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Trump anuncia demissão de diretora do Fed; caso pode parar na Suprema Corte

A recente decisão reacende o debate sobre a independência do Federal Reserve, frequentemente criticada por Trump

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 21h31.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira a demissão da diretora do Federal Reserve, Lisa Cook, em uma carta publicada em sua rede social Truth Social.

A decisão, sem precedentes, representa uma escalada nas críticas de Trump ao banco central norte-americano e deve desencadear uma disputa judicial, segundo a CNBC.

Segundo o comunicado, Trump afirma ter agido com base na autoridade conferida pelo Artigo II da Constituição dos EUA e pela Lei do Federal Reserve de 1913, que estabelece que a remoção de um governador do Fed só pode ocorrer “por justa causa”.

Motivações

A justificativa apresentada pela equipe de Trump envolve uma acusação de fraude hipotecária contra Cook, nomeada em 2022 pelo então presidente Joe Biden. A denúncia foi feita por Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, que alega que Cook teria declarado simultaneamente dois imóveis como residência principal. O Departamento de Justiça abriu investigação sobre o caso, liderada pelo procurador de indultos dos EUA, Ed Martin, segundo informações do Politico.

Cook negou as acusações e afirmou que não pretende renunciar ao cargo. “Não tenho intenção de ser intimidada a deixar minha posição por causa de questionamentos levantados em um tuíte”, declarou. Dois dias após a declaração, Trump reiterou que a demitiria caso não houvesse renúncia voluntária.

Disputa jurídica pode chegar à Suprema Corte

A medida deve levar o Federal Reserve a um cenário jurídico inédito. Caso a Justiça permita que Cook permaneça no cargo enquanto o processo se desenrola, o caso pode ser levado à Suprema Corte, segundo o New York Times. Se a demissão for validada, Trump poderá indicar um novo nome para o conselho do Fed, que tem mandatos de até 14 anos.

Atualmente, dois dos sete membros do conselho — Christopher Waller e Michelle Bowman — foram indicados por Trump. Uma terceira vaga foi aberta com a saída de Adriana Kugler, e o presidente já indicou Stephen Miran, presidente do Conselho de Assessores Econômicos, para ocupar o posto.

A recente decisão reacende o debate sobre a independência do Federal Reserve, frequentemente criticada por Trump, que já ameaçou demitir o presidente do banco, Jerome Powell, por não reduzir as taxas de juros. Em discurso recente no simpósio anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, na semana passada, Powell indicou que cortes nas taxas podem ser considerados, mas com cautela.

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