos com as farmacêuticas Eli Lilly e Novo Nordisk incluiriam também a cobertura de seus medicamentos para perda de peso pelos programas Medicare e Medicaid

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 05h23.

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O governo de Donald Trump está em negociação com as farmacêuticas Eli Lilly e Novo Nordisk para viabilizar a venda das doses de alguns dos seus medicamentos de emagrecimento aos consumidores por US$ 149 por mês. Isso aconteceria por meio da rede TrumpRx. Os detalhes do possível acordo foram revelados pelo The Wall Street Journal.

Os acordos entre as farmacêuticas e a Casa Branca também incluiriam a cobertura desses medicamentos para perda de peso pelos programas Medicare e Medicaid, o que representaria um ganho relevante para as empresas do setor.

As negociações ainda não foram concluídas. Porém, se forem fechadas, o anúncio poderá ser feito por Trump na manhã desta quinta-feira, na Casa Branca, ao lado de executivos da indústria farmacêutica.

O acordo permitiria que o Medicaid cobrisse os medicamentos populares, porém de alto custo, classificados como GLP-1 (agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon) — entre eles os mais famosos Wegovy e Zepbound — para tratamento da obesidade. Também exigiria que o Medicare cobrisse os mesmos tratamentos para pessoas obesas com alto risco de desenvolver outras condições de saúde.

Como Trump entraria em cena?

A dose inicial do Wegovy, da Novo Nordisk, passaria a ser oferecida pela TrumpRx por US$ 149. A dose inicial do Zepbound, da Lilly, seria vendida por US$ 299 — US$ 50 abaixo do valor atualmente cobrado pela empresa para pacientes que adquirem diretamente no site da empresa.

Além disso, a Lilly disponibilizaria a dose inicial de seu medicamento para perda de peso, orforglipron, por US$ 149 via TrumpRx, caso o fármaco — que ainda está em fase de testes — receba aprovação da Food and Drug Administration (FDA).

O medicamento Ozempic, fabricado pela Novo Nordisk para diabetes, também poderá ser oferecido por meio da TrumpRx, segundo o WSJ.

Diante das negociações, a Lilly aguarda o aval da FDA sobre seu medicamento para obesidade.

Os acordos sob análise também envolvem compromissos das farmacêuticas de fornecer aos pacientes “soluções digitais” para motivar dieta e prática de exercícios.

Atualmente, os planos de benefícios para medicamentos do Medicare podem cobrir drogas para perda de peso quando usadas em indicações específicas para obesidade, como redução do risco de ataques cardíacos ou apneia do sono. Poucos estados estendem essa cobertura a medicamentos para perda de peso em seus programas Medicaid.

Uma porta-voz da Eli Lilly declarou que a empresa “está em negociações com o governo para expandir ainda mais o acesso dos pacientes, preservar a inovação e promover a acessibilidade dos medicamentos”

Já uma porta-voz da Novo Nordisk afirmou que a empresa “está em discussões construtivas com o governo” e busca tornar seus medicamentos mais acessíveis.

Em um comunicado, o Centers for Medicare & Medicaid Services (CMS) afirmou que Trump deseja tornar esses produtos mais acessíveis e que, assim que um acordo for firmado, o governo o anunciará.

Os medicamentos possuem preços de tabela entre US$ 1.000 e US$ 1.350 por mês. As empresas oferecem descontos tanto para seguradoras como para pacientes, incluindo valores à vista de cerca de US$ 499 por mês para pacientes que usam os serviços de compra direta das companhias.

Pauta governamental

Essa iniciativa faz parte das negociações que o governo Trump iniciou com grandes farmacêuticas em julho, numa tentativa de reduzir os custos dos medicamentos nos EUA. Até agora, Pfizer, AstraZeneca e EMD anunciaram acordos com o governo.

O secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., fez do combate à obesidade e às doenças crônicas um dos principais pilares de sua agenda “Make America Healthy Again” ("Tornar a América Saudável Novamente", em tradução livre). No entanto, no passado, ele expressou ceticismo em relação aos medicamentos GLP-1 e, no ano anterior, criticou a legislação para ampliar a cobertura desses fármacos, porque, segundo ele, isso “custaria cerca de US$ 3 trilhões”.

O diretor do CMS, Mehmet Oz, convenceu Kennedy a apoiar a expansão da cobertura ao mostrar estudos científicos sobre como os medicamentos podem prevenir doenças cardíacas e diabetes, além de dados sobre a consequente economia para o governo federal.

No mês passado, o presidente Trump afirmou que o “medicamento para perda de gordura”, ou Ozempic, da Novo Nordisk, poderia ser vendido aos americanos por US$ 150 ou “muito menos”, mas Oz antecipou-se e afirmou que as negociações ainda continuavam.

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