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Trump, Fed e déficit: o que explica a queda global de quase 10% do dólar em 2025

Incertezas sobre juros, pressão política e risco fiscal nos EUA ampliam queda da moeda americana

Publicado em 30 de junho de 2025 às 07h47.

Última atualização em 30 de junho de 2025 às 10h47.

O dólar acumula queda de quase 10% em 2025 e opera, nesta segunda-feira, 30, no menor nível em mais de três anos. A perda de força da moeda americana reflete a crescente desconfiança sobre a condução da política econômica dos Estados Unidos, as tensões entre o presidente Donald Trump e o Federal Reserve (Fed) e a expectativa de novos cortes de juros ainda neste ano.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas relevantes, caiu ao menor patamar desde março de 2022. A libra esterlina, por exemplo, voltou a ser negociada acima de US$ 1,37, enquanto o euro sobe 11,5% no acumulado do ano, atingindo o maior nível em quatro anos.

Boa parte dessa fraqueza cambial está relacionada à expectativa de que o Fed reduzirá os juros até o final do ano.

Ao mesmo tempo, as constantes pressões públicas de Trump sobre o presidente do Fed, Jerome Powell, alimentam dúvidas sobre a independência da autoridade monetária. Segundo o Wall Street Journal, Trump avalia anunciar o sucessor de Powell antes do fim do mandato, o que pode minar ainda mais a credibilidade da instituição.

“É difícil comprometer capital em um país onde não se sabe qual será a política econômica no mês seguinte”, disse Arun Sai, estrategista da Pictet Asset Management, à CNN.

As tarifas comerciais impostas pelo governo Trump também ajudam a explicar a fraqueza da moeda em 2025. Embora medidas protecionistas possam, em teoria, fortalecer o dólar ao reduzir o déficit comercial, a imprevisibilidade das decisões tarifárias em gerado incerteza entre investidores.

Analistas avaliam que a instabilidade gerada por essas declarações tem comprometido o status do dólar como moeda de “porto seguro”. O professor Barry Eichengreen, da Universidade da Califórnia em Berkeley, afirmou à CNN que o “errático” comportamento da Casa Branca tem dominado os mercados e alimentado uma crise de confiança.

A fragilidade fiscal dos EUA também pesa. O governo tenta aprovar o “One Big Beautiful Bill Act”, pacote de cortes de impostos e novos gastos, que pode elevar significativamente o déficit.

Investidores estrangeiros, que tradicionalmente buscam proteção no dólar, passaram a exigir maiores retornos para manter posições em títulos do Tesouro. Uma pesquisa do Bank of America revelou que gestores globais estão com a menor exposição ao dólar desde 2005.

Por outro lado, o cenário beneficia ativos considerados mais estáveis, como o ouro, que sobe 0,7% nesta manhã e acumula alta de 5,4% no trimestre, cotado a US$ 3.294,57 por onça.

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